A aliança dos pervertidos em crise

Foto: Agência Brasil
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*Marcelo Seráfico

O Congresso se revela um entrave para as pretensões bolsonaristas. Isto porque Bolsonaro põe contra si a maioria dos parlamentares, os agentes do mercado e, cada vez mais, porções significativas dos que o elegeram.

Isola-se entre seus seguidores e se sustenta na possibilidade de acirrar os ânimos de sua tropa. Se o medo foi uma ferramenta para sua eleição, tornou-se um meio de governar.

Bolsonaro e os seus são pervertidos sem qualquer restrição em expor suas perversões em praça pública.


Por isso, considero que, apesar de ser muito grave ter um presidente assim, mais grave ainda é a existência de uma multidão que o apoia, pois significa termos milhões de pessoas entre nós desejosas de liquidar – objetiva ou metaforicamente – quem não se submeta a suas ideias e interesses.

Essa gente foi alimentada com os restos da ditadura militar, com a podridão da crise que não acaba e com a frustração dos governos do PT.

É uma gente que vê a sociedade como uma selva e, sobrevivendo em condições muito precárias, uns se julgam mais capazes para se adaptar se a lei do mais apto se impuser; outros não têm predadores e lhes basta nutrir e acompanhar a destruição nos estratos mais baixos e rebaixados da cadeia alimentar.

Esse encontro mórbido do lumpen com a classe média precarizada e a burguesia pariu Bolsonaro.

Criá-lo, porém, talvez seja tarefa impossível.

Somadas as perversões, alguém terá que ser sacrificado. O lumpen já era. Resta saber até quando a classe média e a burguesia aguentam submeter suas perversões às do presidente.

*Marcelo Seráfico é professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Amazonas

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