A coordenadora executiva da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), Sônia Guajajara, declarou que o movimento indígena reivindica participar da reconstrução do País num eventual Governo Lula e tem nomes para indicar a espaços do Executivo. Ela esclarece que o momento agora, inclusive pelo fato dos povos originários não terem sido priorizados por nenhum governo, não é apenas de entregar demandas e acreditar em Lula. Os indígenas querem participar da elaboração e execução de políticas públicas.
A declaração foi feita à rádio BandNews Difusora, em Manaus, durante entrevista nesta terça-feira, dia 19, ao comentar sobre o apoio ao pré-candidato Luís Inácio Lula da Silva (PT).
“Não é somente a gente apresentar, mas a gente quer participar diretamente das construções de políticas indígenas, do projeto do governo. A gente tem indígena preparado e a gente quer sim assumir a presidência da Funai, assumir as pastas, a Sesai (Secretaria de Saúde Indígena). Para além dos órgãos que já existem, temos também o ministério indígena, queremos sim que seja um ministro indígena para estar ali pautando”, declarou.
A API convidou Lula para o ATL (Acampamento Terra Livre) e entregou a ele uma carta aberta com as principais reivindicações atuais do movimento indígena, como retomada das demarcações,
Sônia Guajajara foi questionada, durante a entrevista, se entregaria a carta aberta com as demandas indígenas a outros pré-candidatos à presidência da República. Respondeu dizendo que é preciso apoiar Lula para derrotar Bolsonaro e restabelecer canais de diálogo entre governo e o movimento indígena. E disse que, “apoiar agora” não significa entregar documento e “acreditar” num eventual Governo Lula. Guajajara afirmou que os indígenas querem participar e continuarão mobilizados em defesa de seus direitos.
“Não há unanimidade. Nunca vai haver unanimidade quanto a nenhum presidente, governo porque é fato que nós indígenas nunca fomos prioridade para nem um governo. E o movimento indígena foi um dos mais combativos também nos governos Lula e Dilma, principalmente. Nós fomos mesmo para cima e o fato de apoiar, agora, não quer dizer que a gente vai entregar um documento e acreditar. Vamos continuar mobilizados. Vamos continuar cobrando agora a participação indígena na construção do projeto de País.”
A coordenadora executiva da API afirmou que os indígenas também querem ocupar espaços nas casas legislativas e que a entidade apoia e incentiva a candidatura de mulheres indígenas em todo Páis. “Mais de 26 nomes” estão sendo preparados para disputar vagas na Câmara dos Deputados e Assembleias Legislativas.
O foco, segundo Guajajara, são candidaturas com viabilidade e que consigam atrair votos de indígenas e de não indígenas.
“Não estamos fomentando quantidade. Queremos candidaturas que tenham potencial com outros segmentos e movimentos da sociedade. Porque somente o voto indígena não elege e não consegue eleger. Somos já mais de 25 mulheres indígenas confirmadas entre estadual e federal.”
Sônia Guajajara afirma que apoiar Lula não significa acreditar nele: “Vamos continuar mobilizados”
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