
O advogado Félix Valois declarou ao blog que as conjecturas a respeito do uso da estrutura da Prefeitura de Manaus para alterar a cena do crime de homicídio do engenheiro Flávio Rodrigues não podem ser usadas para atingir o cliente dele, o enteador do prefeito Arthur Neto (PSDB), Alejandro Valeiko.
Valois afirmou que a responsabilidade sobre a cena do crime é da polícia e, se algo foi alterado, a “falha” é da polícia e não “culpa” dos investigados.
“Isso é problema da polícia. A polícia é que tem que cuidar da cena do crime. Se ela não cuidou, é falha dela. Não venham atribuir ao meu cliente uma falha que não é dele. Ele não fez nada para alterar cena de crime nenhum. Essa é uma imputação que, evidentemente, a conotação política está aí. Só dizem isso porque ele é enteado do prefeito. Se não fosse, não diriam isso”, declarou o advogado.
Félix Valois, um dos mais experientes e respeitados advogados da área criminal no Amazonas, avaliou que o Caso Flávio não tem “nada de complexo” e a repercussão só tomou esta proporção em função de Alejandro ser enteado de Arthur Neto.
“Tem nada de complexo neste caso. Se o rapaz não fosse enteado do prefeito, isso não saia nem na quinta página do jornal. Não tem nada de complexo. Ele não matou ninguém. Teve a festa, muito bem, e infelizmente aconteceu o homicídio. Mas ele, meu cliente, não tem nada que ver com o homicídio”, declarou.
Sobre as alegações de doenças mentais para evitar a prisão de Alejandro que não conseguiram impedir o decreto de prisão temporária determinado pelo relator do caso , o desembargador José Hamilton Saraiva, Valois disse que a defesa vai trabalhar para reverter a prisão.
“Ele tem problema de saúde. Evidente que estamos trabalhando para ver se revogamos essa prisão”, disse.
O advogado disse que a prisão de Alejandro é desnecessária, não apenas pelas questões mentais, mas em função de não preencher as condições para o decreto de restrição de liberdade.
“Não é nem isso (problemas mentais). Fosse quem fosse, não há necessidade de prisão. Só se deve restringir a liberdade das pessoas quando isso é estritamente necessário e, no caso dele, não há essa necessidade. Ele não está atrapalhando nada. Não tem porque estar preso. Não foi condenado. Não há nem acusação contra ele. Então, para quê prender?”, questionou.
O desembargador José Hamilton Saraiva dos Santos afirmou que “fatos concretos evidenciam” participação do enteado do prefeito de Manaus, Arthur Neto, Alejandro Valeiko, 29, no assassinato do engenheiro Flávio Rodrigues, 42.
Felix Valois disse que a repercussão do caso não preocupa a defesa e a possível influência do tribunal do júri a partir da opinião pública.
“Claro que não. Vamos trabalhar com os fatos. Não sei como será feita a acusação. Quando for feita a acusação, vamos trabalhar a defesa”, declarou.
Caso Flávio Rodrigues
Flávio foi encontrado morto num terreno no bairro Tarumã, com marca de seis facadas na costas, perna e barriga, horas após se reunir no dia 29 de setembro com outros homens na casa de Alejandro Valeiko. A casa de Alejandro foi o último local que Flávio foi visto vivo antes do homicídio.
O desembargador José Hamilton Saraiva dos Santos afirmou, na decisão que determinou prisão temporária de 30 dias para Valeiko no dia 7 de outubro, que “fatos concretos evidenciam” participação dele no assassinato do engenheiro.
Elizeu da Paz foi considerado pelo delegado do 19º Dip (Distrito Integrado de Polícia), Aldeney Goes Alves, que iniciou as investigações e fez os pedidos de prisão, como suspeito de “autoria ou participação” no homicídio do engenheiro Flávio Rodrigues e que pode ter usado veículo do executivo municipal no crime.
Elizeu é policial militar lotado na Casa Militar da Prefeitura de Manaus. A defesa de Elizeu nega a acusação.
A polícia também pediu prisão temporária de Vittorio Del Gato (cuidador de Alejandro), Elizeu da Paz Souza (policial lotado na Casa Militar), Mayc Vinícius Teixeira Parede (amigo do policial), José Evandro Martins de Souza Júnior e Elielton Magno de Menezes Gomes Júnior. Os dois últimos estavam na casa de Alejandro, no dia do homicídio.
Foto: Fato Amazônico.