
* José Alcimar de Oliveira
Pensadora que pontifica entre os clássicos da tradição marxista, filósofa e economista, ROSA LUXEMBURGO foi assassinada há 101 anos, em 15 de janeiro de 1919, na cidade de Berlim.
Sobre esta grande mulher – “a Rosa Vermelha do Socialismo” -, que soube combinar militância revolucionária e trabalho intelectual, Paul Israel Singer escreveu:
“A independência de espírito foi, sem dúvida, sua marca registrada. Mas, além disso e sobretudo, uma profunda identificação com as massas trabalhadoras, uma total dedicação aos oprimidos e explorados, um ódio mortal à injustiça, um desprezo ilimitado pela auto-suficiência do burocrata, sobretudo do burocrata acomodado que, a pretexto de servir os trabalhadores, deles se serve”.
Sobre esta ROSA VERMELHA, sem a qual o jardim da militância tornar-se-á pálido e desolado, também escreveu Koestler: “Depois de Rosa Luxemburgo, nunca mais surgiu homem ou mulher dotado, ao mesmo tempo, do ‘sentimento oceânico’ e do entusiasmo pela ação”.
Leonardo Boff, uma das maiores referências da teologia da libertação, na América Latina e no mundo, em seu texto O rosto materno de Deus – um clássico da teologia do feminino – recupera, por sob os escombros do machismo e da opressão legitimados pela tradição judaico-cristã e desde a práxis libertadora de Jesus de Nazaré, a centralidade histórica do feminino na luta contra todas as formas de opressão.
Ao enfrentar as práticas feminicidas e a hipocrisia dos doutores da Lei, a quem Jesus chamava de “sepulcros caiados”, afirmou de forma irredenta; “as prostitutas (que vocês discriminam) vos precederão no Reino de Deus. Àquela época, a considerar a cultura discriminatória contra a mulher, quem ousaria enfrentar, como Jesus enfrentou, o sistema político-religioso que condenava as mulheres à subalternidade e às humilhações mais degradantes?
Jesus e Rosa, em tempos e perspectivas distintas mas não contraditórias, participam do caminhar coletivo rumo ao mundo em que a justiça e o direito sejam como a árvore plantada à beira do rio, frondosa, fértil e carregada dos frutos do socialismo libertário e anticapitalista.
Rosas vermelhas, de vida e de luta, para todas as mulheres trabalhadoras, empregadas ou desempregadas, com a presença solidária de Jesus de Nazaré, de sua Mãe Maria de Luta, de Rosa Luxemburgo e Elizabete Teixeira, nesse 08 de março de 2020. Vocês, sim!
*José Alcimar de Oliveira é Professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Amazonas, teólogo sem cátedra e filho dos rios Solimões e Jaguaribe. Em Manaus, AM, 08 de março de 2020.
Foto: A ativista e jornalista Rosa Luxemburgo em comício – Fundação Rosa Luxemburgo/Divulgação. Via Folha de São Paulo.