
O ex-governador Amazonino Mendes (Podemos) declarou que o senador e líder da bancada do Amazonas Omar Aziz (PSD) é uma “usina de maldades”, uma “asa negra” sobre o Amazonas e que ele inspira o Governo Wilson Lima e “faz as coisas”. A declaração ocorreu durante na tarde desta quarta-feira, dia 16, durante a convenção do Podemos que o confirmou como pré-candidato a prefeito e o deputado estadual Wilker Barreto, também do Podemos, como seu vice.
O comentário foi feito quando Amazonino falava de sua vontade de “ajudar o povo” aos 80 anos. O ex-governador também citou as informações a respeito da condição física e da saúde dele.
“Estou tentando ajudando meu povo. O que um homem com 80 anos de idade, que muitos dizem que estou com o pé na cova… Já me mataram umas 20 vezes. Tudo inventam e eu sei quem é que faz isso. Um cara que me decepcionou muito. Hoje, eu tenho pena dele. Porque ele se transformou numa verdadeira asa negra para o povo amazonense. É ele que inspira esse governo aí, é ele faz as coisas. É uma usina de maldade“, afirmou.
No fim do discurso, Amazonino agradeceu o apoio do senador Eduardo Braga (MDB) na sua chapa. Ao elogiar a atuação de Braga no Senado, comparou o senador do MDB ao senador Omar.
O pré-candidato voltou a usar a expressão “asa negra” para se referir ao líder da bancada do Amazonas em Brasília e comparou os dois frutos de seu grupo político usando a operação “Maus Caminhos”, que tem Omar, irmãos e mulher do senador entre os investigados. Em várias ocasiões, o senador negou envolvimento com atos ilícios.
“Nossa negociação não tem negociata. Eduardo não me pediu uma secretaria. Eduardo não me exigiu nada. A conversa com ele é extremamente republicana. Ele só fala como a gente vai ajeitar o transporte público, a saúde pública. Eduardo não gosta de ‘Maus Caminhos’. Não tem rabo preso com esse governo. Não tem a mínima culpa dessa “asa negra” que pouso sobre o no nosso estado”, disse.
Amazonino e Eduardo foram adversários em 2017 na disputa pelo Governo do Amazonas, após a cassação do governador José Melo. Na ocasião, Amazonino contou com Omar como aliado. Braga e Omar são crias políticas do ninho do pré-candidato a prefeito e, em grupos adversários nesta eleição, já estiveram juntos em vários pleitos nas últimas décadas
Eduardo Braga
O pré-candidato também disse que Eduardo Braga tem “salvado” os municípios do interior do Amazonas, que, segundo ele, estão abandonados pelo atual governo.
“Quem é que vai arranjar dinheiro para a prefeitura? O único que pode fazer isso e tem feito com extremada decência, que tenho sido informado e com um montante incrível é o senador Eduardo Braga. Ele tem salvo o interior do Amazonas com as verbas que arranca do Governo Federal. Isso é depoimento de prefeito porque o governo do estado não dá mais nada. Quem está salvando e resguardando é o Eduardo. Vai me ajudar a executar grandes projetos. Não tenho dúvida dada a competência, a qualidade e a capacidade de trabalho que ele tem”, disse Amazonino.
David Almeida
O pré-candidato a prefeito e ex-governador tampão do Amazonas, David Almeida, também entrou na linha de tiro de Amazonino. Amazonino disse que as coisas que ocorreram nos quatro meses que David “acidentalmente” governou o Amazonas poderiam ser piores, caso o seu adversário tivesse ficado quatro anos.
“Eu fico mesmo basbaque vendo pessoas que continuam insistindo com o povo, mas que não tem nenhum vivência, nenhuma experiência, que passaram acidentalmente pelo governo. Quatro meses e faz um estardalhaço como se fosse um salvador da pátria. Fico impressionado”
E acrescentou: “Na verdade, não tem experiência de nada, não sabe e não tem nada. Ao reverso, se a gente for fazer o levantamento, se em quatro meses fez isso… imagine o resto, se fosse quatro anos. Isso é triste”, disse.
Segundo as pesquisas eleitorais, David Almeida é o nome que mais perto chega de Amazonino Mendes nas simulações de voto de segundo turno e tem menor índice de rejeição que o candidato do Podemos.
Em todas as pesquisas, Amazonino aparece como nome certo no segundo turno e derrotando todos os demais pré-candidatos.
ALE-AM e órgãos de controle
O pré-candidato Amazonino Mendes também fez críticas à atuação da ALE-AM e de órgãos de controle. Sobre o poder legislativo, disse que nunca houve uma legislatura tão “subserviente” e com relações “escuras” com o governo.
“Temos uma Assembleia Legislativa que eu me escandalizo. Nunca vi em nenhum momento da nossa história tanta subserviência. Nunca vi tanta relação de negócio escuros dos membros daquele parlamento com o governo”, disse.
Sobre os órgãos de controle, Amazonino insinuou que os mesmos são cúmplices das irregularidades ao deixarem de cumprir suas funções. O comentário ocorreu quando o ex-prefeito se referia à interdição da Ponta Negra, na administração dele em 2012. Para ele, a interdição foi “politiqueira”.
“Me custou caro, trabalhei muito e os meus inimigos para tentarem desmoralizar a praia, essa conquista do povo, fizeram o que sempre fazem, inventaram que as pessoas morriam. Interditaram a praia por maldade. Por ação politiqueira”, disse.
Em seguida concluiu, mirou a inoperância dos órgãos de controle sobre a Prefeitura de Manaus e o Governo do Amazonas, o que foi interpretado como crítica ao MP-AM (Ministério Público do Amazonas), que há anos vem deteriorando sua imagem perante a sociedade.
“Essa mesma gente que assalta hoje, mancomunada com órgão, o que é mais incrível, órgãos públicos, que tinham obrigação de zelar pelo povo e se tornam aliados disso e fazem de forma descarada”, disse.
Governador Wilson Lima
O pré-candidato afirmou que quando foi derrotado nas urnas pela revolta da população que achou que deveria tirar todo mundo. Amazonino, neste momento, chamou o governador Wilson Lima de “uma simples apresentação hilariante cômica ao lado de um anão” e disse que o resultado “deu no que deu”.
“Uma simples apresentação hilariante, cômica, histriônica que se fazia na televisão junto com um pobre coitado, um anão, usado como fósforo queimado. Deu no que deu”, disse.
Futuro e consciência
O ex-governador disse que a geração política dele também errou e é responsável pela atual condição do País. Por isso, Amazonino diz que entendeu e respeitou a decisão da população em 2018. O ex-governador afirmou que, assim que foi derrotado, declarou que não iria tentar voltar ao poder pelo “tapetão”.
Amazonino Mendes disse, ainda, que estava preocupado com o futuro e que tinha total consciência do que significa disputar a Prefeitura de Manaus aos 80 anos.
“Estou muito consciente do que estou fazendo. Quem não pode com pote, não pega na rodilha”, declarou.
Arthur Virgílio
O prefeito de Manaus Arthur Virgílio Neto (PSDB), embora a atual condição da administração da cidade tenha sido criticada, foi poupado das críticas do pré-candidato.
Aliados do prefeito e do pré-candidato informam que ambos conversaram sobre aliança no primeiro turno, o que não se transformou em adesão à coligação.
Um dos senões para a chapa foi a carga que a atual administração poderia pôr na candidatura de Amazonino e a presença do senador Eduardo Braga, que voltou a ser adversário do tucano após ser deixado de lado em 2018, menos de um ano depois de ter dado apoio decisivo para reeleição de Arthur em 2016.
Uma possível sinalização de Amazonino para Arthur Virgílio ocorreu quando ele exortou os demais candidatos a não atacarem familiares de adversários durante a campanha e que seria essa a conduta dele.
Na última semana, Arthur Neto gravou um vídeo dizendo que adversários tentavam atingir a família dele ao abordarem o Caso Flávio, que tem o enteado de Arthur e estrutura da prefeitura envolvidos na cena de um homicídio.
Com apoio leal de paridos aliados à sua gestão na Câmara Municipal de Manaus, Arthur Virgílio levou apenas o próprio PSDB para o pré-candidato Alfredo Nascimento.
Wilker Barreto
Sobre a escolha do vice, Amazonino elogiou a atuação de Wilker Barreto como deputado de oposição na ALE-AM, assim como ao deputado Dermilson Chagas (Podemos), e disse que precisa de alguém que seja “braço e perna” dele para ir onde ele ia quando jovem.
Tapetão e Ponta Negra
Apesar de ter dito que não iria disputar no “tapetão” o Governo do Amazonas, tramita no TRE-AM (Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas) uma ação em que a coligação de Amazonino Mendes pede a cassação do governador Wilson Lima.
Ao menos 12 pessoas morreram afogadas quando a praia perene da nova Ponta Negra foi liberada para a população na última administração Amazonino Mendes na Prefeitura de Manaus.
Na época, o MP-AM pediu a interdição da praia. A suspeita era que a areia trazida de outros locais para ser colocada na Ponta Negra apresentava grandes desníveis, o que colocava a vida dos banhistas em risco.
Outro lado
A reportagem procurou a Secom (Secretaria de Estado de Comunicação), que informou que o governador Wilson Lima não iria se manifestar sobre as declarações feitas por Amazonino Mendes.
A reportagem também procurou o senador Omar Aziz e a assessoria de comunicação do MP-AM, mas não obteve respostas até o fechamento desta matéria.
O pré-candidato David Almeida afirmou que respeita Amazonino “como pessoa” e que o povo de Manaus vai colocá-lo no lugar que ele merece na história.
“Respeito ele como pessoa, porém, como político, já teve tempo, dinheiro e apoio político suficientes para mudar Manaus e não o fez. O tempo do Amazonino passou. O povo de Manaus, vai por ama, no lugar que ele merece. Na História!!!”