Após confessar assassinato, Mayc pede transferência para presídio

O advogado do funcionário público Mayc Vinicius Teixeira Parede, Josemar Berçot Rodrigues Júnior, declarou que como o cliente dele já “relatou o que efetivamente aconteceu”, que não acusa o enteado do prefeito de Manaus, Arthur Neto (PSDB), Alejandro Valeiko, e que a autoridade policial “não quer acreditar”, fará “uso do seu direito ao silêncio”.

Na semana passada, Mayc confessou o homicídio do engenheiro Flávio Rodrigues e inocentou os demais envolvidos. Flávio apareceu morto com sinais de seis facadas no corpo num terreno do Tarumã após ser visto numa festa na casa do enteado do prefeito no dia 29 de setembro.

O posicionamento de Mayc Vinicius é registrado no pedido de transferência que ele faz à justiça para sair da carceragem da DEHS (Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros) e cumprir a prisão temporária no CDPM 2 ou no CPE. O pedido, que o blog teve acesso, foi protocolizado nesta segunda-feira, dia 14.

“Neste norte, o requerente, que se apresentou
voluntariamente, já foi ouvido pela Autoridade Policial, relatando tudo que efetivamente aconteceu. Todas essas irregularidades e abusos somados ao fato de que, por ser um caso de grande repercussão, que envolve um cenário
político, a Autoridade Policial “NÃO QUER ACREDITAR” em qualquer pessoa que não fale contra o sr. Alejandro, levaram o Requerente a fazer uso do seu direito ao silêncio”, informa o advogado no pedido protocolado nesta segunda-feira, dia 14.

O advogado alega que como o cliente “não irá participar de nenhum ato praticado nesta fase” (nem acareações e nem diligências) “não existe interesse da autoridade policial em sua manutenção na delegacia”.

O advogado fala de abusos na delegacia na forma de tratamento de presos e situações relacionadas ao fornecimento de alimentação.

A defesa de Mayc diz que, contrariando decisão judicial, ele está na mesma cela de outros dois presos suspeitos de integrarem uma facção criminosa.

“Em relação ao Requerente, ocorreu grave desrespeito à Lei e à Vossa Decisão, vez que o mesmo foi colocado em cela junto a dois
indivíduos supostamente integrantes de facção criminosa, conforme fotos
anexas e uma Delegada esteve no local instigando a todos com a informação falsa de que o Requerente é ex-PM”, afirma documento.

Em função de não estar mais disposto a participar de acareações e diligências e alegar a prisão com outras duas pessoas, o advogado de Mayc pede a transferência dele para um presídio na área do “seguro”, onde ficam presos que tem riscos de morte.

A defesa de outro preso, o enteaďo do prefeito Arthur, fez movimento inverso. Tomou medidas para evitar que ele entrasse no sistema prisional do Estado e garantiu que ele cumprisse a prisão temporária na carceragem do 19° DIP.

Foto: reprodução do pedido apresentado à justiça.