Arthur critica CPI da Covid e isenta Pazuello nas mortes por falta de oxigênio no AM

Arthur Neto (Divulgação)

O ex-prefeito de Manaus e pré-candidato ao Senado Arthur Virgílio Neto (PSDB) criticou a atuação da CPI da Covid e isentou o ex-ministro da Saúde, general do Exército Eduardo Pazuello, de culpa nas mortes por asfixia no Amazonas.

Na segunda onda da doença em janeiro e fevereiro deste ano, o sistema de saúde do estado colapsou pela segunda vez com falta de leitos e de insumos para tratar os pacientes internados, entre os quais o mais básico de todos: o oxigênio.

A CPI da Covid encerra os trabalhos na próxima semana. A comissão é presidida pelo senador amazonense e hoje adversário político do tucano Omar Aziz (PSD). Para o ex-senador, a CPI serviu de palanque para grupos opostos e candidatos em busca de espaço.

“Podia ser melhor, podia ter sido mais discreta. De um lado, tinha defensores de qualquer coisa. Do outro atacantes de qualquer coisa. Muita gente candidata a alguma coisa. Muita gente que nunca teve nome publicado numa linha de jornal. Espero que os resultados sejam bons e que as consciências das pessoas julguem o que aconteceu na pandemia”, declarou Arthur Virgílio Neto.

As declarações foram feitas em entrevista aos jornalistas Rafael Campos e Rosiene Carvalho na rádio BandNews Difusora, na segunda-feira, dia 11.

Arthur Virgílio defende a “inocência” de Pazuello nas mortes por asfixia apontando culpa no Governo do Amazonas por não ter estoque de oxigênio para os pacientes.

“Pazuello teve todas as culpas para aqueles remédios que não funcionam, mas não teve culpa do oxigênio que faltou aqui. Tanto que o prefeito (David Almeida), com o estoque que eu deixei para ele, socorreu o governo do estado com bastante oxigênio. Se nós tínhamos, o que justifica o governo Wilson Lima (não ter) e as pessoas morrerem sem oxigênio, sem sedativos, amarradas em macas. Uma coisa que nem na Idade Média se fazia. Uma tortura tão perversa, tão cruel quanto esta da morte por asfixia. Eu evito falar nisso. Tive pessoas que passaram por isso.”, declarou o ex-prefeito.

Quando o número de casos explodiu no Estado, após as festas de final de ano e a derrubada do decreto para fechar o comércio nas últimas semanas de dezembro, sob pressão de vários políticos, a demanda por oxigênio do estado ultrapassou em muito a capacidade de produção da principal fornecedora do estado, a empresa White Martins.

A empresa tinha capacidade de produção de 25 mil metros cúbicos por dia e operava no limite. A demanda chegou a mais de 80 metros cúbicos por dia. Diante do colapso e do pedido de socorro da equipe do governo do estado, o governo federal disponibilizou uma aeronave para trazer via aérea, opção apontada como solução mais rápida para salvar vida.

Mas havia dois problemas: a mesma só tinha capacidade de transportar 5 mil metros cúbicos por viagem e estava em manutenção justamente no dia 14 de janeiro quando as pessoas começaram a morrer asfixiadas nos hospitais.

Durante a crise, o governo do Amazonas conseguiu a oferta de três cargueiros para transportar oxigênio para Manaus, dois pela Unicef e um pela embaixada americana. Os pedidos para aceitação da oferta nunca foram respondidos e a responsabilidade pela reposta ficou sendo jogada entre Ministério da Saúde e Ministério da Defesa, enquanto os amazonenses morriam pela falta de oxigênio.

O oxigênio doado pelo governo de Nicolás Maduro da Venezuela, que salvou a vida dos pacientes nos hospitais após o colapso, veio para Manaus por meio de carretas pela estrada. Membros da CPI destacam que o governo federal poderia ter participado das tratativas para que aeronaves agilizassem o transporte.

O ex-ministro Pazuello é investigado pelo Ministério Público Federal e pela CPI da Covid, bem como autoridades do Estado do Amazonas, por terem tido conhecimento com antecedência de que o oxigênio ia faltar e não tomarem medidas urgentes para evitar a interrupção do fornecimento que levou pessoas a morrerem nos hospitais asfixiadas.

O ex-ministro também é investigado por outras ações e omissões durante a pandemia na condução do Ministério da Saúde.

Pazuello é cotado no grupo político do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), como opção prioritária para as Eleições 2022 como deputado federal ou Senado nos estados do Rio de Janeiro, Roraima ou Amazonas.

Em entrevista à rádio BandNews Difusora, há cerca de um mês, o senador Omar Aziz declarou que Arthur Virgílio se comporta no Amazonas como aliado de Bolsonaro em função dos ataques que direciona a ele, que é presidente da CPI. Arthur também critica Bolsonaro e, no ano passado, foi chamado de “prefeito de bosta” pelo presidente em razão dos enterros em valas comuns nos cemitérios de Manaus, na primeira onda da doença.

Omar afirma que Arthur é oportunista e hipócrita e cobra dele solidariedade à família de Flávio Rodrigues
Ex-secretário de Saúde do AM passa de testemunha a investigado pela morte de pacientes sem oxigênio no estado
Governador do AM desqualifica CPI da Covid e diz: “Não vou me submeter a isso”