As perguntas que o vice-governador não respondeu

Foto: Coletiva com o vice-governador do Amazonas, Carlos Almeida Filho (PTB), na manhã desta quarta-feira (28), na sala de conferência do Edifício Cristal Tower, bairro Adrianópolis, zona centro-sul de Manaus (AM). O pronunciamento foi a respeito da Operação Sangria da Polícia Federal. (Sandro Pereira)

1 – Vice-governador Carlos Almeida Filho, como o senhor explica que não sabia da irregularidade na compra dos respiradores superfaturados durante a pandemia, diante das evidências de sua influência e ascendência sobre a cúpula da Susam?

2- Por que o senhor silencia no pronunciamento sobre o depoimento à PF (Polícia Federal) em que implicou o nome do governador Wilson Lima na irregularidade investigada?

3 – Por que o senhor, pela terceira vez, levanta uma série de expectativas a respeito do que sabe e pode revelar de irregularidade no governo e mais uma vez silencia?

4 – Por que o senhor deixou de atender o governador Wilson Lima?

5 – Vice-governador, o que o senhor tem a dizer sobre o material apreendido na sua casa no dia da segunda fase da Operação Sangria: notas fiscais de um cinto da marca Gucci no valor de R$ 4.736; uma pochete feminina da marca Louis Vuitton no valor de R$ 8.050; e comprovante de depósito para HStern no valor de R$ 9.982, considerando que, segundo dados do Portal Transparência, seu salário líquido é de cerca de R$ 20 mil reais por mês?

4 – O que o ex-secretário Rodrigo Tobias, indicado pelo senhor para a Susam, quis dizer com “O Carlos tem que ajudar” quando  falou isso numa mensagem ao ex-subsecretário Perseverando Garcia, que relatava a ele preocupação com a investigação dos respiradores no âmbito do Ministério Público do Estado do Amazonas?

5 – Vice-governador, numa das conversas entre a cúpula da Susam, indicada pelo senhor, a PF afirma que o subsecretário da pasta Perserverando Garcia sugere um processo fantasma para compra dos respiradores e Rodigo Tobias diz que o senhor deu “alternativas”. Quais foram as orientações que o senhor deu à cúpula da Susam como “alternativa” na compra dos respiradores superfaturados?

Essas são as perguntas que, se eu tivesse tido chance, teria feito ontem durante a “coletiva” ao vice-governador do Amazonas, Carlos Almeida Filho.

Perguntar é a função mais básica da atividade jornalística, que por meio de seus profissionais têm a responsabilidade de fazer com que a sociedade acesse informação de interesse público.

Por outro lado, o dever mais básico das autoridades públicas e políticos, pagos com recursos públicos,  é a obrigação de prestarem esclarecimento sobre os seus atos e tudo o que diz respeito às suas atividades na função pública.

O jornalista tem o dever de perguntar. A população do Amazonas, o direito de saber.

Vivemos numa democracia. E, nela, quando se chama jornalistas para um “pronunciamento” – ainda que estranhamente cercado por assessores, dentre os quais policiais, para evitar contato com a imprensa – é preciso saber que perguntas serão feitas.

Quando não quiser ser questionado, não chame a imprensa, vice-governador. Se esconda e fuja de eventos públicos para não ouvir perguntas e não repetir o vexame a que se submeteu ontem.

Eu não tenho medo de perguntar e o senhor, no dia que quiser responder às perguntas, terá todo espaço e atenção do meu trabalho para dar os esclarecimentos que a população precisa e que a sua história merece.

Esta e outras ações tomadas pelo nova política não são novidades a mim como tentativa de intimidação. E nem sou das mais antigas no exercício profissional neste estado.

O que já ocorreu até aqui não me intimida.

Não vai me impedir de perguntar e questionar. E não vai me impedir de cobrir todas as pautas de interesse público do Estado do Amazonas com a imparcialidade, o equilíbrio e o respeito que tenho pelo exercício da minha profissão e do direito da sociedade de se informar e fiscalizar os atos dos seus funcionários públicos mais bem pagos.

Um comentário
  1. Adimiro o seu trabalho.
    Minha solidariedade em relação as agressões que você e seus colegas sofrem durante a pseudo coletiva
    Parabéns pela atitude .

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