Bolsonaro é o melhor cabo eleitoral para Prefeitura de Manaus, diz analista

Foto: Presidente Jair Bolsonaro participa da abertura da 1ª Feira de Sustentabilidade do Polo Industrial de Manaus (fesPIM), em 27/11/2019 no Stúdio 5. Edmar Barros
Foto: Presidente Jair Bolsonaro participa da abertura da 1ª Feira de Sustentabilidade do Polo Industrial de Manaus (fesPIM), em 27/11/2019 no Stúdio 5. Edmar Barros

Com 44% de aprovação entre ótimo e bom em Manaus, o presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), é o melhor cabo eleitoral para a disputa pela Prefeitura de Manaus nas Eleições 2020.

O diretor-presidente do instituto Action Pesquisa de Mercado, Afrânio Soares, declarou que o apoio declarado do presidente Jair Bolsonaro nas eleições em Manaus poderia disparar a intenção de votos de qualquer um dos quatro bolsonaristas que disputam a sucessão de Arthur Virgílio Neto (PSDB).

A conclusão é feita com base nos excelentes níveis de aprovação do presidente entre os manauaras nas pesquisas da Action realizados nos últimos meses.

Os candidatos de direita nas Eleições 2020 entraram na corrida pela Prefeitura de Manaus abraçados ao sonho de receber o selo “Candidato do Bolsonaro”.

São eles: o deputado federal Capitão Alberto Neto (Republicanos), o coronel da reserva do Exército e ex-superintendente da Suframa Alfredo Menezes (Patriotas), o vereador Chico Preto (DC) e o empresário e também militar da reserva Romero Reis (Partido Novo).

Nas pesquisas da Action, Bolsonaro soma 44% de avaliação entre ótimo e bom em Manaus. Só a avaliação “ótimo” alcança 24% dos eleitores da capital do Amazonas.

“Temos uma onda de candidaturas de direita no mesmo momento em que o presidente Bolsonaro é idolatrado por 24% do eleitorado de Manaus e amado por 44%. Todos (candidatos de direita) sonham com a possibilidade de presidente abraçar a um deles e dizer: ‘olha, esse é o meu candidato. O candidato que eu gostaria de ver governando Manaus'”, disse.

E concluiu: “Isso poderia causar uma melhora significativa, em pouco tempo, na candidatura de qualquer um deles”, declarou o pesquisador.

Afrânio disse que a transferência de votos do eleitorado que Bolsonaro mantém em Manaus só teria real impacto no caso do apoio ser declarado.

Para ele, o presidente influencia tanto no humor do eleitor que a avaliação de Arthur Neto poderia ser melhor, se ele não fosse opositor e crítico do presidente.

Bolsonaro chamou o tucano de “prefeito de bosta” criticando os enterros em vala comum durante a pandemia e após ser alvo dos posicionamentos de Virgílio na mídia nacional, durante a reunião ministerial de abril denunciada por Sérgio Moro.

“Se o presidente Bolsonaro viesse aqui e dissesse com todas as letras que adoraria ver determinado candidato como prefeito, que o mesmo é o candidato dele, eu acredito que este candidato, do dia pra noite, se tornaria competitivo. Eu acredito que qualquer um dos quatro que o presidente se envolvesse na campanha, esse candidato se tornaria competitivo porque os números de bom e ótimo para ele aqui são impressionantes”, afirmou Afrânio Soares.

“Carisma e falta de experiência

Entre os candidatos direita, o Capitão Alberto Neto consegui formar aliança com o PMN e o PTB, que deu a ele o melhor tempo de TV e fundo partidário.

Além de pertencer ao grupo de candidatos de direita e bolsonaristas, Alberto Neto faz interseção com o grupo de candidatos que tem palanque aliados do Governo Wilson Lima e do senador Omar Aziz, sendo ele próprio exemplo deste fato.

Enquanto os outros candidatos deste grupo escondem Omar e Wilson, a convenção de Alberto Neto destacou que tinha no palanque um “secretário de Estado” do Governo do Amazonas, Ricardo Francisco, irmão do presidente nacional do PTB e nº 2 do partido em todo Brasil.

Desde o ano passado, Ricardo Francisco se mudou para Manaus e a cara local da sigla fez uma dança das cadeiras, sempre desocupada a partir do sinal de rompimento com a máquina estadual.

Foi assim que o presidente da ALE-AM, Josué Neto (PRTB), e o vice-governador Carlos Almeida Filh (PTB), que foram e deixaram de ser pré-candidatos pela sigla à Prefeitura de Manaus em 2020.

Em função de seu próprio carisma, Alberto Neto avançou nas pesquisas no início do ano tirando o deputado federal e candidato da esquerda José Ricardo (PT) da posição dos três com melhores intenção de voto.

Seu desempenho também incomoda os candidatos de Centro e de direita. Nas convenções, indiretas são jogadas na direção dele chamando-o de candidato “aventureiro”, “sem experiência” e “estagiário”. Alberto Neto rebate apresentando seu currículo acadêmico e sua experiência na PM-AM.

“O Capitão Alberto Neto já esteve melhor. Menezes tirou voto do Alberto Neto”, disse Afrânio.

“Pangaré” e “DNA Bolsonaro”

Com uma chapa puro sangue composta apenas pelo seu próprio partido, o Patriotas, e com o perfil arredio aos políticos tradicionais do estado, Alfredo Menezes se apresenta ao eleitor como único candidato de DNA Bolsonaro. Para o coronel, ele é quase da família e de fato tem acesso rápido e direto ao presidente, seja presencial ou de forma virtual.

Em plena pandemia, liderou uma carreata contra o isolamento social com a participação de Bolsonaro por vídeo conferência. Dias depois, a cidade viveu uma explosão de casos e mortes por covid-19.

Mas a relação de “compadres” não o segurou na cadeira do Suframa. Quando o Planalto precisou de votos no Congresso e Menezes não tinha este trunfo, a corda esticada com a bancada federal do Amazonas enforcou a sua continuidade na autarquia.

Na disputa deste ano, há candidatos de direita e de Centro de partidos que estão na base aliada de Bolsonaro. O Podemos de Amazonino Mendes, pré-candidato favorito nas pesquisas até aqui, por exemplo, tem 11 deputados federais que votam com o presidente na Câmara dos Deputados.

O PSD de Omar Aziz, que é um dos cardeais do partido, também tem força e é um dos principais aliados do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM).

“Até agora, o que tudo indica é que o presidente não vá se posicionar desta forma”, disse o analista político.

Aliados de Menezes acreditam que Bolsonaro, em algum momento da campanha em Manaus e em outras capitais, irá sinalizar seus candidatos. Um dos apoiadores de Menezes, ao comentar pesquisa em que ele pontuava com 5% das intenções de votos brincou: “Este pangaré não é paraguaio”.

Metamorfose

O candidato Chico Preto, que por muitos anos foi aliado de políticos tradicionais, tenta recompor sua trilha por meio da porta larga da direita, no momento em que há eleitores mais alinhados com esta corrente em Manaus. Também disputa a eleição numa chapa puro sangue.

Vereador, caso não consiga melhorar nas pesquisas e se eleger prefeito, Chico Preto deve ficar mais uma vez sem mandato. Em 2014, ao se lançar como candidato ao governo no final do mandato de deputado estadual, Chico Preto ficou dois anos sem cargo eletivo.

Na atual legislatura da CMM, se posicionou como oposição a Arthur Virgílio, mas foi engolido pela ampla maioria do prefeito na casa.

Empresário

Romero Reis iniciou o namoro com o cargo de prefeito de Manaus pelas mãos de Menezes, ainda no PSL. Chegou a fazer foto com o presidente e ser incensado pelo ex-aliado como opção para Manaus. Com o tempo, o clima azedou entre eles e Menezes passou a fazer provocações insinuando que quem se alia ao Partido Novo não é verdadeiramente bolsonarista, o que Romero nega.

Nome desconhecido entre os eleitores, as obras da RD Engenharia, empresa do pré-candidato à Prefeitura de Manaus, são mais famosas.

Uma das quais foi motivo de dor de cabeça para outro pré-candidato, o deputado Ricardo Nicolau: a construção do edifício-garagem da ALE-AM virou denúncia por parte de laudo do TCE (Tribunal de Contas do Estado) e do MP-AM (Ministério Público do Estado do Amazonas) por suspeita de superfaturamento.

Ao ser analisada pelos desembargadores amazonenses, o TJ-AM absolveu Nicolau da acusação. O MP-AM recorreu e o caso tramita no STJ (Superior Tribunal de Justiça).