“Bolsonaro vai promover o desemprego em massa desse povo que votou nele”, diz presidente da Fieam

O presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antônio Silva, declarou ao blog que presidente da República, Jair Bolsonaro, está promovendo o desemprego em massa “dessa gente que votou e acreditou nele”.

Antônio Silva se refere ao anúncio do presidente de escalonar o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializado) de 8%, em 2020, até 4%, em 2022, o que, para a indústria, representa o fim das vantagens competitivas do polo de concentrados da ZFM (Zona Franca de Manaus) e um duro golpe no modelo.

“O presidente está promovendo o desemprego em massa desse povo que votou nele, que acreditou e está acreditando nele. Ninguém votou nos ministros, que já tiveram todos os meios de entender e não querem entender que os subsídios são necessários ao modelo ZFM. Foi ele (presidente Bolsonaro) que foi eleito e assumiu compromisso político com a nossa região “, declarou o presidente da Fieam.

A estimativa é que o polo de concentrados, das empresas de bebidas, seja responsável por cerca de 7 mil empregos diretos e indiretos em Manaus, Presidente Figueiredo e Maués.

Nas Eleições 2018, Manaus deu ao presidente Bolsonaro 65, 72% dos votos válidos. Foram 686.999 votos para Bolsonaro e 358.364 para Fernando Haddad (PT), em Manaus.

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O presidente da República, Jair Bolsonaro, anunciou, nesta quarta-feira, dia 15, que o IPI será de 8% e que, em três anos, deve chegar a 4%. “É uma maneira mais suave de a gente acabar com este subsídio”, disse Bolsonaro. Veja como se pronunciou o presidente, neste link.

A avaliação no setor e no meio político é que as empresas receberam um prazo para deixar a ZFM em função da previsão gradual e a curto prazo da perda de competitividade do setor.

Questionado se avaliava que era apenas o povo e não os empresários que confiaram no presidente Bolsonaro, Antônio Silva respondeu:

“Todo mundo. Acreditamos no Governo Bolsonaro e nos governos federais como um todo. As empresas vieram para cá atraídas por uma alíquota de 40%. O governo vem mexendo na regra do campeonato. E, agora, o Governo Bolsonaro anuncia uma morte em 2 ou 3 anos”, disse.

“Nosso principal problema é a insegurança jurídica”

Antônio Silva afirmou que, ao mexer com o polo de concentrados, o presidente passa uma mensagem ruim sobre a ZFM para todos os setores.

“A federação tomou posicionamento e a nosso principal problema é a insegurança jurídica”, declarou.

Antônio Silva disse que o presidente Bolsonaro deve se lembrar que, em dois anos, pode disputar a reeleição e que esta medida prejudicial aos empregos no Amazonas vai gerar ambiente negativo para ele no estado.

“Ele precisa tomar uma atitude consistente como fez no caso da energia solar: bater o martelo e dizer que o presidente é ele”, disse Antônio Silva.

“Ele tem que saber, tem que estar consciente que está sepultando o modelo ZFM”

O presidente da Fieam afirmou que o Governo Wilson L.ima deveria estar liderando campanhas em defesa da ZFM e dos empregos dos amazonenses. A mesma cobrança ao governo estadual foi feita nesta quinta-feira, dia 16, pelo presidente do Cieam, Wilson Périco.

“No meu entendimento, tinha que ser comandado pelo Governo do Estado. Agora, é um problema político e tem que ser resolvido de forma política. Tem que marcar uma audiência de imediato e ir lá, discutir com o presidente. Ele tem que saber, tem que estar consciente que está sepultando o modelo ZFM”, declarou.

Antônio Silva destacou, como costuma fazer o presidente Bolsonaro, que o modelo ZFM foi criado no governo do presidente Castelo Branco, durante o regime militar.

“Nosso estado é diferenciado. O presidente Castelo Branco reconheceu que a única maneira de desenvolver o Amazonas, em função de sua problemática logística, era com incentivo fiscal. Com ele, as empresas foram atraídas para gerar emprego e renda na região”, disse.

“Os prefeitos de Presidente Figueiredo, de Maués deveriam estar fazendo essas lives da vida”.

Antonio Silva afirmou, ainda, que os prefeitos de Presidente Figueiredo e Maués deveriam estar nas redes sociais para mostrar a quantidade de famílias diretamente afetadas com o desemprego que será causado pela medida contra o polo de concentrados.

“Os prefeitos de Presidente Figueiredo, de Maués deveriam estar fazendo essas lives da vida. Saindo a Jayoro de lá (Presidente Figueiredo), que gera 1.500 empregos diretos e indiretos, como ficará essa gente? Considerando cinco pessoas por família, chega a 7.500 pessoas”, disse o presidente da Fieam.

Antônio Silva afirma que há ainda outras repercussões econômicas com o desemprego. “Essas empresas geram outros empregos como transporte, por exemplo, para os funcionários. E o comércio gira com o dinheiro gerado por esses empregos. O efeito é muito forte”, avaliou.

Suframa

Antônio Silva disse ainda que não considera justo culpar o superintendente da Suframa, Coronel Alfredo Menezes, pela medida do Governo Federal.

“O coronel Menezes estava brigando pelo polo, também estava brigando. Eu várias vezes estive presente. Infelizmente, não conseguimos fechar nada. Fica difícil também quando as coisas estão na mão desse ministro. Quando ele (Bolsonaro) esteve aqui, na reunião do CAS (Conselho Administrativo da Suframa) disse que ia preservar a ZFM. Ora, como pode preservar o modelo de desenvolvimento determinando um decreto que tira a competitividade?”, declarou.

Antônio Silva disse que houve um entendimento e que o decreto anterior voltando a entrar em vigor e colocando o IPI a 4% pegou “todo mundo de surpresa”, em janeiro.

“Pegaram todo muno de surpresa. Isso é um desrespeito com todo o Estado do Amazonas”, declarou.

“Isso é um desrespeito com todo o Estado do Amazonas”

Foto: Fieam

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