
✔ A primeira sessão da ALE-AM (Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas) após as 55 mortes nos presídios em Manaus foi marcada, como era de se esperar, pela repercussão do problema.
✔ Os deputados de oposição foram à tribuna cobrar o que apontam como falhas do governo no episódio. O deputado estadual Dermilson Chagas (PP) exigiu, sobretudo, maior presença do governador se referindo à viagem dele logo após à chacina do Compaj. Criticou a ausência do governador Wilson Lima (PSC) e do vice-governador Carlos Almeida Filho (PRTB) no dia em que os homicídios nos presídios quase triplicaram.
✔ O deputado estadual Wilker Barreto (PHS) apresentou informações dos sites do Estado acusando o governo de promover a continuidade da empresa Umanizzare no sistema prisional do Amazonas, cujo contrato é contestado desde o massacre do Compaj de janeiro de 2017. Wilker defendeu a rescisão do contrato, disse que o governo teve a oportunidade e, ao invés disso, cancelou pregões eletrônicos de presídios.
✔ No mesmo discurso, Wilker relacionou outras questões em que apontou, no ponto de vista dele, o despreparo do governador para lidar com os problemas do Governo do Estado e sugeriu que Wilson Lima renuncie ao cargo.
✔ Wilker já ameaçou, há mais ou menos dois meses, pedir impeachment do governador Wilson Lima em função de denúncias baseadas em informações publicadas em sites.
✔ Na sequência da sessão, o deputado convidou parlamentares a comer um bolo que ele levou para a ALE-AM ironizando a falta de líder do governo há dois meses na Casa. Já havia feito a brincadeira quando completou um mês da saída do deputado estadual Carlos Bessa (PV) da função.
✔ Renúncia e impeachment – ou até mesmo cassação – de um mandato conquistado legitimamente nas urnas com votação histórica são ações que devem ser cogitadas em situações de extrema gravidade.
✔ Insistir nesta tecla com apenas cinco meses incompletos do atual governo dá conotação de falta de compromisso com um discurso equilibrado de oposição. Soa como inconformismo com o resultado das urnas, que precisa ser respeitado.
✔ Os problemas crônicos do Estado não estavam ausentes nas administrações do grupo que se revezou no poder por mais de 36 anos. Se alguém não viu antes, o problema não está no objeto da observação e sim no olhar ou ângulo do observador.
✔ Fazer anedota numa semana em que todos, independente de lados, estão chocados com mais 55 violentas e cruéis mortes nos presídios da cidade, com famílias ainda destroçadas com o episódio e quando a sociedade se sente fragilizada e insegura com a possibilidade de repercussão nas ruas da violência nas unidades prisionais puxa para baixo o papel da ALE-AM no debate.
✔ A banalização do pedido da cabeça do governador e a brincadeira em hora inoportuna desqualifica a importante função de oposição que o deputado se apresenta para cumprir, neste momento. Dá uma conotação ruim ao esforço que ele próprio tem feito para apontar problemas com base em informações públicas e dados técnicos sobre o que precisa ser criticado no governo. Dá a impressão da crítica pela crítica.
✔ Um fato diferente ocorreu na sessão desta terça-feira, na ALE-AM, em relação aos últimos dois meses. O deputado Dr Gomes deixou de ser a única voz a tentar defender o governo. A vice-presidente da assembleia, Alessandra Campelo (MDB), e a deputada convidada para a função de líder Joana Darc (PV) usaram a tribuna para tentar aliviar as críticas ao Governo Wilson Lima no episódio dos presídios.
✔ O convite para Joana Darc virar líder foi feito pelo governador Wilson Lima há duas semanas e até agora o governo permanece sem liderança.
Foto: Assessoria de Comunicação Wilker Barreto / Divulgação