Candidato do PSTU afirma que não apoiará Zé Ricardo em eventual 2º turno

Aos 53 anos, o professor de língua portuguesa da rede pública municipal Gilberto Vasconcelos encara sua 7ª disputa eleitoral. Desta vez ao cargo de prefeito de Manaus. Desde 2004, o funcionário público participa da eleição sem registro de vitória nos votos.

Em entrevista ao programa EXCLUSIVA ELEIÇÕES 2020 da rádio BandNews Difursora, Gilberto Vasconcelos, declarou que o principal objetivo do PSTU nesta campanha é se contrapor às candidaturas do sistema, defender os reais interesses da população, de uma sociedade socialista e dos direitos da população LGBT.

Para o candidato do PSTU, todas as demais candidaturas estão à serviço de iludir a população, incluindo as do PT e do PCdoB, duas siglas de esquerda. Vasconcelos declarou que, num eventual segundo turno, não apoiaria o candidato de esquerda que melhor aparece nas pesquisas eleitorais José Ricardo (PT), embora na eleição passada o PSTU tenha subido no palanque de Fernando Haddad (PT).

Vasconcelos diz que, na ocasião, a união representou um enfrentamento à candidatura do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que representa a extrema-direita. “Esse quadro não se repete na prefeitura municipal”, declarou o candidato.

Além das três candidaturas de esquerda, a Prefeitura de Manaus é disputada este ano por quatro candidaturas de Centro, com nomes ligados aos políticos que tradicionalmente se revezavam no poder no Amazonas, e outras quatro de direita, que prometem uma administração no estilo Bolsonaro na capital do Amazonas.

O candidato também elogiou a postura do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, em se contrapor ao discurso da direita que defende uma guarda municipal armada e chamou o governador Wilson Lima de “irresponsável” por tocar a reabertura colocando em risco a vida das pessoas.

Leia trechos da entrevista a seguir ou assista a mesma na íntegra neste link.

Exclusiva

O programa Exclusiva, que vai ao ar todas as segundas-feiras na 93.7, iniciou uma série especial das Eleições 2020 para entrevistar os 11 candidatos à Prefeitura de Manaus.

Equipe Exclusiva:
Rosiene Carvalho / Apresentação
Thais Gama / ancoragem e apresentação
Patryck Vieira e Ricardo Chaves / Produção
Daniel Jordano / Editor executivo

https://www.facebook.com/watch/?v=351924036005837&extid=E6XGSuokv3dCZyBw

Exclusiva: O senhor já foi candidato a vice-governador, vereador, deputado, suplente de senador. A candidatura deste ano tem o mesmo princípio das anteriores, contrapor as candidaturas consideradas de origem no sistema?

Gilberto Vasconcelos: Sim, as nossas candidaturas divulgam o nosso programa. Queremos também ser eleitos, caso isso venha a acontecer, mas o fundamental é que a gente utilize esse processo eleitoral como momento para fazer a propaganda das nossas propostas porque nós não acreditamos que o sistema capitalista tenha algo a oferecer de bom para a humanidade. Ele tá em uma fase de degeneração que a cada ano aumento o desemprego, as dificuldades e nós não vemos saída por dentro do capitalismo. As eleições são momentos em que a população acredita que as coisas vão mudar e na verdade mudam muito pouco. Às vezes mudam até pra pior, então, nós achamos e afirmamos que por um lado o processo da eleição que já é um processo viciado, mas, por outro lado o problema fundamental é o próprio sistema capitalista que não consegue mais conduzir a humanidade para um futuro de esperança, de progresso.

“Nós defendemos que as pessoas desempregadas e pessoas que não tem renda tenham o passe-livre no transporte”

Exclusiva: Tem uma pergunta de um ouvinte  a respeito das propostas que o candidato tem com relação ao transporte coletivo na capital amazonense.

Gilberto Vasconcelos: Olha, as pessoas fazem promessas “vamos colocar metro de superfície, vamos colocar um transporte multimodal, utilizando os igarapés e tal”. O problema do transporte coletivo tem a ver com a estrutura da cidade. Uma cidade como a nossa que cresce jogando a população mais pobre para longe, essa população vai ficando cada vez mais distante do centro onde as coisas acontecem, onde tem os bancos, onde têm todas as… Onde funcionam os centros de poder de decisão da cidade. Então, é preciso que primeiramente ruas urbanizadas, não só os corredores de ônibus centrais, mas também nos bairros e aí é preciso que tenha organização onde os ônibus tenham horário para serem cumpridos e em quantidade suficiente. Nós defendemos que as pessoas desempregadas e pessoas que não tem renda tenham o passe-livre no transporte.

Exclusiva: Candidato, qual a importância de se colocar numa campanha municipal, no contexto do 2020, a bandeira LGBT, defendida pela sua campanha? Num momento de uma maior quantidade de candidaturas de direita com a bandeira da família, da cristofobia e em alguns momentos deturpando de certa maneira os direitos dessa parte da população.

Gilberto Vasconcelos: Nós do PSTU defendemos o direito de todas as pessoas viverem, serem felizes e não serem discriminadas. Por isso, nós estamos levantando esse tema com muita evidência, também o tema das outras opressões, dos negros, das negras, do machismo, todos esses temas, mas em especial o tema da LGBTFOBIA é um tem que tem sido tratado de uma maneira muito desonesta por candidatos da direita, por figuras da direita, muitas pessoas inclusive ditas lideres religiosos e até supostos estudiosos. Na verdade, agem de maneira extremamente preconceituosa contra essa parte da população. Queremos que essa luta não seja jogada para debaixo do tapete, que as pessoas tenham direito a falar, tenham voz, inclusive o nosso tempo durante a campanha eleitoral está a disposição da comunidade LGBT pra colocar os seus temas em questão.

As outras candidaturas mesmo as da esquerda, estão por dentro do sistema capitalista por isso nós do PSTU não conseguimos fazer aliança. Nós precisamos dizer a verdade. Tem que romper com esse sistema de coisas (…)

Exclusiva: Manaus tem hoje três candidaturas de esquerda: a do PSTU, a do PT e a do PCdoB. Por que não houve uma frente de partidos de esquerda nesta disputa?

Gilberto Vasconcelos: Olha, a esquerda é um conceito relativo. Na verdade, a única candidatura que apresenta uma proposta que rompe com o sistema capitalista, que rompe com esse sistema de coisas é a do PSTU. As outras candidaturas mesmo as da esquerda, estão por dentro do sistema capitalista por isso nós do PSTU não conseguimos fazer aliança. Nós precisamos dizer a verdade. Tem que romper com esse sistema de coisas (…)

Os partidos da direita quando eles colocam toda a esquerda num bolo só, como se não houvesse diferenciação, como se todo mundo compartilhasse do mesmo projeto e isso não é verdade. Os projetos de reformar o capitalismo, os projetos de levar ilusão eles já fora derrotados, nós vivemos uma época em que vários países da América Latina e no mundo tiveram partidos de esquerda dirigindo os países e continuaram fazendo a mesma coisa de antes e o resultado foi à desmoralização e a subida da direita ao poder.

Nós do PSTU não queremos dar essa ilusão. Por isso nós dizemos vamos governar por conselhos populares, tirar o poder, mudar o sistema de mãos, tirar da mão de um punhado de pessoas e colocar na mão da maioria da população, da classe trabalhadora.

Exclusiva: Isso significa dizer que num eventual segundo turno, o PSTU não estaria nem com o PCdoB e nem com o PT?

 Gilberto Vasconcelos: Isso mesmo, nós não estaremos. Nós tivemos uma postura diferente durante na eleição federal diante do Bolsonaro, porque o Bolsonaro é um governo de extrema direita, semi-fascista que já dizia antes que queria dar um auto-golpe, implantar uma ditadura no país, mas esse quadro não se repete na prefeitura municipal.

“As outras candidaturas mesmo as da esquerda, estão por dentro do sistema capitalista por isso nós do PSTU não conseguimos fazer aliança. Nós precisamos dizer a verdade. Tem que romper com esse sistema de coisas (…)”

Exclusiva: O que significa uma administração municipal socialista? Seu plano de governo fala de delegação às comunidades para a tomada de decisão em relação a 100% do orçamento.

Gilberto Vasconcelos: Olha dentro do limite das regras de jogo que existe, nós podemos criar os conselhos populares e transferir… Hoje como é administrado? O prefeito tem seu secretariado que elabora os planos e executa o orçamento do município. Na nossa administração, caso venha acontecer, esse orçamento todo vai ser administrado a partir dos conselhos. Um governo socialista começa por dar mais poder ao povo para socializar o poder. Nesse sentido, a gente acredita que o povo tendo mais poder vai ser envolver mais na política, vai entender a necessidade de não deixar de tomar decisão daí por diante e nunca mais volte a ser como antes.

Hoje a população é completamente alijada. Quando precisa de um conserto numa rua é preciso pedir favor para um deputado, um vereador, o que é obrigação vira um favor. Isso está errado. A população tem que entender que ela que tem que ter o poder. Ela pode administrar.

“Essa reabertura indiscriminada é uma violência contra a população, é um atentado à vida dos professores, dos alunos, dos familiares dos alunos.”

Exclusiva: Suas considerações finais, candidato:

Gilberto Vasconcelos: Eu quero agradecer a oportunidade de falar em nome do PSTU, no programa da BandNews e dizer o seguinte, eu sou professor e tem uma situação que é muito grave. (…) Essa reabertura indiscriminada é uma violência contra a população, é um atentado à vida dos professores, dos alunos, dos familiares dos alunos. Então, eu quero aproveitar esse minuto final pra fazer essa denuncia e dizer a quem estiver nos ouvindo que não é possível aceitar essa medida do governador. Ele está sendo irresponsável ao fazer isso. Não tem apoio da ciência.

Os pesquisadores respeitados que tem trabalho sobre isso estão dizendo que não é hora. Pelo contrário. A necessidade é fechar tudo por um tempo para ter um (…). Era preciso pensar seriamente um calendário de reposição do conteúdo, uma forma de não prejudicar os alunos, e dessa maneira, inclusive dispondo de internet, de aparelhos para que eles pudessem acompanhar, enquanto não houver segurança, as aulas de casa e poder ter seu atendimento e dessa maneira minimizar o prejuízo que já houve.

Então essa medida do governador é inaceitável. Quero terminar dizendo isso. Agradecer e dizer que o número do PSTU, é 16. Gostaria que classe trabalhadora nos apoiasse que venha para o PSTU apoiar esse projeto e nos conhecer mais e venha a fortalecer essa luta.