
*Por Luiz Cláudio Chaves
Depois de verem autorizada a volta do futebol no pico da pandemia todos vão querer o mesmo. Efeito cascata. Faz sentido, se pode voltar o futebol que não é essencial por que não podem voltar os outros setores?
Ouviremos cada vez mais esse argumento.
Só para lembrar: continuamos com os hospitais colapsados e com nova cepa do vírus matando muito no Amazonas. Na terça-feira, dia 10, foram enterradas 125 pessoas em Manaus.. Ontem, 115 (normal era 30). E mais de 2.200 novos casos, na terça.
O próprio governo diz através da FVS (Fundação de Vigilância Sanitária) que estamos na fase roxa da pandemia. O último dos cinco níveis de gravidade. Dá para entender?
Sim, o governo fragilizado não consegue fazer da sua fraqueza uma fortaleza. Deveria aproveitar a impopularidade para fazer as coisas certas da maneira certa ainda que não agradasse a maioria.
Ao tomar as medidas corretas poderia lá na frente recuperar popularidade. Ao contrário disso, só faz ceder quando deveria resistir. Isso cria um círculo vicioso que só vai enfraquecendo mais e mais o governo.
Assim como cedeu por causa de cinco mil camelôs e comerciantes depois do Natal e retrocedeu nas medidas de isolamento social, cede agora e cederá mais e mais. Pois bem, o resultado da frouxidão de dezembro colhemos em janeiro e agora nesses primeiros 10 dias de fevereiro. Com a frouxidão que se anuncia a partir da liberação do futebol, o que colheremos em breve?
Coisa boa não podemos esperar.
*Luiz Cláudio Chaves é juiz da Vara de Execuções de Medidas Sócioeducativa e atuou como juiz titular em comarcas do interior do Amazonas por 14 anos.