
* José Alcimar de Oliveira
Entre o que somos e podemos ser, estamos, sempre, na fase pré-histórica de nosso devir teleológico. Conhecedor da condição humana, Nietzsche nos aponta o desafio maior de nos tornarmos o que somos.
Como é humanamente possível ao ser social – e aqui integro Nietzsche a Marx – tornar-se o que é? Reconhecendo – e agora Sartre entra na conversa – que não somos o que somos e somos o que não somos.
O que somos é, simultaneamente, nessa dialética histórica e existencial, limite e possibilidade de efetivação ontológica. O jesuíta polonês Estanislau Kostka (1550-1568), colhido pela morte antes dos 18 anos, tinha como lema existencial o desafio de que nascera para coisas maiores – ad maiora natus sum.
Mas há os que preferem regredir da pré-história aos limites pré-ontológicos. Mais ainda: convertem o subdevir da regressão ontológica em sistema de vida social.
Apostam em multiplicar travas para impedir que a condição ontológica do que é permaneça aprisionada aos limites da impossibilidade de ser.
Segundo Adorno, dedicam-se à construção de si mesmos sem si mesmos. É o antiestalinavismo do ad minora natus sum. Não há caminho ad maiora, para concluir com Kant, quando a conjuração social do esclarecimento se erige como projeto.
Insistir nesse tortuoso caminho, dizia o sábio de Koenigsberg, se afigura como crime de lesa-natureza.
*José Alcimar de Oliveira, professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Amazonas e filho dos rios Solimões e Jaguaribe. Em Manaus, AM, 22 de novembro de 2019.
Imagem: Blog “Sentido Social“