Covid-19: Idosos representam 15,9% entre infectados e 73% dos mortos

Foto: Sepultura no Cemitério Tarumã. Agosto de 2020. (Rosiene Carvalho).

A maior taxa de contaminação do coronavírus no Amazonas se concentra entre pessoas com idade entre 20 e 49 anos, mas as mortes em decorrência das complicações da doença avançam sobre a população idosa do estado. A constatação é do relatório epidemiológico da FVS (Fundação de Vigilância em Saúde) divulgado no dia 31 de dezembro.

Só em Manaus, as pessoas acima de 60 anos representam 15,9% dos quadro de infectados controlado pela Prefeitura de Manaus, mas quando comparados ao registros de mortos o percentual nesta faixa etária sobre para 73,2%. Os dados são do Departamento do Centro de Inteligência de Dados divulgado no dia 28 de dezembro pela Prefeitura de Manaus.

Segundo este levantamento os idosos com idade entre 60 e 69 anos são 9,2% do total de infectados da cidade. Mas a faixa etária aparece com 25,2% dos mortos.

Os infectados com idade acima de 70 anos representa um percentual ainda menor entre o total de pessoas que se contaminam com covid-19 em Manaus: apenas 6,7%. No entanto, é nesta faixa etária que o vírus é mais fulminante. Isso porque 48% dos mortos com a doença em Manaus tem acima de 70 anos.

De acordo com o relatório da FVS, os mais jovens se expuseram mais ao vírus e abandonaram as medidas de proteção contra a doença, que são uso de máscara e distanciamento social, colocando em risco de morte os mais idosos.

“As investigações epidemiológicas apontam que a população mais jovem está se expondo mais e transmitindo o vírus aos familiares suscetíveis (…) Notoriamente, nos meses de novembro e dezembro, as festas clandestinas com a reunião de milhares de jovens levaram a que os mesmos se infectassem, apresentando quadro brando ou assintomático e transmitissem o vírus aos familiares, principalmente idosos e portadores de doenças crônicas, que cursam com gravidade, demandando hospitalização, leitos de UTI e muitos deles apresentando desfecho fatal”, afirma trecho do relatório.

A FVS destaca o abandono dos cuidados para evitar ser contaminado. “É digno de registro que após o impacto inicial com o número de casos e óbitos no pico da pandemia, é evidente o abandono das medidas de proteção por grande parte da população em suas atividades rotineiras”.

Entre os doentes mais severamente impactados pela doenças estão os com condições crônicas de problemas de saúde e que são considerados, por isso, grupos de risco: hipertensos, diabéticos, cardiopatas, obesos, pacientes com causas oncológicas e outros. Neste casos, a probabilidade de internação em leitos clínicos ou de UTI e evolução para óbito é maior.

De acordo com dados da PNAD Contínua 2019 do IBGE, Manaus tem hoje uma população idosa de 199 mil pessoas. Em todo o estado, são 369 mil idosos.

Na faixa etária entre 50 e 59 anos, o percentual de mortos é de 13,8% e elas representam 16,6% dos infectados.

Entre 40 e 49 anos, 8,1% dos óbitos e 23,8% dos infectados.

As pessoas com idade entre 30 e 39 anos, representam 3% dos mortos por covid-19, em Manaus. Mas estão entre as mais infectadas e possíveis vetores da doença, de forma sintomática ou não: 22,5%

Ente 25 e 29 anos, o percentual de mortos é de 0,6%. Entre os infectados esta faixa etária representa 8,4%.

O mesmo percentual de óbitos (0,6%) atinge a faixa etária de 18 a 24 anos, que registram 7,1% dos infectados.

Entre 13 e 17 anos, o percentual de morte é de 0,2% e de crianças ate 12 anos, 0,5%.

A maior parte da população apresenta formas brandas ou nenhum sintoma da doença, mesmo quando infectada e possível transmissora do vírus. Em função da falta de sintomas, procuram menos diagnósticos e testes.

Doenças respiratórias sazonais, acidentes de trânsito e violência ajudam a pressionar a rede de saúde

Um outro fator que piora a condição dos pacientes é a pressão sobre o sistema de saúde que, além da explosão de casos do covid-19, também registra acréscimo neste ano por doenças respiratórias, acidentes de trânsito e em função de violência. A diminuição de circulação de pessoas provoca a queda de registros de doenças que são transmitidas da mesma forma que a covid-19.

“A rede de urgência e emergência de saúde estadual, como é comum nesta época do ano, também se encontra sobrecarregada com atendimento de traumas por causas externas, como acidentes de trânsito, homicídios e violência e outros, além da demanda aumentada por outras doenças agudas e crônicas”, destaca o relatório da FVS.

Atenção às crianças menores de cinco anos

Nesta segunda-feira, dia 4, a diretora-presidente da FVS, Rosemary Costa Pinto, destacou preocupação com doenças respiratórias graves que atingem as crianças neste período e que também tem registrado aumento de ocupação de leitos em hospitais infantis. Rosemary afirmou que os pais devem ter especial preocupação com crianças com idade abaixo de cinco anos.

“Temos registrados aumento de casos em crianças menores de cinco anos, principalmente menores de um ano. Então, há necessidade de nós prestarmos a devida atenção aos sintomas gripais nas crianças para que tenham atendimento adequado. Nas próximas semanas, vamos começar também a ter circulação de H1N!”, disse.

A diretora-presidente da FVS disse que alguns pacientes, além de sintomas de covid-19, apresentam sintomas de rinovírus, que pode confundir diagnósticos. Ela destacou que é necessário que a população tenha total adesão às medidas de prevenção que são uso de máscara, higiene das mãos e distanciamento social.

Uso de máscaras corretamente

“Neste momento, não devemos nos aglomerar. Neste momento, é fundamental o uso de máscaras e higienizar adequadamente as máscaras Não adianta usar as máscaras dias seguidos. Para prevenir não apenas os casos de covid e de outros vírus respiratórios e continuemos a lavar as mãos com água e sabão com frequência”, declarou..

O relatório da FVS indica que em um evento social com cem pessoas a probalidade de encontrar uma pessoas com covid-19 é de quase 60%. Atualmente, nos últimos três dias, o Amazonas registra uma média de 1.025 casos novos por dia, o que indica um grande contingente de pessoas com a doença ativa, ou seja, potenciais transmissores do vírus que estão levando a um aumento explosivo no número de casos e ao colapso do sistema de saúde