
A advogada criminalista Catharina Estrella declarou que são absurdas as acusações que o advogado do delegado Gustavo Sotero, Claudio Dalledone Júnior, faz contra Wilson Justo.
Claudio Dalledone declarou em entrevista exclusiva ao blog que Wilson Justo agiu de forma “criminosa” e o que ocorreu no Porão no dia do homicídio, o dia 25 de novembro de 2017, foi um “confronto pela arma de fogo”. “Esse homem (Sotero) matou para não morrer”.
Catharina Estrella disse que Sotero não agiu conforme o treinamento que policiais recebem e que atirou para matar desde o primeiro disparo, colocando a vida de várias pessoas em risco.
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“Wilson não é e nunca foi criminoso. Criminoso é quem age como o cliente dele, o Sotero, que tendo treinamento adequado não o utiliza e age como um terrorista dentro de uma boate e só parou de atirar para a arma travou no quinto tiro. A arma entrou em incidente de tiro, senão ele continuaria a atirar”, declarou.
Catharina Estrella sustenta e deve apresentar estes argumentos no julgamento da próxima terça-feira, dia 29: que Sotero só não continuou a atirar porque a sexta bala travou e que os laudos que constam no processo comprovam isso.
“A bala engata. A sexta bala não entrou no cano adequadamente e parou. Mesmo que ele apertasse não saía. O movimento entalou, impedindo que ele matasse mais pessoas naquele ambiente”, declarou.
Catharina Estrella disse que Wilson deu um murro após reclamar sobre olhares para a mulher dele e ouvir comentários de Sotero.
“As imagens mostram que o Wilson se incomoda e reclama com ele, que responde de forma debochada. Aí o Wilson perde cabeça e dá um murro. Ele conta que no retorno disse que era polícia. Isso é o que ele conta. Mas ele atira em região alta. O primeiro tiro era para atingir a cabeça do Wilson, mas ele se defendeu com o braço esquerdo. Ele era destro”, afirmou a advogada.
Catharina disse que Wilson correu para o mesmo lado que todos os que estavam no ambiente e fogem do local quando começam os disparos, que seria em direção à saída. Ela afirma que, na sequência das imagens, a cena que Wilson aparece indo em direção de Sotero e que a mulher dele Fabíola de Oliveira está no chão é para defendê-la.
“Wilson tenta desarmá-lo, claro. É o único momento. Numa situação em que ele fica com medo pela mulher que está caída no chão porque levou um tiro. É para evitar que ela seja baleada. Não há ataque anterior”, afirmou.
Catharina Estrella afirma que na ocasião do crime a autoridade policial não pediu exames que informasse sobre o estado etílico e toxicológico de Wilson e Sotero. A advogada disse ainda que há nos autos comprovação de que o delegado havia consumido três doses de whisky.
“Sei que o advogado dele tem um kit defesa que usa nos julgamentos de policiais alegando excludente de ilicitude. Mas não é o caso do Sotero. Os vídeos dele são de policiais de fora. As nossas testemunhas são de pessoas que estavam lá no Porão no dia do crime”, disse.
A advogada sustenta que Sotero agiu com intenção de matar sem que estivesse numa situação de agressão e por isso não é legítima defesa.
“Ele age com intenção de matar e não para se defender. Atirou depois que cessou a agressão. A legítima defesa tem que ser no momento em que está sofrendo ou prestes a receber a agressão. A vitima tinha parado qualquer tipo de agressão. Isso é covardia: quero matar e pronto”, afirmou a advogada.
Catharina Estrella encaminhou ao blog um vídeo do depoimento, por meio de carta precatória, de uma das testemunhas apontadas pela defesa no curso do processo. O vídeo deve ser usado contra o delegado Sotero no julgamento.
Trata-se de Sérgio Ricardo Leite, que, acredita ter sido arrolado em função de seu conhecimento técnico sobre treinamento e procedimento policial. Ele, no entanto, diz que não tem nada de bom para falar sobre a conduta de Sotero e não entende porque foi chamado pela defesa.
“Me causou estranheza ser arralado como testemunha neste caso, sem ser consultado. O advogado de defesa é meu amigo há quase 30 anos. Já advogou para mim e já pediu para que eu fizesse uma espécie de depoimentos técnicos devido à nossa expertise nessa área de treinamento e procedimentos policiais. Se ele acha que eu sou amigo dele e vou vir aqui defender uma pessoa somente porque ele é policial. Eu não tenho nada de bom a falar quanto à conduta desse policial”, declarou.
Veja vídeo neste link:
Foto: Divulgação Catarina Estrella