
A defesa de Alejandro Valeiko, enteado do prefeito de Manaus, Arthur Neto (PSDB), divulgou ao blog, vídeo com imagens internas das portarias do Condomínio Passaredo do dia em que o engenheiro Flávio Rodrigues foi assassinado, no dia 29 de setembro.
O condomínio fica na Ponta Negra, Zona Centro-Sul de Manaus, e a polícia suspeita que Flávio possa ter sido morto no local.
No vídeo, a defesa apresenta uma edição que diz seguir a ordem cronológica de entrada e saída de veículos envolvidos no caso no dia do assassinato.
O vídeo mostra que o carro da Prefeitura de Manaus, com Elizeu da Paz e Mayc Parede, entra no condomínio “dez minutos” após o Fox branco de Flávio Rodrigues chegar ao Passaredo e cerca de 13 minutos depois sai do condomínio.
“Eles tinham ido à (loja de) conveniência comprar bebidas, chegam no condomínio e 10 min depois o Elizeu chega. Nesse intervalo, não teria nem como ter havido briga, morte, alguém ligar para esconder o corpo ou algo do tipo e a pessoa chegar tão rápido”, alega um dos advogados do enteado do prefeito, Diego Gonçalves.
No vídeo, no momento em que Elizeu entra no condomínio no veículo da prefeitura há imagens dos agentes da portaria que permitem a entrada sem nenhuma ligação para a casa de Alejandro.
Uma legenda feita pela defesa afirma que o segurança do prefeito entra no condomínio e vai para a casa de Alejandro sem que as pessoas que estavam na residência soubessem que ele estava indo ao local.
Uma outra imagem que é posta em destaque no vídeo pela defesa é a saída de Elizeu e Mayc cerca de 13 minutos depois da chegada de ambos. Mayc, que entrou ao lado do motorista, está no banco de trás e, nestas imagens, com maior clareza, ele parece usar os dois braços para segurar alguma coisa.
Para a defesa – e a polícia também indica essa hipótese – era Flávio.
“O vídeo e as declarações do Parede são verdadeiras pois ele visivelmente está segurando e imobilizando o Flávio no banco detrás. Ninguém imobiliza quem já está morto. Se tivesse morto, se essa hipótese fosse verdadeira, para que imobilizar? Portanto, Flávio não foi morto no condomínio. Isso mostra que essa tese é simples ilação, sem fundamento, para se tentar incriminar a qualquer custo o Alejandro”, declarou o advogado.
Não há ainda informações que tenham vindo a público sobre outros elementos que devem contribuir para elucidar o caso, entre os quais: o laudo da Casa de Alejandro para saber se havia marcas de sangue de Flávio no local, o laudo da perícia no carro da Prefeitura de Manaus que é apontado pela investigação e pela defesa como veículo a retirar Flávio do local do crime, a quebra de sigilo telefônico que foi feita à justiça, entre outros componentes técnicos da investigação.
Há duas versões para o caso, até agora, e ambas questionadas pela investigação. Uma apresentada pelo prefeito de Manaus, Arthur Neto, horas após o homicídio e outra apresentada por Mayc Parede que assumiu o crime e inocentou a todos, incluindo o enteado do tucano.
Veja o vídeo na íntegra:
Caso Flávio Rodrigues
Flávio foi encontrado morto num terreno no bairro Tarumã, com marca de seis facadas na costas, perna e barriga, horas após se reunir no dia 29 de setembro com outros homens na casa de Alejandro Valeiko. A casa de Alejandro foi o último local que Flávio foi visto vivo antes do homicídio.
O desembargador José Hamilton Saraiva dos Santos afirmou, na decisão que determinou prisão temporária de 30 dias para Valeiko no dia 7 de outubro, que “fatos concretos evidenciam” participação dele no assassinato do engenheiro.
Elizeu da Paz foi considerado pelo delegado do 19º Dip (Distrito Integrado de Polícia), Aldeney Goes Alves, que iniciou as investigações e fez os pedidos de prisão, como suspeito de “autoria ou participação” no homicídio do engenheiro Flávio Rodrigues e que usou veículo do executivo municipal no crime.
Elizeu era policial militar lotado na Casa Militar da Prefeitura de Manaus e foi exonerado duas semanas após ser preso. A defesa de Elizeu nega a acusação.
A polícia também pediu prisão temporária de Vittorio Del Gato (cuidador de Alejandro), Elizeu da Paz Souza (policial lotado na Casa Militar), Mayc Vinícius Teixeira Parede (amigo do policial), José Evandro Martins de Souza Júnior e Elielton Magno de Menezes Gomes Júnior. Os dois últimos estavam na casa de Alejandro, no dia do homicídio. Del Gato foi liberado.
Outra prisão ocorreu nas últimas semanas: um homem que, segundo a Polícia forneceu cocaína para ser consumida na casa do enteado do prefeito antes do assassinato.
Foto: Reprodução Vídeo