Deputado diz que, após depor na CPI, ele e a mãe estão sendo ameaçados de morte por “mafiosos e bandidos”

Deputado Fausto Júnior e senador Omar Aziz, durante depoimento do parlamenta da ALE-AM na CPI Foto: Agência Senado

O deputado estadual Fausto Júnior (MDB) declarou que ele e a mãe, a conselheira do TCE (Tribunal de Contas do Estado) Yara Lins, estão sofrendo ameaças de morte feitas por “bandidos, mafiosos e vagabundos”. Fausto alega que as ameaças são tentativas de intimidação porque ele está enfrentando “o sistema” e que as ameaças começaram após o depoimento dele na CPI da Covid, no Senado,

“Nada disso vai me intimidar. Hoje, lamentavelmente, eu venho aqui falar de forma serena e tranquila, porque essa é a minha personalidade, o meu perfil, que já encaminhei aos órgãos de segurança do meu estado. Lamentavelmente, estamos recebendo ligações com ameaça de morte, minha mãe. Isso é muito triste, mas é o que nos motiva. Mostra que estamos enfrentando o sistema. Enfrentando pessoas absolutamente mafiosas”, disse.

O deputado Fausto e o presidente da CPI da Covid no Senado, Omar Aziz PSD, se enfrentaram esta semana durante depoimento no Senado. Fausto falou das investigações da Maus Caminhos, que recaem sobre o senador Omar Aziz, seus irmãos e mulher, a deputada estadual Nejmi Aziz PSD. Omar acusou a mãe de Fausto, a conselheira do TCE de usar o cargo e o mandato do filho para enriquecer ilicitamente.

O senador disse que, por isso, Fausto não indiciou o governador Wilson Lima no relatório final da CPI da Saúde, na ALE-AM (Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas), em função de um esquema de desvio de recursos públicos envolvendo empresas e a mãe de Fausto.

“Estamos enfrentando o sistema. Enfrentando pessoas absolutamente mafiosas”

Fausto Júnior, deputado estadual e filho da conselheira do TCE-AM, Yara Lins

Na manifestação nas redes sociais, Fausto disse ainda: “Não venho de forma alguma acusar, mas esperar na justiça que se encontre os responsáveis por isso, que sejam presos. Porque essa coisa de intimidação é coisa de bandido, de vagabundo e isso a gente não vai admitir”.

Sem dar detalhes, Fausto disse que está recebendo muita informação e que vai em busca de justiça em relação a coisas que há muito tempo ficaram encoberta no estado. “Meu compromisso é tirar essas coisas debaixo do tapete. E expulsar toda essa corrupção e toda essa coisa suja que existe no nosso estado para sempre”, declarou.

O deputado nega as acusações de que o patrimônio da família tenha sido construído por meio de atos de corrupção dele ou da mãe no TCE.

“Todos esses ataques à minha família, à honra de pessoas que sempre trabalharam, eu e minha família temos o mesmo patrimônio, temos a mesma casa, o mesmo carro, viajamos para o mesmo local desde antes de ter mandato. E tudo isso nada mais é que uma tentativa de se criar uma narrativa para ferir a minha honra, a honra da minha mãe. Isso realmente é uma forma covarde de contra-atacar quem foi ao Senado apenas para falar a verdade”, declarou.

Deputado Fausto Jr e a mãe dele, a conselheira Yara Lins

Maus caminhos e indenizatórios

Convocado a depor da CPI da Covid na terça-feira, dia 28, em função de ter sido o relator da CPI da Saúde na ALE-AM, Fausto focou em confrontos com o presidente da comissão, o senador Omar Aziz destacando as investigações da Manaus Caminhos, que tem o senador, irmãos e mulher entre os investigados. Fausto também afirmou, durante o depoimento, que deveria ter indiciado Omar na CPI da Saúde em função de pagamentos indenizatórios feitos no governo dele.

A medida não é ilegal, no entanto, é hoje quase uma regra em vários setores do governo e, segundo a conclusão da CPI da Saúde na ALE-AM, uma das principais portas para os desvios dos recursos públicos na pasta.

O parlamentar afirma que o colapso no sistema de saúde iniciou com a desestrutura e corrupção de governos anteriores ao de Wilson Lima. A fala sobre os indenizatórios provocou reações de Omar e Eduardo Braga, que admitiram que fizeram pagamentos desta forma, mas negam irregularidades.

Após o deputado de primeiro mandato, hoje filiado ao MDB do senador Eduardo Braga peitar o senador Omar Aziz, Fausto passou a figurar como o queridinho dos bolsonaristas e dos adversários de Aziz. A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) postou fotos e vídeos com Fausto elogiando o deputado amazonense e criticando o senador Omar Aziz, com quem a deputada trocou insultos na semana anterior.

O marido de Zambelli e comandante da Força Nacional, coronel Aginaldo, também postou fotos com Fausto e o chamou de “patriota”. O presidente Bolsonaro, na sua tradicional live de quinta, também citou Fausto Júnior, o elogiando.

Com aparência de assustado após o senador Omar e outros senadores dispararem com perguntas que ele não respondeu, Fausto mudou o tom após as manifestações de apoio. Em entrevistas em Manaus e nas suas rede, ele tem novamente buscado o confronto com o senador.

Impeachment Wilson Lima e outros pontos da investigação

Fausto disse também nas redes sociais que, conforme anunciou no Senado, vai assinar o pedido de impeachment contra o governador Wilson Lima. Ele foi contestado por vários senadores sobre o motivo de não ter indiciado o governador no relatório que serve de base para Operação Sangria, que tem Wilson Lima como principal investigado. Antes, porém, Fausto disse que encaminhou requerimentos para serem acrescentados alguns pontos à investigação.

A reportagem entrou em contato com Fausto Júnior para saber o conteúdo dos requerimentos e ter acesso ao B.O. sobre as ameaças que ele alega receber. O deputado informou que entregará os documentos nesta segunda, dia 5, ao blog.

A assessoria de comunicação do TCE-AM foi procurada para saber se a conselheira Yara Lins iria comentar sobre as ameaças de morte, mas até o fechamento desta matéria neste domingo, dia , não obteve resposta.

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