Deputado reafirma que MP-AM foi usado para proteger governo e acusa promotor de advogar para Wilson

O deputado estadual Serafim Corrêa (PSB) voltou a declarar que o MP-AM (Ministério Público do Estado do Amazonas) foi usado para proteger o governo das investigações de suspeita de irregularidades na saúde e acusou o subprocurador de justiça e promotor Fábio Monteiro de “advogar” para o governador Wilson Lima (PSC) e fazer parte de uma “banda podre” do órgão.

“Eles que politizaram. Eu estou no exercício do meu mandato. Não posso ficar calado ao ver o MP fazer uma brincadeira de querer proteger o governador (…) Não posso ficar calado quando o doutor Fábio age como advogado do governador. Isso não. Aí não”, declarou Serafim Corrêa.

Na semana passada, o deputado acusou o MP-AM de ser subserviente conivente com os atos suspeitos do executivo ao levantar suspeitas sobre os objetivos e a forma como foi conduzida a operação Apnéia, suspensa no mesmo dia por decisão do STJ (Superior Tribunal de Justiça). A decisão do STJ é que a investigação sobre os respiradores deve se concentrar na PGR (Procuradoria Geral da República).

O MP-AM teve que entregar à PF (Polícia Federal) no dia seguinte todo material apreendido nas casas de ex-secretários e funcionários de baixo escalão da Susam (Secretaria de Estado da Saúde) com o apoio da Polícia Civil do Amazonas.

A manifestação de Serafim Corrêa ocorreu durante o grande expediente da sessão virtual da ALE-AM desta terça-feira, dia 23. Serafim esperou a sessão para responder à nota que o MP-AM emitiu na quinta-feira passada, dia 18, sobre a primeira manifestação do parlamentar durante a CPI da Saúde, no mesmo tom.

A diferença do discurso desta terça-feira é que Serafim, após a nota insinuar que o deputado age com covardia e por frustração em relação ao MP-AM, partiu para uma acusação direta contra o suprocurador Fábio Monteiro.

O deputado voltou a mencionar a coletiva do MP-AM e disse que o subprocurador do MP-AM Fábio Monteiro atuou como porta-voz do Gaeco e “advogado do governador” ao dizer que o governador não era alvo da investigação porque não era ordenador de despesa.

“Eles não tem coragem de citar meu nome. Tenho maior respeito pelo MP-AM e por seus membros, mas não posso ficar calado quando o doutor Fábio age como advogado do governador. Isso não. Aí não”, declarou Serafim.

Serafim classificou a nota do MP-AM com conteúdo de “meias verdades” e de politizar o assunto.

“Eles que politizaram. Eu estou no exercício do meu mandato. Não posso ficar calado ao ver o MP fazer uma brincadeira de querer proteger o governador”, disse.

O deputado afirmou que o MP-AM moveu ações contra ele quando era prefeito numa “perseguição”, mas perdeu todas por serem improcedentes. Neste ponto, o parlamentar voltou a provocar o promotor Fábio Monteiro.

“Não tenho frustração na vida e nem na política. Sou um homem realizado. Ando na rua de cabeça erguida. Disputei 16 eleições. Em nenhuma tive zero votos. Ganhei e perdi. Mas em nenhuma tive 0 votos do eleitorado. Quem tem zero votos no eleitorado foi repudiado pelo eleitorado”, disse.

Quando disputou a vaga de desembargador em 2017, o promotor e então PGJ (procurador geral de justiça) Fábio Monteiro foi derrotado na escolha dos desembargadores do TJ-AM que não deram nenhum voto a ele. Na ocasião, atuando semanalmente entre os membros do tribunal, o PGJ não foi votado por nenhum dos eleitores do colegiado.

Os concorrentes de Fábio Monteiro foram melhor na disputa: Hamilton Saraiva recebeu 20 votos, Antonina Valle, 13, e Francisco Cruz, 12. Hamilton foi o escolhido para a vaga de desembargador.

Serafim Corrêa terminou o discurso, em que o único nome do MP-AM citado foi o do subprocurador Fábio Monteiro, afirmando não temer a banda podre do MP-AM. Serafim foi procurado pela reportagem e questionado se ao falar em banda podre se referia ao mesmo promotor. O deputado confirmou.

“O MP não está imune à crítica. O que fez ultimamente não foi papel digno do MP. O tempo vai mostrar que se prestaram a tentar encobrir uma coisa que está fedendo muito (…) Eu não tenho medo dos senhores, principalmente dessa banda podre do MP”, declarou.

Outro lado

A reportagem procurou a assessoria de comunicação do MP-AM e questionou se haveria por parte da instituição e do promotor Fábio Monteiro manifestação sobre as declarações do deputado.

A assessoria informou que uma nota deveria ser emitida até meio-dia. Até o fechamento desta publicação, às 13h18, não houve nenhuma outra manifestação do MP sobre o caso.

Veja neste link as declarações de Serafim, durante a sessão da ALE-AM.