Derrotado na Educação, Wilson agora enfrenta ameaça de greve geral

A reunião e ameaça de greve geral de 34 entidades sindicais e associações de trabalhadores neste sábado, dia 13, na sede da Apeam (Associação dos Praças do Amazonas) podem colocar o Amazonas numa situação dramática política e administrativamente.

Um dado recente reforça essa expectativa e foi exposto durante a greve dos profissionais de Educação: o Governo Wilson Lima não soube dialogar e negociar com a categoria, fez jogadas que tensionaram a relação e o caso só foi resolvido quando passou a ser conduzido pela ALE-AM (Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas).

A greve envolvia apenas uma categoria e se arrastou por mais de um mês, representou desgaste para o governo e prejuízos para professores e famílias de estudantes.

A ALE-AM está em recesso. Deputados viajam neste período e só voltam ao trabalho no dia 1º de agosto.

Funcionários públicos

As 34 entidades que se reuniram no sábado decidiram marcar uma assembleia geral para as 9h do próximo sábado e, neste dia, decidir se haverá greve geral e a partir de que data. As lideranças querem que o governo volte atrás e não sancione a lei.

A base que se tem agora

Ter quinze votos num projeto altamente desgastante para os parlamentares foi positivo para o governo na balança da relação com o parlamento, especialmente para quem ficou dois meses sem líder na Casa.

Mas os votos contra do presidente da ALE-AM, Josué Neto (PSD), e do, até então, vice-líder do governo Cabo Maciel (PR) pesaram na repercussão negativa.

Entre deputados da base, há dúvidas sobre a repercussão dos votos, considerando que ambos são lideranças importantes no parlamento e engrenagens da construção da base que se tem agora.

Como fica quem vai pagar desgaste?

Há expectativa se os dois serão tratados com rigor, na relação com o governo, ou terão compreendidas as razões. Que sinais serão dados aos demais deputados que vão pagar o desgaste?

Josué e Cabo Maciel são pré-candidatos em 2020.

Fiel da balança

O voto contrário do deputado Serafim Corrêa (PSB) na questão tem grande efeito entre os trabalhadores em função da postura equilibrada quando critica o governo e pelo conhecimento que tem sobre orçamento público.

Em suas redes sociais, Serafim justifica o voto contrário: “Esses reajustes foram combinados há um, dois meses atrás. Isso fica muito ruim. Há uma ruptura de confiança com os servidores”, declarou.

É uma fala de credibilidade contrária ao discurso que o governo defende associada a dois votos de outros dois experientes deputados da base que também não quiseram referendar o discurso do Executivo.

Governo queria tirar da ALE para dar a Defensoria

Um outro dado da relação Executivo e Legislativo foi sutilmente registrado na semana passada. Na proposta encaminhada pelo governo da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), a sugestão era que a ALE-AM abrisse mão de 0,1% de seu orçamento de 4,1% para ampliar o orçamento da Defensoria Pública, que era de 1,4%.

O vice-governador Carlos Alberto Almeida é defensor público.

Na votação da ALE-AM, sem gritas, a Defensoria conseguiu ampliar o orçamento mas quem abriu mão foi o governo, que também cedeu 0,1% para o MP-AM (Ministério Público do Estado), órgão que demonstrou rigor com o governador Wilson Lima (PSC), neste início de mandato.

Tirem férias

Deputado da base relatou constrangimento com abordagens e falas de pessoas do governo nas reuniões que precederam a votação da sexta-feira, 12, relacionada ao salário dos servidores.

Num determinado momento da reunião, uma pessoa do governo propondo que a votação fosse na quinta, dia 11, sugeriu: “Votem quinta e viagem no final do dia, quando voltarem todo mundo já esqueceu”.

Um deputado, que pediu para não ser identificado, comentou, em tom irritado: “Não disfarçam que não entendem nada de política”.

Foto: Hudson Fonseca/ALE-AM – Divulgação