
Com 49,99% da população de Manaus imunizada com duas doses de vacina, o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante) faz campanha pela vacinação defendendo que as pessoas, em relação à saúde, não ouçam líderes políticos e religiosos e sim a medicina.
Evangélico, prefeito atribui a políticos e lideranças religiosas negacionistas o não retorno de 280 mil pessoas para a segunda dose contra Covid-19 em Manaus.
“Estamos ainda vivendo a pandemia das pessoas que não querem se vacinar. Esse é um problema. Temos pessoas que pegaram a primeira dose e não foram pegar a segunda dose. Em matéria de saúde, ouça seu médico. Esqueça seu líder político e seu líder religioso”, declarou em entrevista à rádio BandNews Difusora na sexta-feira, dia 22.
Há um ano, antes mesmo de assumir, David Almeida prometeu distribuir o chamado “kit-covid” à população de Manaus em meio ao aumento de casos na segunda onda da doença que levou o sistema de saúde ao colapso e mortes por falta de assistência e até de pacientes sem oxigênio na cidade.
O incentivo de medicamentos sem comprovação científica do kit-covid e o uso do Amazonas e Manaus como cobaia para os experimentos colocaram membros dos governos federal e estadual como alvo de investigação por parte do Ministério Público Federal e da CPI da Covid.
Recentemente, ao ser questionado sobre o fato, David Almeida disse que não faria novamente e que na ocasião não tinha informações suficientes sobre as medicações.
A declaração ocorre há poucos dias da visita a Manaus do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), que se nega a tomar a vacina e critica a mesma publicamente. Neste domingo, dia 24, o Facebook e o Instagram tiraram do ar os vídeos da live, transmitida na quinta-feira, dia 21, em que o Bolsonaro à vacina da Covid. Entidades médicas e científicas lamentaram e contestaram as informações falsas divulgadas pelo presidente.
O presidente Bolsonaro deve pernoitar em Manaus nesta terça-feira, dia 26, e terá agenda na cidade nos dias 27 e 28. A princípio, apenas foi divulgada uma agenda na igreja Assembleia de Deus.
Imunização e flexibilização do uso de máscaras
Na mesma entrevista de sexta-feira, David Almeida afirmou que Manaus deve alcançar a marca de 70% da população imunizada em novembro, quando pretende iniciar a flexibilização dos decretos municipais sobre a obrigatoriedade do uso de máscaras em público. O prefeito disse que este percentual só não foi alcançado ainda em função da quantidade de pessoas que se negam a tomar a vacina.
No domingo, ele informou que 280 mil pessoas tomaram a primeira dose e não apareceram para tomar a segunda dose. O prefeito disse que a zona Oeste de Manaus é a que concentra o maior número de pessoas que se negam à completar a imunização, embora haja faltosos em todas as zonas da cidade.
“Muitas pessoas estão dando muito ouvido a questões políticas e religiosas. E, olha, que eu sou evangélico e da época que éramos chamados de protestantes. Sou de uma igreja tradicional e ouço pessoas falando sobre isso. A vacina é a nossa arma principal no combate à pandemia. A vacina traz vida e segurança. Muitas pessoa não tiveram essa oportunidade. Infelizmente, minha mãe não teve essa oportunidade de se vacinar”, disse.
E acrescentou: “Não posso dizer que temos vacinas sobrando, mas posso dizer que temos uma oferta de vacinas maior que a demanda porque existem pessoas que não querem se vacinar. Portanto, eu peço a você. Faço esse apelo em nome da sua família, em nome da saúde e da vida”.
Bolsonarista
Logo após os escândalo dos fura-filas no início das aplicações de vacinas, incluindo secretários municipais, a gestão David apostou na vacinação contra convid e no aumento de pessoas imunizadas. E usa o resultado alcançado e as imagens que os mutirões registraram em Manaus como peça de marketing positivo para a imagem.
O prefeito, no entanto, não abriu mão de outros gestos que o aproximam do grupo político de Bolsonaro e tentam reproduzir a forma como o presidente atua politicamente. O trato com a imprensa e jornalistas e a exposição de sua religiosidade em atos em que atua como chefe do executivo municipal têm sido um dos pontos de interseção de imagens.
OMS: pandemia longe de ter acabado
O chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom, declarou neste domingo que com 50 mil mortos por semana em todo mundo, a pandemia está longe do fim e disse que a mesma só acaba quando as pessoas decidirem acabar com ela. Adhanom defendeu uma melhor distribuição de vacinas em todo mundo, atingindo os Países mais pobres.
A OMS estabeleceu como meta 40% da população de cada País vacinada até o final deste ano e 70% até metade do próximo ano. Enquanto isso, mesmo aos imunizados, a OMS continua recomendando a adoção dos demais cuidados para evitar a circulação do vírus e o surgimento de novas variantes. As medidas são conhecidas: uso de máscaras e distanciamento.
“Não escondo que um dia quero ser governador”, declara David Almeida
Arthur Neto afirma que problemas em obras viárias são da gestão David e acusa prefeito de ingratidão