Ex-secretária da Susam é suspeita de comprar aparelho velho e inservível para UTIs em Bertioga

Presa e investigada na operação da PF (Polícia Federal) Sangria, a ex-secretária da Susam (Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas), Simone Papaiz, está no centro de uma nova investigação por suspeita de contrato com fraude e compra de equipamentos “inservíveis, velhos, negociados em mercado clandestino” e que representam risco de morte aos pacientes de UTIs.

As informações foram divulgadas pela assessoria de comunicação do MP-SP (Ministério Público de São Paulo) na manhã desta sexta-feira, dia 17, quando o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) se São Paulo cumpriu 12 mandados de busca e apreensão.

O MP-SP informou que os contratos suspeitos de Bertioga foram assinados pela ex-secretária de Saúde do Amazonas quando ela era secretária em Bertioga. A suspeita é sobre um contrato de locação de equipamentos hospitalares para implantação de 10 leitos de UTI adulto, com valor de R$ 483.300,00.

“Há suspeita que as empresas investigadas obtêm, no mercado clandestino, equipamentos médicos velhos e descontinuados, alguns até fora de uso. Eles recebem adaptações totalmente à revelia dos respectivos fabricantes, de modo que parte destes equipamentos acaba se mostrando inservível. Outros equipamentos, embora aparentemente funcionais, podem estar funcionando de maneira inadequada, colocando em risco, inclusive, a vida das pessoas que venham a fazer uso deles”, informa trecho de release divulgado no site do MP-SP.

Papaiz foi anunciada como a nova secretária de Saúde do Amazonas em meio ao aumento do número de casos e próximo ao colapso do sistema de saúde em Manaus. Substituiu o ex-secretário Rodrigo Tobias e com a convulsão do sistema nunca ficou claro como o nome da biomédica chegou ao Amazonas.

No dia seguinte à sua posse, o Governo do Amazonas emitiu nota para esclarecer que Papaiz tinha trajetória “idônea à frente de cargos públicos que ocupou nas esferas municipal e estadual em São Paulo”.

A nota foi emitida porque circulou nas redes sociais uma lista de processos em tramitação em São Paulo, que Simone aparecia como parte. O governo esclareceu na nota, na ocasião, que a secretária “não tinha condenação em processos judiciais e, dos seis processos que constam o nome dela na justiça paulista, em três deles, a atual secretária da Susam aparecia como autora”. 

Em três meses, a ex-secretária de Bertioga adoeceu de covid-19, recebeu multa e recomendação de afastamento do TCE (Tribunal de Contas do Estado) por criar obstáculos ao acesso às informação da Susam e foi presa na Operação Sangria que investiga contrato assinado antes de sua posse.

A decisão de prisão do ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Francisco Falcão afirma que Simone, ao assumir a Susam, passou a acobertar os atos do grupo criminoso instalado no Governo do Amazonas ao invés de impedir que irregularidades ocorressem na pasta.

A assessoria de comunicação do MP-SP informou que nenhum dos mandados de busca e apreensão foi cumprido em Manaus.

A reportagem procurou a advogada de Simone Papaiz, Catarina Estrella, mas as mensagens não foram respondidas até o fechamento desta matéria.

A respeito da operação Sangria, a ex-secretária emitiu nota quando saiu da penitenciária, após cumprir cinco dias de prisão temporária negando envolvimento em irregularidades. Na mesma ocasião, pediu exoneração do cargo de titular da Susam.