“Fatos que eu já não era mais governador, eu já estava no Senado”, afirma Omar após depoimento na PF

Foto: Site Estado Político

O senador e ex-governador do Amazonas Omar Aziz (PSD) declarou, após o depoimento prestado na tarde desta quarta-feira, dia 23, na sede da PF (Polícia Federal) que os fatos investigados na Operação Maus Caminhos não dizem respeito ao período em que ele governou o Estado.

Na sexta-feira, dia 19, a PF deflagrou a 5ª fase da Maus Caminhos, chamada de Vertex, que teve como alvo o senador, sua mulher e ex-primeira-dama Nejmi Aziz (PSD), além de três irmãos e funcionários que trabalhavam para o casal.

“Fatos que eu já não era mais governador, eu já estava no Senado. Fatos de 2015 e 2016 que agora vou ter a oportunidade de esclarecer e deixar as pessoas próximas a mim, os meus amigos tranquilos em relação a isso. Porque é  papel que tenho que fazer. Tenho obrigação de me defender. Tenho obrigação de mostrar a verdade para o povo amazonense”, declarou o senador em entrevista a jornalistas do jornal A Crítica e do site Estado Político.

Em 2015 e 2016, o Amazonas era comandando pelo ex-governador José Melo, que foi alvo da operação “Estado de Emergência” e preso em dezembro 2017.

Melo foi acusado de ter conhecimento e se beneficiar dos desvios de recursos públicos na Saúde do Amazonas.

Omar Aziz assumiu o Governo do Amazonas em 2010, quando Eduardo Braga se desincompatibilizou da função para disputar o Senado. Omar concorreu à reeleição e venceu. Em 2014, Omar também se desincompatibilizou do cargo de governador e disputou o Senado.

José Melo venceu as Eleições 2014 contra Braga e com o apoio de Omar. Em 2017, foi cassado pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).

Repercussão

Juristas e especialistas na área criminal avaliam que este trecho da entrevista se foi citado no depoimento, a depender da ênfase e conotação das palavras do senador, pode ser um erro de estratégia na defesa de Omar Aziz.

Estes mesmos juristas, que preferem não se identificar, avaliam que qualquer interpretação equivocada ou não pode levar outros investigados a entenderem falas assim como ataque.

Delação

Por duas vezes, o ex-governador José Melo tomou o cuidado de esclarecer que não fez e nem pretende fazer delação premiada. A primeira foi no segundo semestre do ano passado, após boatos sobre o assunto repercutirem em blogs de Manaus.

A segunda vez foi na sexta-feira passada. Advogados de Melo enviaram nota para a mídia informando novamente que ele não aderiu a este instrumento para se defender.

A delação premiada é um instrumento jurídico temido por vários advogados de defesas por toda repercussão no processo e na mídia que costuma provocar.

“Não tem a menor probabilidade disso ter acontecido”

O senador Omar Aziz, ao ser questionado pelos jornalistas, sobre os indícios de recebimento de propina, declarou: “Não tem a menor probabilidade disso ter acontecido”.

Ele também destacou que fez um governo bem avaliado.

“Tem coisas que você está sendo acusado e é a oportunidade de me defender. Talvez seja a oportunidade que tenho de mostrar que eu fui uma pessoa que claramente cumpri meu dever. Fiz um governo, principalmente na área de saúde, que as pessoas se lembram. Cuidei das crianças com deficiência. Fiz uma clínica para dependentes químicos. Fui o primeiro governador na história do Brasil a implantar uma vacina de HPV pelo  número de câncer de útero que tem aqui”, declarou.

A reportagem tentou contato com os advogados de Omar Aziz pelo telefone 981XX-XX09, mas as chamadas não foram atendidas.

Presos

De acordo com a assessoria de comunicação da Seap, dos três irmãos do senador Omar presos na Vertex, apenas Murad Aziz permanece preso no CDPM.

A prisão temporária não foi renovada, informou a Seap.

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