General, teu tanque é um carro poderoso

Imagem: Bertold Brecht (http://www.piraquara.pr.gov.br/)

Bertolt Brecht

Ele derruba uma floresta
E esmaga cem homens.
Mas tem um defeito:
Precisa de um motorista
.

General, teu bombardeiro
É poderoso.
Ele voa mais alto que um
Vendaval e carrega mais
Carga que um elefante.
Mas tem um defeito:
Precisa de um engenheiro.

General, o homem é
Muito útil.
Ele pode voar
E pode matar.
Mas tem um defeito:
Pode pensar
.

Em memória de B. Brecht, que há 123 anos, no dia 10 de fevereiro, constituiu-se como promessa e caminho, lux in tenebris, para libertar o teatro das amarras da distração burguesa.


Em 14 de agosto de 1956, aos 58 anos, tomou distância da imanência, na qual se fez transcendência pelo seu teatro épico, politico e pedagógico.

Ao romper com a dramaturgia pequeno-burguesa, repleta de adornos delirantes e tão dependente da esquizofrenia lacrimosa da culpa que interdita a ação, Brecht apostou na cena despojada e na capacidade humana de transfigurar o real pela objetivação das relações sociais em que o indivíduo habita e é habitado.

Ele articula num jogo dialético, em que toma a rua ou a praça como palco, o duplo devir do distanciamento crítico e da aderência destrutiva às formas de desumanização do mundo. Promotor de fluxos cognitivos e emancipatórios, Brecht criou com os oprimidos o mais universal e crítico palco de resistência da história do teatro político.

* José Alcimar de Oliveira é professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Amazonas, teólogo sem cátedra e filho do cruzamento dos rios Solimões e Jaguaribe.