Governador faz agrado para melhorar relação com servidores públicos

O governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), anunciou nesta segunda-feira, dia 7, o adiantamento da primeira parcela do 13º salário dos funcionalismo público e declarou que “os servidores são prioridade” no governo dele.

O discurso de Wilson Lima atua no sentido de retomar uma relação desconstruída em 2019, em vários momentos de tensão com diferentes setores do serviço público e dá protagonismo, nesta reconstrução, ao governador.

Parte dos funcionários, em função dos conflitos do ano passado, fez crítica pública ao governo e passou a se abrigar no terreno de adversários.

O governador também afirmou, nesta segunda-feira, que, “como fez o dever de casa”, o salário dos servidores públicos está garantido até o final do ano.

A data do adiantamento da primeira parcela do 13º será 25 e 26 de junho, segundo o governo. Serão R$ 220 milhões injetados na economia do estado, no final deste mês, após a segunda fase da retomada gradual do comércio na pandemia do covid-19.

Tensão

No ano passado, nesta mesma época do ano, o governador anunciava – e dias depois voltava atrás – o adiantamento do 13º. A ameaça da paralisação das cooperativas obrigou o governo a usar o caixa do adiantamento do 13º salário. Mais tarde, um fundo da Afeam foi usado para cobrir o rombo após uma proposta apresentada pelo deputado Serafim Corrêa (PSB).

A corda da relação os servidores também foi tensionada pelo tratamento aos professores na greve da categoria e as insatisfações da classe médica.

Teve ainda os riscos anunciados para o segundo semestre de 2019 de que o pagamento de salários poderia ser suspenso em função da crise financeira.

A lei do congelamento de salários em 2020 e 2021 foi a cobertura do bolo da má relação estabelecida pelo governo com os servidores públicos em 2019. A pandemia mostrou que foi desnecessário adiantar o assunto e que o governo pagou o desgaste à toa.

Wilson no centro, deputados ao redor

Anúncio positivo protagonizado pelo governador ao lado de deputados estaduais foi uma cena inexistente em 2019, quando as falas e e aparições de Wilson Lima eram ofuscadas pela imposição da imagem do vice-governador Carlos Almeida Filho.

Uma das cenas que mais marcou lideranças dos servidores públicos foi quando, durante uma reunião, Wilson Lima demonstrava atender ao pleito de servidores em greve e foi interrompido pelo vice que “gentilmente” o convidou a se retirar da reunião, conforme relatos de sindicalistas.

Nesta segunda-feira, o governador do Amazonas fez o anúncio aos servidores tendo ao lado oito deputados estaduais. E os parlamentares não estão presentes só em fotos. Neste momento, também atuam na indicação de cargos, aplicação de recursos públicos e decisões de governo até as de ordem sanitária.

A inclusão de igrejas na primeira fase da reabertura foi feita a partir da atenção a um pedido de lideranças evangélicas, representadas no parlamento pelo deputado estadual João Luiz, do Republicanos, partido do deputado federal Silas Câmara.

Nos bastidores, a informação é que o senador Omar Aziz (PSD) tem ajudado no meio de campo da relação de Wilson Lima com a ALE-AM.

“Está diferente”

Funcionários do palácio do governo avaliam que a saída de Carlos Almeida Filho de cena liberou oxigênio para o governador Wilson Lima. Para eles, Wilson está diferente: “mais presente em corpo e em espírito” no Governo do Amazonas.

Avaliam que até a fisionomia que agora tem aparência mais preocupada melhorou. Para eles, o “excesso de dicas de marketing” gerava imagem “oca ou artificial do governador”.

Outro ponto que é considerado favorável a Wilson Lima é a interrupção de viagens, marca do primeiro ano do governo. A presença dele na vivência diária dos conflitos do estado fez com que o Lima, eleito com a maior votação da história do Amazonas, se conectasse mais com a gestão pública.

“É outro Wilson”, disse um dos funcionários do governo ouvido pelo blog.

Aumento de arrecadação

Sobre os anúncios positivos para os servidores públicos em meio a prevista crise econômica que a pandemia deve deixar como herança, o economista e deputado estadual Serafim Corrêa atribui a um aumento de arrecadação nos primeiros meses do ano, no Amazonas.

Cortes de orçamento

Técnicos da Sefaz ouvidos pelo blog avaliam que o que faz com que o governador garanta que pagará os salários até final do ano é o corte de orçamento de algumas pastas, como as relacionadas ao setor primário, e o remanejamento deste recurso. Admitem que o aumento da arrecadação nos primeiros meses do ano também agiu como contenção.