
Em oito meses de gestão, o Governo Wilson Lima caminha para a quarta troca no primeiro escalão, antes de apresentar a prometida reforma administrativa. Desta vez, a mudança será na CGE (Controladoria Geral do Estado), órgão que zela pelo bom desempenho e controle do sistema administrativo, gastos e tomada de decisões.
A informação foi confirmada à reportagem pelo próprio controlador-geral do Estado, Alessandro Moreira.
Segundo Alessandro, ele prepara uma transição para o sucessor e deixa a CGE para auxiliar em outras missões importantes na Sefaz (Secretaria de Estado de Fazenda), onde é servidor de carreira há 13 anos.
Ao contrário da Seduc, que nomes foram sondados meses antes do ex-secretário Luiz Castro (Rede) se afastar, ainda não há indicação de quem deve ser o novo controlador do Estado..
Há pelo menos duas semanas, nos bastidores, a informação é que insatisfações poderiam levar o controlador a se afastar do cargo. Ele não confirma.
“A situação fiscal do Amazonas inspira cuidados. E a Sefaz está precisando de apoio na construção dos projetos de ajuste e sustentabilidade fiscal do Estado. Como conheço bem tais operações e tenho um bom trânsito técnico com os organismos de cooperação, irei retornar à Sefaz para coordenar tais projetos”, declarou o controlador.
A mudança na CGE deve ocorrer ainda este mês, segundo o controlador:
“Não estou saindo amanhã. Haverá uma transição com o futuro controlador-geral. Ao final de setembro, participarei do Encontro Nacional do Controle Interno e da Reunião Técnica do Conselho Nacional de Controle Interno, do qual sou conselheiro fiscal”, declarou.
Sala e cereja do bolo
Há cerca de três semanas, causou estranhamento a funcionários do governo o convite que o controlador geral recebeu para deixar uma sala que ocupava na sede Governo do Estado, no Palácio da Compensa.
Alessandro Moreira, desde o início do governo, despachava em duas salas. Uma na Sefaz e outra no palácio. Funcionários do governo, que pediram para não serem identificados, informaram que a sala desocupada era da vice-governadoria que precisou do espaço.
As trocas
Até aqui, os secretários que caíram não eram nomes considerados exatamente fracos no governo, quando foram nomeados. Ao contrário.
No entanto, ao menos três deles entraram em rota de colisão ou divergência na órbita do vice-governador Carlos Almeida Filho (PRTB), considerado hoje o nome de decisão no Executivo.
O primeiro a cair foi uma das peças consideradas mais influentes e fortes, naquele momento no governo: o empresário Marcelo Alex, que assumiu com o status de supersecretário e articulador institucional do Governo Wilson Lima.
A saída dele foi precedida por discussões ouvidas nos corredores do governo e discordâncias de práticas com o vice de Wilson. Quando Marcelo Alex caiu, Carlos Almeida saiu da Susam, indicando o sucessor e deixando sua equipe na pasta. O vice passou a ocupar o cargo de chefe da Casa Civil.
Mais recentemente, o primeiro político a declarar apoio à dupla de outsider na disputa pelo Governo do Amazonas em 2018, o ex-deputado estadual Luiz Castro também anunciou saída da Seduc, após uma série de denúncias de corrupção durante a gestão dele, que, embora não haja citação do nome de Castro, atingiram sua imagem.
As denúncias na gestão de Luiz Castro partiram, em grande parte, do procurador de Contas, Carlos Almeida, que é pai do vice-governador Carlos Almeida Filho.
Os momentos de entrada e saída de Luiz Castro do grupo político de Wilson Lima e Carlos Almeida estão em pontos inversamente proporcionais. Luiz Castro entrou com grande capital político, com imagem de independência e ética e saiu desgastado por denúncias e com parte de sua base em função da greve dos arrochos nas discussões salariais.
Outros nomes que caíram nestes primeiros meses do Governo Wilson Lima são o do ex-secretário de Inteligência, Sandro Sarkis, e o ex-presidente da Aades (Agência Amazonense de Desenvolvimento Econômico), Mike Ezequias dos Santos, também deixou a equipe de governo na ocasião que Marcelo Alex foi afastado.
Mike foi um dos apoiadores da campanha de Wilson Lima desde o início.
Foto: Divulgação Governo do Amazonas