Indicadores sociais dos Governos Braga e Omar são usados contra ZFM

Eduardo Braga e Omar Aziz. Foto: Senado/Divulgação via site Amazonas Atual

A matéria do jornal Folha de São Paulo desta quarta-feira, dia 26, que afirma haver falta de êxito na ZFM (Zona Franca de Manaus) no desenvolvimento regional usa indicadores sociais e econômicos dos Governos Eduardo Braga (MDB), Omar Aziz (PSD) e início do Governo José Melo (Pros) contra o modelo.

Com o título “Zona Franca não dá vantagem ao Amazonas, indica estudo”, a Folha de São Paulo apresenta trabalho acadêmico da Universidade Católica de Brasília e ouve quatro economistas, entre os quais o consultor da Reforma da Previdência, indicando pontos considerados negativos e de não cumprimento no Amazonas da expectativa de desenvolvimento regional.

A matéria afirma que, entre 2002 e 2014, o Amazonas quadruplicou “o custo” do modelo, fazendo uma referência às renúncias fiscais.

Mas, sustenta a reportagem, os subsídios não trouxeram vantagens econômicas na medida de indicadores de outros Estados, incluindo os do Norte do País, que não recebem os mesmos incentivos.

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O estudo usado pela Folha de São Paulo na matéria indica que “embora o emprego tenha melhorado o desempenho no Amazonas” em relação a outros Estados, houve crescimento de “parcela de trabalhadores de baixa escolaridade”.

A matéria diz que um outro trabalho dos autores do estudo da Universidade Católica de Brasília mostra dados negativos sobre Manaus, que concentra a maior parte dos investimentos da ZFM.

A reportagem diz que no período de aumento de concessão de subsídio na ZFM, Manaus não teve melhorias na alfabetização, na cobertura de água encanada e de esgoto.

“É possível que se os recursos tivessem sido investidos em educação, infraestrutura, saneamento e transporte nos últimos 20 anos, teriam beneficiado igualmente as empresas, mas também a população e o País”, declara o economista e professor da Universidade Católica de Brasília, Phillipp Ehrl.

“Aumentar o PÌB não é tudo”

O autor do estudo afirma: “Aumentar o PIB não é tudo que importa, é preciso elevar o bem-estar”.

A matéria não detalha a abordagem e os indicadores do Amazonas e de outros Estados.

Um gráfico é usados para indicar que o valor agregado da economia em comparação ao desempenho do País e da Região Norte cresceu menos que em outros estados.

Outro gráfico mostra que a população do Estado aumentou no período, apontando que a geração de empregos traz problemas com migração de pessoas de outras regiões em busca de oportunidades.

O economista Phillipp Ehrl aponta a questão como “preocupante” porque o aumento populacional não corresponde à melhoria da infra-estrutura urbana.

O terceiro gráfico publicado na matéria é usado para argumentar que não houve, no período de aumento de renúncia fiscal, evolução na qualificação dos trabalhadores do PIM.

Governadores

Entre os anos de 2002 e 2014, o Amazonas foi governado pelo ex-governador Amazonino Mendes, pelos senadores Eduardo Braga, Omar Aziz e pelo governador cassado José Melo.

O período dos dados usados pelo jornal inclui, portanto, o último ano do Governo Amazonino Mendes, todo os dois governos do senador Eduardo Braga, que tinha Omar Aziz como vice. Alcança todo o governo de Omar e o início do governo José Melo em 2014.

Braga iniciou seu primeiro governo em 2003 e encerrou o segundo em 2010, quando renunciou para concorrer ao Senado.

Omar Aziz assumiu e concorreu à reeleição nas Eleições 2010. Em março de 2014, renunciou para disputar o Senado e assumiu o governo o vice dele, José Melo.

Outro lado

O senador Omar Aziz (PSD) informou, na manhã desta quarta-feira, que iria analisar melhor as informações para responder. Mas contestou que indicadores sociais do governo dele tenham sido negativos.

Omar Aziz afirmou que economistas analisam a ZFM sem conhecer a região e o modelo. “Usam dados errados e não têm noção de como é Manaus. Não consideram os empregos indiretos que a ZFM gera”, declarou.

A reportagem enviou mensagem pelo celular para o senador Eduardo Braga sobre a publicação da Folha de São Paulo, mas até a publicação desta matéria não recebeu resposta.

Foto: Senado/Divulgação via site Amazonas Atual