Insatisfação com secretário é ponto comum entre parte do governo e grevistas

A greve de 30 dias tem efeitos políticos negativos na imagem do secretário de Estado Educação, Luiz Castro (Rede), no governo e entre os profissionais da Educação. 
No governo, o secretário é avaliado como alguém em crise de identidade.

Na galeria da ALE-AM, nesta terça-feira, dia 15, foi chamado de “enrolão” e “traidor da educação” pelos professores que lotaram o local em protesto ao discurso adotado pelo governador Wilson Lima (PSC) no dia anterior.

Wilson finalizou a mesa de negociação e disse que as lideranças do movimentam se guiavam por vaidades e por políticos com interesse de prejudicar o governo.

Luiz Castro estava ao lado de Wilson durante a coletiva. Nas redes sociais, professores também manifestaram opinião contrária ao secretário.

O professor de Ciências Sociais da Ufam Luiz Fernando Souza Santos, que assim como Luiz Castro disputou o Senado em 2018, o chamou de “serviçal” em postagem no Facebook sobre a greve dos professores e o pronunciamento de Wilson.

A publicação foi compartilhada em grupos de WhatsApp pelos próprios professores.

“A cena do pronunciamento ganha tons de melancolia, com Luiz Castro ao lado do governador, sem coragem de olhar para as câmeras, sem levantar a cabeça, balançando serviçalmente em sinal de concordância com Wilson Lima”, afirma Luiz Fernando.

Insatisfação

A crítica à postura de Luiz Castro na Seduc (Secretaria de Estado de Educação) pode ser considerada o único ponto convergente entre parte de membros do governo e parte dos professores.

No governo, diferentes e influentes vozes no entorno de Wilson Lima atribuem à inabilidade do secretário o ponto em que a greve chegou neste 30º dia.

Também consideram que o secretário deu “conselhos” negativos a Wilson e vendeu o que não podia entregar. Chegam a ironizar as avaliações erradas do braço político de Wilson no governo.

De vários lados há uma leitura de que Luiz Castro vive uma crise de identidade: não pode mais ter a postura de um deputado com discurso de oposição e não consegue ser um secretário de linha de frente e voz em defesa do governo.

Membros do Executivo, ouvidos pela reportagem e que não querem se identificar, demonstram irritação com o secretário e dizem desconfiar que o principal entrave na indefinição dele é a intenção de disputar as Eleições 2020. 
Avaliam que isso atrapalha a gestão Wilson Lima. 
No Palácio da Compensa, o comentário é que, se o governador não tivesse a linha que tem, Luís Castro já estaria em situação bem mais complicada.

Luiz Castro era deputado estadual de oposição. Até o ano passado, considerado aliado pelos professores.

Nas Eleições 2018, disputou uma vaga ao Senado e quase deixa o senador Eduardo Braga (MDB) sem reeleição.

Luiz Castro teve 581.553 votos. Braga recebeu 607.286 votos.

Foto: reprodução Facebook Governo do Estado do Amazonas