Líder de Bolsonaro diz que bancada do AM classifica queimadas na região como “histeria”

Foto: Deputada Federal Joice Hasselmann Divulgação Romero Reis

“Tirando os alinhados à esquerda, todos têm me dito que não passa de histeria”. Essa é a opinião da deputada federal e líder do Governo Jair Bolsonaro (PSL), Joice Hasselmann (PSL-SP) sobre como a bancada do Amazonas classifica o tema queimadas e desmatamento.

A pauta de repercussão internacional gerou uma crise entre o Governo Bolsonaro e a França, corte do financiamento que Alemanha e Noruega faziam do Fundo Amazônia alegando falta de controle das queimadas e decreto de situação de emergência pelo Governo do Amazonas, entre outras questões.

Joice disse que os deputados e senadores do Amazonas que ela tem tido contato relatam a impressão de que há histeria porque a situação é semelhante a de anos anteriores. A deputada disse que os parlamentares do Estado “têm contribuído para trazer a visão da região”.

A líder do Governo Bolsonaro afirmou que quis ver e ouvir de perto sobre as queimadas e foi até Tefé, quilômetros distante dos registros e de onde o as mesmas estão concentradas, para ter sua percepção do problema.

Ao final da visita, na sexta-feira, dia 30, Joice disse que o termo “Amazônia em chamas” usada na mídia nacional e internacional não passava de histeria.

A deputada afirmou que formulou esta sentença, que segundo a parlamentar será propagada para a população do Brasil, depois que sobrevoou a região a oeste de Manaus até Tefé, município a 523 quilômetros da cidade.

Os focos de queimadas estão concentrados e registrados na região metropolitana da capital e em municípios no Sul do Amazonas.

Segunda visita

É a segunda vez que a deputada vem ao Amazonas, este ano. A primeira, em abril, Joice veio para falar sobre a reforma da previdência e, na ocasião, defendeu o uso do potássio de Autazes:

“Por que não conseguiu produzir? Porque tem a repimboca da parafuseta de uma terra indígena que a Dilma veio, deu uma canetada. É burra? É burra porque não faz um negócio desses. Quer dizer, ela é burra”, disse.

E, acrescentou, na ocasião: “Se chegar lá o índio está com uma camiseta Adidas e um tênis Nike. Gente, tenho acordo de cooperação assinado com o Instituto Brasil 200 e a ministra Damares para que nós possamos capacitar os índios. Obviamente não é aquele índio que está lá no meio da floresta, que nunca viu um branco. Isso eu nem sei se existe. Se existe, é meia dúzia de gatos pingados. Estou falando dos índios que querem ganhar seu dinheirinho. Capacitar essa gente para empreender. Vocês já imaginaram o artesanato que podem fazer com delicadeza de acabamento? Europeu adora isso”.

Ainda em abril, a líder de Bolsonaro também chamou órgãos ambientais de “gente que causa incômodo”.

Na sexta-feira, após o sobrevoo, Joice teve tempo para uma agenda política na casa do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), onde, ao final, deu uma entrevista exclusiva para a Rádio Band News Difusora (93.7), que foi ao ar na manhã desta segunda-feira, dia 2.

No final da matéria, veja o podcast com as declarações de sexta-feira e de abril da deputada Joice. Acompanhe:

Rosiene Carvalho: Quais as suas impressões sobre as queimadas, nesta segunda visita que faz ao Amazonas este ano?

Deputada Federal Joice Hasselmann: Primeiro que foi excepcional fazer este sobrevoo. Ficamos quatro horas atravessando mata. Vendo floresta. Minha intenção de estar aqui é justamente fazer o filtro humano que muitas vezes o satélite não consegue fazer. O técnico não consegue fazer. Eu queria ouvir e ver as pessoas, ver a região. Em quatro horas de voo, encontramos três focos pequenos de queimada. Sei que aqui não é o foco da concentração das queimadas. Mas quando a gente vê as manchetes nacionais e internacionais, a sensação que dá é que a Amazônia inteira está em chamas.

Rosiene: O que a senhora pretende fazer?

Joice Hasselmann: Filmamos tudo e tudo isso vai ser mostrado para que o povo brasileiro e a comunidade internacional veja que, sim, há problemas e que eles são pontuais. A única diferença em relação ao número de queimadas e o volume de queimadas – não o número de focos, mas sim os quilômetros quadrados – de um passado recente para agora, é que trocou o presidente. A questão é muito mais ideológica que técnica. A gente sabe que os focos existem, estamos em época de seca, mas nas regiões agrícolas isso se concentra muito mais.

Rosiene: Por que a senhora escolheu essa região, se é na região metropolitana de Manaus e no Sul do Amazonas é que estão concentrados os problemas das queimadas?

Deputada Federal Joice Hasselmann: Por dois motivos. Primeiro, para mostrar que a Amazônia não está em chamas. Fui no coração da floresta. Segundo, este é o início de caminhada que vou fazer pelos estados que compõem a Amazônia Legal. Em relação aos pontos onde há queimadas, temos os pontos e o Exército está fazendo o monitoramento. Acontece que temos que ter, para uma região tão grande, políticas públicas específicas para cada região. Aqui no Amazonas tem um tipo de população, um tipo de mata, um tipo de biodiversidade. Quando você vai para o Pará, a coisa muda um pouquinho. Quando vai para o Mato Grosso, muda mais ainda. Então, a gente precisa de políticas públicas direcionadas às especificidades desta região. Por isso, o filtro, o olho humano é importante neste momento.

Rosiene: É a segunda vez que a senhora vem ao Amazonas este ano e não tem a presença de parlamentares da bancada.

Deputada Federal Joice Hasselmann: Da vez passada, os parlamentares estavam comigo no meu evento. Hoje, o Capitão Alberto Neto (PRB) viajou comigo. Agora, minha agenda é muito intensa. Não consigo parar a minha agenda para adequar à agenda de uma bancada. Ontem, estava em Brasília. Hoje estou aqui. Amanhã, em São Paulo e depois o Rio de Janeiro.

Rosiene: Qual sua opinião sobre a atuação da bancada do Amazonas sobre questões de interesse do estado, como as pautas ambientais e a ZFM?

Joice Hasselmann: Eu tenho ouvido a bancada do Amazonas. Senadores e deputados. Não só deputados. E, tirando aqueles que têm um ranço ideológico muito forte, muito alinhado à esquerda, todos têm me dito a mesma coisa: olha, a coisa aqui está do mesmo jeito que sempre esteve. Essa histeria das queimadas não passa de, como eu disse, histeria. Então, eles têm contribuído para trazer a visão da região. Tenho conversado com os governadores também de todos os estados que compõem a Amazônia Legal. Vamos chegar a um entendimento para políticas públicas por parte do governo e Congresso Nacional para esta área, que é uma área querida não só pelo Brasil, mas pelo mundo.

Rosiene: Quando a senhora veio aqui em abril, acompanhei a sua agenda, fez declarações sobre a demarcação de terra indígena, em Autazes. A senhora disse que a ex-presidente Dilma foi burra porque fez a demarcação que causou problemas para a região em função das perspectivas de exploração mineral no local. A senhora também falou em estimular outras alternativas aos indígenas, que muitos viviam de tênis nike e celular e que achava e nem sabia se indígenas isolados existiam. A senhora mudou sua percepção sobre a região?

Joice Hasselmann: Eu não disse isso.

Rosiene: Está gravado. Pode ter esquecido.

Joice Hasselmann: Eu não disse. Não esqueço nada que disse. Eu disse que a população de índios isolados neste País é muito pequena e não tem sentido ter uma reserva indígena do tamanho de um estado para ter dois mil, três mil índios. A gente precisa refazer esta conta para ver o que de fato é índio de verdade e o que é garimpeiro, que chega com sua Hilux, com seu rolex no braço, seu celular i-phone. Isso é uma realidade. Não é achismo. É só conhecer um pouquinho do Brasil que a gente sabe como as coisas funcionam. Em relação ao fato de a Dilma ser burra isso é o óbvio ululante. Não fosse ela burra, não teria feito o que fez  com a economia, sendo economista.

Rosiene: E a presença do empresário Romero na sua agenda?

Joice Hasselmann: Ah, o Romero é um grande amigo.

Rosiene: Ele é pré-candidato à Prefeitura de Manaus. É o seu candidato aqui em Manaus?

Joice Hasselmann: Se for candidato, vai ser o meu candidato. Romero é uma pessoa preparada. Gosto da atuação dele. É sereno. É uma pessoa que é respeitada por onde eu passo aqui. Vejo isso. É isso que temos que procurar. Pessoas respeitadas e que possam fazer a diferença aqui na região.

Rosiene: A decisão do PSL será interna em cada diretório ou passará pela definição nacional a indicação de candidaturas em 2020?

Joice Hasselmann: Eu não falo pelo PSL. Aí é com a Executiva e eu não faço parte da Executiva.

Foto: Deputada Federal Joice Hasselmann Divulgação Romero Reis

Ouça o podcast com as declarações de sexta-feira e de abril da deputada Joice no Amazonas: