
A assembleia de associações e sindicatos de servidores públicos no sábado, dia 3, foi marcada por discursos agressivos, irritados e de questionamento sobre a autoridade e capacidade do governador Wilson Lima de administrar o Estado por parte das lideranças do movimento grevista.
Dentre várias situações criticadas nos discursos das lideranças, um episódio da reunião entre governador e comissão de trabalhadores, do dia 24 de julho, contribuiu decisivamente para a formação desta opinião, pelos relatos dos mesmos.
Os líderes de trabalhadores ficaram surpresos com duas reações do governador no dia 24 de julho, dia de paralisação dos servidores e protesto em frente ao governo, quando Wilson Lima recebeu uma comissão de representantes dos grevistas.
A primeira é que, após ouvir deles o pedido de revogação da Lei do Teto porque a mesma não traria impacto imediato nem positivo e nem negativo na folha de pagamento, Wilson Lima questionou o secretário de Fazenda da Sefaz, Alex Del Giglio, se aquela informação procedia.
Os membros da comissão de trabalhadores ficaram sem entender como o governador, àquela altura dos acontecimentos, não tinha clareza sobre o assunto. A lei já havia ido e voltado da ALE-AM, era a razão da ameaça de greve geral e havia ocupado espaço em toda mídia.
Na sequência, Wilson Lima recebeu a resposta que não entraria e nem sairia recursos de forma imediata com a lei e o governador perguntou de sua equipe por que a medida não era desfeita.
Segundo as lideranças, Wilson Lima foi alertado de uma agenda em outro lugar pelo vice-governador Carlos Almeida Filho (PRTB) e a reunião encerrada.
“Percebemos que ele (governador) perdeu o controle do governo e é o vice-governador (Carlos Almeida Filho) que comanda. Ele nos pareceu que ia aceitar e entender os servidores. Pareceu que ia ser a favor de um diálogo com todas as categorias quando chegasse o momento. Mas isso não foi permitido pela postura do vice-governador. A atitude deles é de que quem comanda mesmo é o vice”, declarou Lambert Melo, da Assprom Sindical ao blog.
O presidente do SindAgente do Amazonas, Lourisval Pereira, na assembleia, chamou Wilson de fantoche. “O governador, quer dizer, o vice-governador, porque esse Wilson Lima é um fantoche nesse momento. É um governador despreparado”, declarou.
O presidente da Apeam, Gerson Feitosa, disse que também ficou surpreso com a forma como o governador agiu e foi tratado durante a reunião.
“Quem está mandando é o vice. O governador foi convidado a se retirar da mesa na hora que parecia que ia nos ouvir (na reunião dia 24). E o vice não atende. Ele decide qual pessoa que de fato representa os trabalhadores. Não sei onde ele adquiriu este poder, mas faz assim. Acha que os dirigentes do Simeam não representam os médicos, que o Jaime eleito recentemente para a Sinpol não representa os policiais, que eu, eleito no ano passado com 84% dos votos numa eleição que só vota quem é PM e bombeiro, não represento os policiais. Isso tem prejudicado o lado dos trabalhadores de ser ouvido no governo”, declarou Feitosa.
O vice-governador Carlos Almeida Filho foi procurado para comentar o assunto, mas não atendeu às chamadas e nem respondeu às mensagens.
Foto: Rosiene Carvalho. Posse do governador Wilson Lima.