O ex-senador, ex-superintendente do Incra (Instituto Nacional de Reforma Agrária) e ex-presidente da Funai (Fundação Nacional do Índio) João Pedro (PT) criticou, em entrevista, nesta segunda-feira, dia 2, os vereadores, as vereadoras e o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB).
Para o ex-senador e pré-candidato a vereador, os protagonistas dos poderes executivo e legislativo de Manaus estão ausentes dos debates importantes para a cidade e cita a desocupação da comunidade Monte Horebe, na Zona Centro-Oeste de Manaus como exemplo.
A desocupação foi iniciada nesta segunda-feira, dia 2, pelo Governo do Amazonas que cumpre uma decisão judicial.
“Manaus está sem Câmara (…) O prefeito está escondido. Parece que o Monte Horebe não é em Manaus”, declarou.
Na entrevista ao programa Exclusiva da Rádio BandNews Difusora, João Pedro falou sobre a ZFM, Eleições Municipais e sua opinião sobre as táticas que o PT deve adotar para vencer a disputa pela Prefeitura de Manaus.
“Eu vou defender que o nome de vice não seja do PT. Precisamos sinalizar para a sociedade que verdadeiramente queremos administrar Manaus. Acho que o vice precisa de uma composição”, disse.
‘Ele também afirmou que o PT não pode abrir mão de lançar e fortalecer o nome de José Ricardo.
“O PT não pode abrir mão de um bom nome. De um nome competitivo, que é o nome do José Ricardo”
A seguir, leia os principais trechos da entrevista de João Pedro às jornalistas Rosiene Carvalho e Thaís Gama na Rádio BandNews Difusora, nesta segunda-feira, dia 2. Ou assista a entrevista na íntegra neste link.
Eleições 2020
“O PT está organizado num número significativo de municípios”.
“Nos grandes municípios, há uma tendência da esquerda fazer uma aliança”.
“Vai ser um momento importante para os partidos populares e um teste para o Governo Federal, porque vai ser a primeira eleição do Bolsonaro enquanto presidente da República. Promete ser um embate forte nesta conjuntura de um corte na política”.
“A primeira eleição com uma direita e ultradireita com muita força e fazendo o debate ideológico e a esquerda também. A esquerda articulando uma tática para vencer as eleição. Politicamente, o País será outro depois das eleições municipais. Quem ganhar nos grandes municípios, nos grandes colégios eleitorais do nordeste, sudeste?”.
“Gostaria muito que o PT fizesse três vagas (de vereadores em Manaus). Mas vai para a matemática, não tem jeito. Para fazer três vagas, precisa ter acima de 60 mil votos. Quociente eleitoral deve ser para mais de 27 mil votos. Temos legislação nova, de 2018, mesmo o partido que não alcance o quociente, entra na conta. Antes perdia tudo”.
José Ricardo, pré-candidato a prefeito
“O PT não pode abrir mão de um bom nome. De um nome competitivo, que é o nome do José Ricardo”
“Eu vou defender que o nome de vice não seja do PT. Precisamos sinalizar para a sociedade que verdadeiramente queremos administrar Manaus. Acho que o vice precisa de uma composição. Vou defender que a (vaga de) vice seja de fora. Pode ser mulher. Tem que ter tranquilidade, calma e sabedoria para vencer a eleição”
“Tem que ter uma tática para vencer a eleição. Temos que flexibilizar na vaga de vice e fazer composição”
Sinésio Campos
“Sinésio joga um papel importante no interior do estado. Temos companheiros para reeleger. Ele é um nome com mandato para correr o interior do Estado. Pode cumprir um papel no interior do Estado”
Câmara Municipal de Manaus
“Manaus está sem Câmara”.
“Lamentavelmente nossa cidade perdeu esse espaço que era a voz de debates importantes, que era a Câmara Municipal”.
“Manaus está vivendo hoje uma reintegração de posse e as pessoas não podem deixar de refletir sobre este aparato policial deslocado para cobrir um mandado judicial (…) A Câmara municipal de Manaus deveria estar fazendo hoje uma vigília para discutir esta situação. Não tem novidade na história de ocupação em Manaus. Se você pegar a história do Coroado 3, São José … A surpresa é a ausência da prefeitura e da Câmara municipal de não estarem debatendo a cidade, a política de habitação”.
Monte Horebe e política de habitação
“A surpresa é a ausência da prefeitura e da Câmara Municipal de não estarem debatendo a cidade, a política de habitação. Fica apenas numa mobilização da segurança pública, militar, policial para tratar de um assunto da maior relevância: espaços e ocupação urbana. É uma parcela significativa da população, desempregada, de baixa renda que não tem para onde ir. Por que temos que tratar isso na base do cassetete?”.
“Cheguei a ver hoje e fiquei assustado com o traje do secretário de segurança. Parecia que ele ia para Síria, para o Iraque, sei lá onde. Todo fardado. Para quê? Para assustar? É essa entrevista que eles iam fazer? Um secretário todo paramentado, parecia que ia para guerra com capacete”.
“Esse caminho que o vice-governador está apresentando, no ano eleitoral, acho muito estranho isso. Acho uma maquiagem com dinheiro público”.
“O governo tem que olhar para ali e desapropriar a área. Já que tem um empresário se dizendo dono, que ganhou na justiça a reintegração”.
“O Governo Federal pode ser chamado para desapropriar e fazer uma política de habitação em defesa desse povo, que vive, mora e trabalha em Manaus”.
Zona Franca
“Manaus sempre votou mais em centro-esquerda e esquerda. Teve essa novidade de votação expressiva no Bolsonaro em 2018 e agora ele está dando o troco, criando essa dificuldade para a ZFM”.
“Paulo Guedes e Bolsonaro estão ferindo de morte a ZFM”.
“Acho que eles (empresários da ZFM) têm culpa no cartório. Esse segmento evidente que tem. Não tenho porquê está com meias palavras aqui. Tenho que ter o cuidado de não generalizar porque conheço empresários que defenderam e defendem o projeto que Lula e Dilma encaminharam. Agora, muitos bacanas aqui do setor industrial defenderam o Bolsonaro, sabendo quem é Paulo Guedes. O Pauilo Guedes falou na campanha o que ia fazer com relação aos incentivos fiscais”.
“Foram dados 50 anos de prorrogação da ZFM porque esse foi o pedido dos empresários da ZFM. O governo tinha um olhar. Só ataca a ZFM quem não entende de ZFM. E o Lula entende. Entendia antes de ser presidente. Ia na porta das fábricas no início dos anos 80, organizar sindicato. O Lula frequentou porta de fábrica aqui da CCE, da Sharp, da Honda, da Philips. O Lula fez isso. Ele conhece do portão da fábrica e a importância estratégica para Amazônia, para Manaus, o papel estratégico da ZFM”.
“Temos um presidente que não conhece verdadeiramente a Amazônia. Um ministro que viveu fora do Brasil, que tem compromisso com o mundo financeiro”.
Lula
“Lula vai andar pelo Brasil. Joga um papel importante. Penso que Fernando Haddad também joga este papel, candidato que foi a presidência da República em 2018. São lideranças que vão percorrer o Brasil”.