
O deputado federal Marcelo Ramos (PL) declarou em postagem feita em redes sociais que as investigações sobre o homicídio do engenheiro Flávio Rodrigues, 42, revelam informações que podem representar crime de responsabilidade do prefeito de Manaus, Arthur Neto (PSDB).
A reportagem entrou em contato com Marcelo Ramos para que ele esclarecesse sua opinião e o deputado declarou:
“O simples fato de pagar com dinheiro público a segurança do enteado, isso já é um crime. Agora, se ele (Arthur) mandou ou autorizou a ida do segurança ao local do crime no domingo, isso é pior. O Arthur tem todo direito de garantir a segurança do enteado desde que pague com dinheiro dele e não com o dinheiro da prefeitura”, afirmou o deputado.
Marcelo Ramos disse que entende o drama familiar que Arthur Neto tem relatado nas redes socais em relação ao enteado, mas disse que nem o prefeito e nem a família dele são as vítimas deste episódio.
“A vítima não é o Arthur e nem a família dele. A vítima é a família do Flávio e ele próprio, que está morto. Foi assassinado”, disse.
Marcelo afirma que cabia ao chefe do executivo municipal uma posição de cuidado com a família, mas de exigência de elucidação dos fatos e punição dos culpados. O deputado diz que o prefeito apresentou uma versão do crime, que se mostra como “mentira”.
Ramos disse que Arthur foi o primeiro a politicar o crime ainda em investigação pela Polícia Civil.
“Quem primeiro tentou politizar foi o Arthur quado fez o post inventando uma historia, que está claro que foi uma mentira. E, dentro dessa mentira, insinua que era uma ação contra ele e os belos resultados da gestão”, afirmou.
Segurança do enteado
O delegado do 19º afirma, no pedido de prisão de Elizeu Paz, que o mesmo é lotado na Casa Militar e atua como um segurança do filho da primeira-dama Elisabeth Valeiko, Alejando Valeiko. Não há informação que indique qualquer ligação de interesse da administração pública entre o enteado de Arthur e a Prefeitura de Manaus.
Em seu depoimento, Elizeu também confirma o tipo de serviço que executa no município, ao definir sua função à autoridade policial: “garantir a segurança de Alejandro”.
A advogada de Elizeu Paz, Catharina Estrela, afirmou que ele vai se apresentar à polícia para cumprir a prisão temporária e irá esclarecer fatos. Ela nega participação dele no crime.
A Semcom (Secretaria Municipal de Comunicação) foi procurada para responder sobre as declarações de Marcelo Ramos e as informações sobre a prefeitura no pedido de prisão. A secretaria informou que não iria se pronunciar.
A reportagem solicitou de assessores de Arthur Neto telefones do advogado de Alejandro Valeiko, mas não obteve acesso aos contatos.
Veja a nota de Marcelo Ramos:
Na política sempre evito qualquer comentário que envolva questões de família, mas vou permitir-me um desabafo. Farei isso por mim e pela minha família.
Em 2016, no desespero para vencer a eleição, o prefeito Artur Neto forjou um vídeo como se eu estivesse comprando drogas na Praça do Eldorado.
Viralizaram o vídeo pelo WhatsApp. Meu filho mais velho viu, meus irmãos viram, minha esposa viu, minha mãe viu. Milhares de manauaras viram e, muitos que não me conheciam e não conheciam a minha história de vida, talvez até tenham influenciado sua decisão de voto por conta disso.
Só eu sei o quanto sofri e o quanto minha mãe sofreu com isso.
Perdi meu pai muito cedo, fui o companheiro de jornada de vida da minha mãe, fui o pai dos meus irmãos. Quem conhece a minha história e a história da minha família sabe que sempre procurei ser um bom exemplo e que nunca passei nem perto de nenhum tipo de droga.
Passaram quase quatro anos e eu estou agora aqui no meu gabinete em Brasília acompanhando as notícias do assassinato que envolve o enteado do prefeito, justamente num episódio relacionado a vício em drogas.
Mas sou diferente dele e longe de tripudiar por conta do momento familiar que ele está passando, não quero fazer pré-julgamentos e sim apenas desejar que a Justiça seja feita.
Peço a Deus que abençoe e conforte a família da vítima e que eles possam ver esse crime completamente esclarecido e os culpados punidos nos estritos limites da lei.
Por fim, só há um registro importante de natureza pública que é o fato da prisão de um policial da segurança do prefeito e a suspeita de utilização de um veículo da prefeitura para ocultar o cadáver. Se confirmado isso, o assunto sai da esfera familiar do prefeito e passar a ser um gravíssimo crime de responsabilidade.
Marcelo Ramos
Foto: Marcelo Ramos – divulgação