
O namoro entre deputados estaduais e o Governo Wilson Lima, que fortalecia a base aliada e a defesa do governo antes do recesso parlamentar, esfriou na ALE-AM (Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas).
A falta de liga voltou a ficar visível após o retorno do recesso, em meio à aprovação da Lei do Teto, que desagradou o funcionalismo público, e as paralisações convocadas por lideranças sindicais.
Deputados mais experientes não votaram a favor da proposta do governo, na ocasião.
Entre os quais, o presidente da ALE-AM e pré-candidato a Prefeitura de Manaus, Josué Neto (PSD); o deputado Cabo Maciel (PL), que era vice-líder do governo; e o deputado Serafim Corrêa (PSB), que não pode ser classificado como oposição.
O preço
Os deputados que votaram a favor da medida viraram alvo dos protestos dos sindicatos e associações de servidores públicos nas ruas e nos grupos de WhatsApp. As lideranças dos movimentos os chamaram de “traidores do povo amazonense”.

Tropa de choque
A tropa que passou a funcionar na contenção dos discursos dos deputados de oposição Dermilson Chagas (PP) e Wilker Barreto (PHS) antes do recesso, com apartes coletivos e defesas combinadas não está mais em atuação.
Rejeitados defenderam
Na semana passada, a defesa mais contundente do governo veio pelas vozes da vice-presidente da ALE-AM, Alessandra Campelo (MDB), e do deputado Carlos Bessa (PV).
Bessa e Alessandra sofreram rejeição do governo, no primeiro semestre. Interlocutor de Wilson Lima tentou barrar o nome de Alessandra na mesa diretora em janeiro, mas os deputados não acataram a ideia.
Bessa foi “demitido” da função de líder do governo sem aviso prévio e sem substituto para a função. O governo preferiu ficar dois meses sem nenhum líder a tê-lo no posto. O deputado recebeu apoio e solidariedade, na ocasião, de todos os deputados.
Defesa
Esta semana a líder do governo, Joana Darc (PR) assumiu a condução de porta voz das respostas à oposição. Porém, a atuação não foi nem de perto o que ocorria antes do recesso, quando os deputados da oposição tinham argumentos abafados com o sincronismo da base.
Sozinha, a deputada Joana enveredou por um discurso que tenta desqualificar as críticas com argumentos de que os deputados que hoje são oposição eram governo na legislatura passada e que querem atingí-la por ser mulher.
“Volta do anzol”
Deputados da base aliada, que pediram para não serem identificados, comentam que o ex-vice-líder Cabo Maciel foi “praticamente expulso” do grupo pelo governo.
Os parlamentares dizem que Cabo Maciel foi obrigado pela coerência com sua base eleitoral a não votar a favor do congelamento dos salários e, por isso, passou a ser tratado como oposição sem nenhuma conversa.
Há entre deputados da base aliada reclamação de que passaram a receber tratamento de isolamento. Irritados, dizem que vão aguardar a “volta do anzol”.
Carga negativa
Deputados da ALE-AM também pensam como aliados de Wilson Lima que avaliam que ele tem carregado nos ombros muita carga negativa de ações amargas que o governo do Estado tem tomado neste primeiro semestre.
Desaprovam a condução da forma de comunicação das medidas amargas, algumas decisões e as relações políticas do governo.
Também estranham que ações que poderiam ser usadas como positivas para amenizar a carga que Wilson carrega nos ombros não estejam sendo divulgadas com ele como protagonista.
O estranhamento foi o pagamento ao Icea (Instituto de Cirurgiões do Estado do Amazonas) referente ao mês de maio, no valor de R$ 4.120.859,760 em meio a uma paralisação no setor da saúde, justamente com reclames de atrasos.
O material do governo de divulgação da medida positiva destacava como sujeito da ação o vice-governador, Carlos Almeida Filho (PRTB), e não o governador Wilson Lima.
Foto1: ALE-AM Divulgação
Foto2: Rosiene Carvalho