“Nosso maior problema é (falta de) pessoal”, afirma prefeito David Almeida

O prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), declarou que o maior problema da cidade nesta terceira onda de infecção acelerada de covid-19 é a falta de recursos humanos. Manaus vive uma explosão de casos de covid-19 desde a semana passada sem o mesmo efeito no número de óbitos. No entanto, as UBSs e unidades de pronto atendimento do Estado estão lotadas e muitos funcionários da linha de frente se infectaram e foram afastados.

“Nosso maior problema, neste momento, é pessoal. Para se ter ideia, tínhamos 45 pessoas trabalhando no telemonitoramento, no cadastramento e nesse local que eles estavam trabalhando, 80% foi acometido (de covid). Tem que trocar e remanejar servidores de outras secretarias”, disse o prefeito.

A declaração foi feita pelo prefeito em entrevista aos jornalistas Rafael Campos e Rosiene Carvalho na coluna de política da rádio BandNews Difusora (93.7), na manhã desta quinta-feira (20).

De acordo com o prefeito David Almeida, até esta quarta-feira (19), eram 1.505 servidores da rede municipal de Saúde afastados porque testaram positivo para covid-19. Nesta quinta-feira (20), a presidente do Sindicato de Técnicos de Enfermagem e Enfermeiros, Graciete Mouzinho, estima que há cerca de 4 mil servidores afastados nas redes municipal e estadual porque adoeceram de covid-19 ou gripe. O Governo do Amazonas não dá transparência a essas informações, solicitadas desde a semana passada.

O prefeito disse que encerrou ontem o cadastramento de novos servidores, selecionados por meio de chamamento público e cerca de 400 começam a trabalhar na segunda-feira (24). Cada servidor afastado, segundo o prefeito, fica em média 7 dias fora do trabalho. David estima que a aceleração de casos permaneça pelas próximas duas semanas.

O Governo do Amazonas também anunciou um chamamento de profissionais para área de saúde para contratação imediata e temporária após aumento de servidores infectados.

David Almeida afirmou que há todo momento é preciso remanejar funcionários para cobrir os que são afastados. O prefeito justificou na falta de RH a impossibilidade, neste momento, de abrir novos pontos de testagem e descentralizar. Os dois centros registram aglomeração de pessoas.

No primeiro dia de funcionamento do Vasco Vasques, na quarta (19), 2.554 exames foram realizados e 1.430 deram positivos, segundo dados da SES (Secretaria de Estado de Saúde). Os 1.124, cujo resultado deu negativo, enfrentaram longa fila de espera e aglomeração junto aos infectados.

Um outro centro funciona há duas semanas no Stúdio 5, zona sul da cidade. Juntos, fizeram mais de 7.400 testes, nesta quarta-feira, segundo David Almeida.

Na entrevista, o prefeito David Almeida disse que a equipe adotará maior rigor no cumprimento de protocolos nos centros de testagens. Os portões dos dois centros serão fechados às 17h, a partir desta quinta. Quem estiver na fila até este horário, segundo a prefeitura, será atendido.

“Estamos vivendo um momento atípico. As pessoas estão procurando com intensidade nossas unidades. Para se ter ideia, empresas que poderiam fazer seus testes e não conseguem, chega ônibus no Studio 5 e nós, como poder público, não podemos mandar as pessoas voltar”.

Outras 32 UBSs realizam testagem. Confira no link quais são.

O prefeito afirmou que, além da vacinação, o funcionamento a cobertura da atenção básica evita o “colapso do sistema de saúde” nas unidades do Estado. David afirmou que a atenção básica aumentou de era de 54% e hoje é de 77%.

“Ontem, atendemos nos dois centro de testagens 7.400 pessoas. Se não tivéssemos feito os centros de testagem, o sistema de saúde do Estado estaria colapsado porque essas pessoas estariam nas unidades de média e alta complexidade, nos prontos-socorros e nos SPAS. A prefeitura está dando sua contribuição para que o sistema não possa colapsar. Para as pessoas que precisam de internação, possam ser atendidas nos hospitais”.

David acrescentou que a parceria prefeitura e governo “tem salvado vidas” e citou o atual ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, e o ex-ministro Eduardo Pazuello, apontado pela CPI da Covid como um dos responsáveis pelas mortes de pacientes por falta de oxigênio nos hospitais da cidade, na segunda onda:

“Quando entramos no ano passado, encontramos uma realidade completamente diferente: UBSs fechadas. Para se ter uma ideia, precisamos, no ano passado, precisamos, em plena pandemia, contratar médicos do Mais Médicos, feito em parceria com o governo federal. Acho que foi na época do ministro Pazuello, com quem eu acabei de falar, antes dessa entrevista conversava com ele. Ministro Queiroga vem sábado aqui a Manaus renovar esse convênio de mais 108 médicos, do Mais Médico, por mais seis meses até a gente concluir nosso concurso público”, declarou.

Ouça a entrevista, na íntegra:

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