
*Por Luiz Fernando de Souza Santos
Na Onu, Bolsonaro já começa mentindo ao afirmar que é hora de pôr a verdade. Depois, afirma que o Brasil esteve próximo do socialismo, mas que ele chegou para reafirmar os valores da família e da religião.
Como esperado, ataca Cuba e Venezuela. Fala de organização criminosa criada por Lula, Fidel e Chávez. Afirma que economia brasileira está reagindo. Se dirige à Ysani ao dizer que seu governo tem preocupação ambiental.
Fala da “nossa Amazônia”. Afirma que as queimadas são espontâneas, embora existam as criminosas. A Amazônia não é patrimônio da humanidade. Ataca as lideranças indígenas. Raoni é massa de manobra do ambientalismo. Mostra sua ganância em relação à terra yanomami.
Repete de forma escrota a expressão “nossos índios”, que eles são seres humanos como nós e denuncia que as ONGs os querem nas cavernas. Lê documento de uma organização indígena Fake, com conteúdo que parece escrito por Carlos Bolsonaro.
“Acabou o monopólio de Raoni”, afirma raivoso. Na plateia, líderes mundiais estão estupefatos com tanta insanidade. Ele não liga. Faz referência aos comunistas que o antecederam e ao lavajateiro Sérgio Moro, seu ministro, que teria atacado a corrupção.
Volta à carga: a Amazônia não está sendo atacada e nem está em chamas. Inventa uma estória para seu público evangélico. Criou um dia para homenagear os mortos por causa da fé. Faz referência à política internacional.
O que é algo pífio ele comenta como se fosse um salto. Não poderia deixar de falar da ideologia e o ataque à família. Cita trecho bíblico (coisa planejada para evangélico ir a um orgasmo teológico: “é homem de deus!”).
Um discurso pavoroso. Dia ruim para o Brasil e para o Mundo. E penso que, de imediato, devemos cuidar da segurança do Cacique Raoni e criarmos formas mais duradouras de mobilização em defesa da Amazônia.
*Luiz Fernando de Souza Santos é professor de Ciências Sociais da Ufam, mestre em sociologia pela Ufam e doutor em sociologia pela Unicamp. Amazônia foi o tema tanto do Mestrado quanto do Doutorado.
Foto: Jair Bolsonaro – Divulgação