“O Alto e o Médio Rio Negro, a exemplo do Vale do Javari, também enfrentam problemas com o tráfico de drogas e armas”

​​​O presidente da Foirn (Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro), Marivelton Baré (Rede), declarou que a segurança é uma dos principais problemas para as 750 comunidades indígenas do Médio e do Alto Rio Negro, consideradas as regiões mais preservadas da Amazônia. A declaração foi feita em entrevista ao programa Exclusiva da rádio BandNews Difusora na segunda-feira, dia 23.

“O Alto e o Médio Rio Negro, a exemplo do que aconteceu no Vale do Javari, também enfrentam problema com o tráfico de drogas e armas. O caso do Vale do Javari, que comoveu o mundo inteiro, é um exemplo de como as faixas de fronteiras são mal guarnecidas. Não tem efetiva fiscalização. Além de tudo ilegal que acontece, principalmente o narcotráfico tem sido o principal dono de tudo. Na região do Alto e Médio rio Negro não é diferente. Isso coloca em risco e dificuldades muito grandes as comunidades indígenas”, declarou a liderança indígena Marivelton Baré.

Marivelton disse que ​a ​expectativas na região é ​que o novo governo  promova ações e planejamentos para o enfrentamento ao crime organizado, o controle da fronteira no sentido de garantir que a violência não avance para as comunidades indígenas.

“O controle de entrada e saída da fronteira é uma demanda da proteção dos povos indígenas dessa região e de todo estado do Amazonas”, afirmou.

O presidente da Foirn defendeu a investigação de quem financia e se beneficia das invasões e crimes ambientais nas áreas indígenas. Segundo Marivelton, grupos políticos e econômicos estão envolvidos nas ações que atingem o modo de vida dos indígenas.

Na entrevista, Marivelton também abordou a suspensão dos processos de demarcação de terras indígenas na região como Cué-cué Marabitanas, na fronteira com a Venezuela, acima da sede do município de São Gabriel da Cachoeira, Jurubaxi-Téa e Uneuixi, territórios que ficam entre Santa Isabel do
Rio Negro e Barcelos​. Além de um território kokama, na região do Alto Rio Negro.

Marivelton Baré também apontou as principais deficiências dos atendimentos de saúde e educação indígenas dos municípios de São Gabriel da Cachoeira, Santa Isabel do Rio Negro e Barcelos.

Para a liderança, há necessidade que o Governo do Amazonas crie uma pasta especial para lidar com as demandas dos indígenas que vivem em aldeias e em contexto urbano, a exemplo do que fizeram os estados de Tocantins e Pará.

Confira a entrevista na íntegra, concedida às jornalistas Thaís Gama e Rosiene Carvalho, no link abaixo.

Sobre a Foirn

Com 36 anos, a Federação das Organizações Indígenads do Rio Negro é uma das mais antigas associações do movimento indígena brasileiro. Representa 750 comunidades indígenas na região da tríplice fronteira Brasil/Venezuela/Colômbia. São 23 povos que falam 18 línguas. Segundo a Foirn, há cerca de 50 mil indígenas em todos os territórios do Médio e Alto Rio Negro.

A Foirn foi criada em 1987 num contexto de busca por demarcação de terras indígenas numa região marcada por violências culturais em que missionários religiosos católicos, com anuência do Estado, proibiram os indígenas de viver conforme seus modos de vidas tradicionais de moradia, realização de rituais e até mesmo de falarem suas línguas. A organização também atuou​ ao longo de sua história​ na linha de frente contra ameaças dos interesses nas riquezas naturais que degradam o meio ambiente onde vivem as comunidades indígenas, a exemplo das autorizações de pesquisa e lavra de outro pelo GSI (Gabinete de Segurança Institucional) da Presidência da República durante o Governo Bolsonaro, suspensas por decisão judicial.

Entrevista do presidente da Foirn, Marivelton Baré, ao programa Exclusiva da rádio BandNews Difusora.
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