
Ciclos se fecham. E o do Blog da Rosiene Carvalho chega ao fim na próxima segunda-feira, dia 11.
Foram cinco anos no ar sem interferência do poder político e econômico deste estado em nem uma linha do que aqui foi escrito. Muitos me advertiram que isso não seria possível, como tantas outras coisas que já me meti e fiz. Do meu jeito.
Tratei as apurações e o que escrevi com o mesmo cuidado, dedicação e envolvimento que tenho com os trabalhos contratados para outros veículos que me pagam. Mas tive sempre um especial carinho pelo meu blog. Foi base de sustento da minha busca por independência para escrever, falar e pensar, neste ciclo.
Se algo não fosse possível de ser tratado em outros meios, seja pelo desinteresse editorial na pauta ou por influência do patrocínio, aqui seria o abrigo que não recusaria a minha necessidade de colocar a informação à disposição do conhecimento público. Para quem quisesse dela saber e fazer uso.
Sofri assédios de várias ordens para monetizá-lo, torná-lo um negócio. Ameaças, em plena pandemia. Críticas absurdas de quem deveria estar no mesmo barco. E outros tipos de ameaças e violências. Eu não queria e nem quero negócios com o poder político deste local. Queria respirar fora do ambiente controlado, imposto por eles e aceito na mídia.
E respirei num momento sufocante para jornalistas.
Escrever sempre foi uma necessidade, mas, ao final da cobertura exaustiva da segunda onda da pandemia, passei por um bloqueio na produção escrita de matérias. Foram meses sem conseguir escrever. Na retomada da minha capacidade neste campo de produção, o empecilho para abastecer o blog foi a produção de textos com maior frequência para veículos de fora do estado e o crescimento da coluna diária da rádio. Fiquei sem tempo para manter tantas produções com uma só repórter.
Não vou negar. Estou triste. Tendo a ver projetos como filhos e este já tinha cinco anos. Eu sonhei outras possibilidades para ele. Pensei torná-lo alternativa para outros jornalistas que quisessem experimentar o exercício de liberdade de imprensa e expressão, de forma remunerada. Não deu por aqui. Não consigo mais sutentá-lo sozinha com conteúdo e nem financeiramente, neste momento.
Mas ele cumpriu os objetivos. Me levou além.
Por meio do formato que escolhi, expandi possibilidades de fazer jornalismo em outras frentes e de exercer a liberdade de opinião em outros meios. Sem dúvida, abriu caminhos e formas de ver o jornalismo, o exercício profissional, a minha região e a mim mesma. Seguirei por esses caminhos em busca de novos ângulos para ver melhor tudo que me cerca.
Professor Alcimar, foi uma honra publicar no meu blog os seus artigos. Os seus textos me guiaram neste aprendizado de forma acelerada nos últimos cinco anos. Resistir a esses tempos trevosos investindo meu óbulo da viúva em liberdade e tendo o senhor como companhia e conselheiro é de muita importância na minha caminhada profissional.
Gratidão a todos e todas que, de alguma forma, apoiaram e se informaram por meio deste projeto. Em especial, pelo incentivo e afeto: Ivânia Vieira, Sophia Maria, Tiago Paiva, Marcelo Seráfico, Fabiano Maisonnave, Leandro Prazeres, professor José Alcimar, Dr Francisco Cruz (em memória) e Serafim Corrêa.
Rosiene Carvalho.
Manaus, 6 de setembro de 2023.
Rosiene Carvalho e seu Blog se credenciaram como uma referência do jornalismo político no Amazonas e no Brasil, sobretudo nessa quadra de amesquinhamento da razão pública, de demissão da critica, de perseguição política e de retração da luta pela democratização de direitos coletivos. O jornalismo ou é crítico e se posiciona ao lado dos que ampliam o campo do conhecimento e da busca da verdade, ou não passará de colunismo social a afagar o narcisismo das classes dominantes. Sigamos na luta comum, Rosiene. Firmeza constante!
Te acompanho na tristeza que sentes agora; sou grande admirador de teu trabalho. Sempre ouço e leio com prazer e admiração tuas reportagens. Li sempre os artigos do Prof. Alcimar. Cheguei a publicar um artigo aqui. Tudo de bom nas próximas atividades