
O secretário extraordinário de Articulação Política da Prefeitura de Manaus, Luiz Alberto Carijó (PSDB), declarou que o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto (PSDB), não participou do homicídio do engenheiro Flávio Rodrigues.
“O prefeito não tem relação com este crime. O prefeito não participou deste crime. Ele não se envolveu no crime. No dia do crime, o prefeito estava em procedimento hospitalar. Que isso fique bem claro. Tem uma regra que diz: quem não deve, não teme. Tenho certeza absoluta que, neste momento, o prefeito está com consciência tranquila porque não deve nada à justiça da nossa terra”, disse o secretário.
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Carijó e o procurador-geral do Município, Rafael Albuquerque, estiveram na manhã de quarta na CMM para esclarecer sobre a presença de um funcionário da Casa Militar, o policial militar Elizeu da Paz, e um veículo da prefeitura na casa do enteado do prefeito, Alejandro Valeiko, no dia em que o engenheiro Flávio foi morto.
O tom principal do discurso de Carijó foi enfatizar que não há qualquer possibilidade de participação ou envolvimento do prefeito Arthur Neto no caso. Carijó salientou que, sedado em um hospital, Arthur não teria qualquer chance de voz de comando.
No discurso, a mesma ênfase e preocupação não foram direcionadas a outros nomes que figuram na órbita da prefeitura e do prefeito com a possibilidade de contato com pessoas que tiveram na casa de Alejandro no dia do crime, como, por exemplo, a primeira-dama Elisabeth Valeiko.
A polícia suspeita que o engenheiro foi morto na casa de Alejandro e que o sargento Elizeu da Paz, lotado na Casa Militar da prefeitura, é autor ou participou do crime.
Segundo a decisão do desembargador José Hamilton Saravia dos Santos que decretou prisão temporária de Alejandro, “fatos concretos evidenciam” que o enteado do prefeito também participou do crime.
Além disso, há uma suspeita por parte da polícia civil de que o corpo de Flávio tenha sido retirado do casa do enteado do prefeito no veículo da prefeitura.
“Não houve ordem superior”
“Não houve nenhuma, mas nenhuma orientação superior, orientação do prefeito, orientação de quem quer que seja. Desconheço. Nós desconhecemos. Até porque, no dia desse evento, o prefeito estava num procedimento no Hospital Adventista. Estava, inclusive, sedado . Então, impossível ele ter consciência dos fatos que ocorreram na tarde e noite de domingo”, declarou Carijó.
Carijó disse que a prefeitura desconhece qualquer tipo de “acobertamento” e que essa investigação está no âmbito de apuração da Polícia Civil. “Para nós, à medida que vai se desmembrando essa história, fica mais claro que o prefeito não teve participação direta neste episódio”. voltou a repetir Carijó.
O secretário de Arthur comentou sobre a publicação dele nas redes sociais na terça-feira, que startou reação em escala contra o prefeito.
“A única participação que ele fez foi uma carta comovente em solidariedade a esposa, que infelizmente gerou um grande mal estar e depois ele se desculpou com a família dos demais”, disse.
Na postagem, Arthur Virgílio, além da solidariedade à mulher, apresentou a primeira versão pública ao crime: a casa do enteado havia sido invadida por traficantes, Flávio tinha envolvimento com estes e, por isso, foi sequestrado. Arthur pediu, na postagem, ponto final nas suspeitas em relação ao enteado e, ao contrário do que Carijó afirmou na Câmara, disse que encontrou com Alejandro após o episódio:
“E porque Alejandro ficou parte da madrugada cercado por nós, que depois o transferimos para outro lugar, com receio de que a solidão atraísse os bandidos de novo”, afirmou o prefeito na postagem sobre o dia do crime na postagem que fez terça-feira nas redes sociais.
Elizeu: segurança de Arthur cedido ao enteado
O secretário de Articulação Política informou que Elizeu da Paz é funcionário da segurança do prefeito e que, no domingo, ele estava de folga.
O procurador Rafael Albuquerque afirmou que o Decreto nº 2572 de outubro de 2013 determina que a Casa Militar “planeje, ordene e execute ações de segurança pessoal para o prefeito, vice-prefeito e familiares destes”.
Sobre o veículo usado por Elizeu da Paz, Carijó alegou que o serviço de segurança, embora tenha escalas, é um trabalho intermitente. E comparou os procedimentos da prefeitura como os adotados em outras esferas do poder.
Eles informaram que duas comissões sindicâncias foram abertas.
A primeira para analisar se houve uso indevido ou não do veículo da prefeitura.
“No gabinete militar, o trabalho é intermitente. A princípio, não houve utilização indevida senão for outra atividade, que não de segurança. Para isso, nós vamos apurar. Qualquer apuração vamos discorrer de forma transparente e clara. Se for necessário, haverá punições dentro do rigor e limitação da lei”, disse o secretário aos vereadores.
A polícia suspeita que o veículo pode rer sido usado para transportar o corpo de Flávio. Há imagens do carro sendo usado pelo funcionário da prefeitura para fazer “ronda” no condomínio do enteado do prefeito na hora que, segundo os depoimentos, houve a confusão no dia do crime.
A outra comissão apura “as circunstância de participação de um servidor público, com cargo comissionado, no evento”.
“Funcionário acompanhou Alejando ao RJ de forma voluntária“
Carijó também informou aos vereadores que não houve emissão de passagem e nem de diária ao funcionário da prefeitura que acompanhou Alejandro Valeiko na viagem ao Rio de Janeiro, horas depois do assassinato de Flávio.
Ele afirmou que o funcionário da prefeitura que acompanhou Valeiko ao Rio de Janeiro, Walter Nascimento, é uma pessoa da confiança do prefeito, que frequenta a casa e que fez a viagem de forma voluntária.
“O Nascimento funciona no âmbito interno da casa do prefeito. Ele é o acompanhante mor do prefeito. É a pessoa da mais estrita confiança dele. Ele se dispôs a ir, também por mote próprio, a acompanhar (…) Nada mais ele fez, por causa da relação pessoal, do que se dispor a acompanhar uma pessoa que estava sofrendo naquele momento. Poderia ter ido outra pessoa? Poderia. Mas foi a pessoa que era mais próxima a ele”.
Em outro trecho, Carijó acrescentou: “Que encerre esta especulação”, disse.
Procurador e secretário informaram que as duas apurações internas da prefeitura se encerram, no máximo, em 45 dias.
Veja a sessão neste link.
FOTO: ROBERVALDO ROCHA / CMM