Senador Omar afirma que apoio de presidente não dá vitória em eleição municipal

Um das principais forças políticas do estado do Amazonas e presidente da Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, o senador Omar Aziz declarou que as eleições municipais em Manaus e no interior do Amazonas, historicamente, não são decididas pelos apoiadores nacionais.

Nesta pré-campanha de 2020, parte das pré-candidaturas de direita tem procurado associar suas imagens, em especial nos últimos dias, ao presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). Demonstrar estar na ala bolsonarista se tornou até mais prioritário, neste momento, que discutir os problemas de Manaus.

“Historicamente, o componente nacional nunca teve peso em eleição municipal. Eu te cito aí várias eleições que tanto o Lula quanto a Dilma, como presidentes, apoiaram aqui para prefeito e não tiveram sucesso.”

Em entrevista ao blog, nesta quinta-feira, dia 3, o senador também declarou que está fora das articulações de alianças para fortalecer a candidatura de seu partido à Prefeitura de Manaus.

O PSD tem como pré-candidato à sucessão de Arthur Virgílio Neto (PSDB), o deputado estadual e ex-presidente da ALE-AM (Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas), Ricardo Nicolau.

“É mérito dele. Ele que está articulando”.

Maestro

Desde 2012, dois anos após ser reeleito governador do Amazonas e romper com o senador Eduardo Braga (MDB), o senador Omar Aziz assumiu a liderança de um grupo político que articulou as principais campanhas nas eleições seguintes.

Em 2012, tentou emplacar Rebecca Garcia (PP), mas ainda sob a influência de Braga, a pré-candidatura dela na véspera das convenções. Em 2014, Omar Aziz apoiou o seu vice-governador José Melo contra o senador Eduardo Braga. Sem partido e com baixa intenção de votos, o grupo cresceu e derrotou Braga nas urnas.

Em 2016, Omar Aziz e Athur Virgílio Neto (PSDB), antigos aliados, romperam. O tucano se juntou a Braga, desafeto político histórico dele. E Omar apoiou a candidatura alternativa do Marcelo Ramos (PL), que, mesmo com Arthur na máquina, deu muito trabalho para ser derrotado.

Em 2017, na eleição tampão após a cassação de José Melo, Omar Aziz articulou a retirada de Amazonino Mendes de ostracismo, articulou a aliança com Arthur Virgílio para lançar o nome do ex-governador na disputa pelo governo do Amazonas contra Braga.

Na ocasião, foi acusado pelo então presidente da ALE-AM e governador tampão, David Almeida (Avante), de sufocá-lo no PSD para tirar da “rede quem já tinha vestido o pijama”.

Em 2018, Omar colocou seu próprio nome nas urnas tentando voltar a governar o Amazonas, após Amazonino romper com ele para se aliar a outros grupos político. Com Arthur Bisneto (PSDB) como vice e com os efeitos da Operação da Polícia Federal Maus Caminhos, o senador Omar Aziz (PSD) saiu das Eleições 2018 com 8,07% dos votos válidos. Recebeu 142.804 votos.

Sua mulher, Nejmi Aziz concorreu a deputada estadual e não se elegeu. No entanto, como primeira suplente, pode assumir a vaga de Nicolau na ALE-AM, caso ele seja eleito prefeito de Manaus.

Em 2022, termina o mandato de oito anos de Omar no Senado. Políticos consideram que Arthur Virgílio, que ficará sem mandato em 2020, pode ser um de seus adversários numa possível disputa pela única vaga ao Senado na próxima eleição.

Confira a entrevista do senador sobre as movimentações políticas que antecedem às convenções:

Rosiene Carvalho (RC): O seu partido, o PSD, tem candidato que é o deputado Ricardo Nicolau e é a candidatura que demonstra maior robustez nas articulações de alianças...

Omar Aziz: Bom, mas isso é mérito dele. Ele que está articulando, tá? Ele assumiu a presidência do diretório municipal e está fazendo o trabalho dele. Eu não tenho conversado com ninguém sobre eleição no município de Manaus. Tenho falado só sobre interior. Manaus eu não tenho participado de nenhum tipo de conversa, não.

RC: Por que o senhor afirma que não está e as informações de bastidores são de que o senhor é um dos grandes responsáveis pela firmeza com que o deputado Ricardo Nicolau caminha agregando alianças, diante de uma condição que não é tão favorável em intenção de votos?

Omar Aziz: Não, não é verdade não. A conversa é… Por exemplo, se você pegar, o Bosco (Saraiva, Solidariedade) tem uma relação com Ricardo de muito tempo, certo? O Serafim Corrêa, historicamente, é amigo do Luiz Fernando (pai de Ricardo Nicolau) há muitos anos, conhece… O Luiz Fernando já foi até vice do Serafim numa eleição, entendeu? Acho que …

RC: Entendo o seu posicionamento, mas o seu nome é citado por todos nas entrevistas em on e off.

Omar Aziz: Ah, é o respeito, o carinho, só isso, mas eu pessoalmente não tenho tido nenhum tipo de participação neste processo. Deixei ele à vontade, dei essa liberdade para ele…

RC: O senhor não vai aparecer na campanha dele?

Omar Aziz: Não, não é questão de aparecer. Eu acho que ele está indo bem, está se articulando bem. É um político maduro, preparado. Tem muitos anos como deputado. Fez um bom trabalho agora no covid. É uma pessoa que deu uma ajuda muito grande nessa pandemia que estamos tendo em Manaus. Mas isso foi o que te falei no ano passado. Falei que meu partido teria candidato, lembra?

RC: Lembro.

Omar Aziz: Eu dizia que o partido ia ter candidato, o Josué (Neto, presidente da ALE-AM e pré-candidato a prefeito) não quis ficar. Eu disse que o partido ia ter candidato.

RC: Senador, o ex-deputado Hissa Abrahão do PDT desistiu da candidatura dele e deve anunciar nesta sexta o apoio ao PSD. Em várias ocasiões, o Hissa se posicionou no grupo político, que tem senhor como liderança política …

Omar Aziz: Se estão dizendo isso, não conversaram comigo ainda. Eu tenho uma boa relação com o Hissa como tenho com todo mundo. Muitas pessoas eu conversei neste processo. Disse a todos: olha, meu partido vai ter candidato, vai ser o Ricardo Nicolau e ele tem liberdade para conversar com quem ele quiser.

RC: A candidatura do Capitão Alberto Neto, do Republicanos, e do Marcos Rotta, do DEM …

Omar Aziz: Mas eu não tenho nada a ver com isso… O que tem o Alberto Neto?

RC: A informação é que os dois podem deixar de ser candidatos e os partidos aos quais ele são filiados, que estão no arco de influência do PSD, passarão a apoiar a candidatura de Ricardo Nicolau.

Omar Aziz: Nunca. Não, não. Eu conversei com o Silas em Brasília na terça-feira, dia 1, e com o Alberto Neto ontem (quarta-feira, dia 2). Não falamos de eleição. De jeito nenhum. Ninguém vai dizer aqui em Manaus que eu chamei A ou B para fazer composição. Não é verdade. Eu deixei muito à vontade para que eles discutissem isso. Não tenho nada, zero. O Alberto Neto, para mim ele é candidato. Ou ele deixou de ser candidato? Ele tirou uma foto terça-feira com o presidente dizendo que tinha o apoio do presidente (Jair Bolsonaro). Então… Não tenho nenhuma .. é… Aliás, não conheço nenhuma outra atitude do Alberto Neto que não seja a de ser candidato.

RC: Como está o PSD no interior, terá muitos candidatos?

Omar Aziz: Vai ter muitos. De cabeça, não tenho como dizer. Porque eles fazem muita aliança, complicado isso.

RC: Está tendo muita confusão?

Omar Aziz: Não, não, não. Eles se compõem entre eles. O partido tem autonomia. Eu dou autonomia para os diretórios municipais fazerem as composições necessárias. Tem uns que vão sair na cabeça, outros vices. Outros vão apoiar chapa. Isso aí é normal. Não tem como lançar 61 candidatos.

RC: O PSD tem nomes fortes no interior para esta eleição?

Omar Aziz: Te diria que vamos fazer algumas prefeituras, eu acho, pelas pesquisas, aquele negócio todo. Agora, o processo político a gente sabe como começa. Não sabe como termina.

RC: Como está a sua relação com o pré-candidato Amazonino Mendes? O senhor falou com ele ou foi procurado nos últimos dias?

Omar Aziz: Com esse não tenho nem relação, não. De jeito nenhum fui procurado, não. Juro para você que não tenho notícia do Amazonino, não sei quem o Eduardo (Braga) vai apoiar. Não sei mesmo. Não estou mentindo para você.

RC: O que o senhor acha que vai ser o fator de maior influência nesta disputa? O componente nacional vai influenciar?

Omar Aziz: Historicamente, o componente nacional nunca teve peso em eleição municipal. Eu te cito aí várias eleições que tanto o Lula quanto a Dilma, como presidentes, apoiaram aqui para prefeito e não tiveram sucesso.