
O ex-governador José Melo iniciou o interrogatório na Justiça Federal negando a acusação de que ele é chefe político do esquema criminoso que desviou recursos públicos da saúde do Amazonas. Melo disse que seu governo começou com os mesmos programas e secretários do antecessor Omar Aziz.
Ao se referir ao senador traçou o perfil de Omar no governo e o dele como vice.
“Omar, como quase todos os governadores, era muito centralizador”, declarou.
Melo disse que assumiu o governo em abril de 2014 e antes disso era vice-governador do então governador Omar Aziz. Quando assumiu, afirmou Melo, tocou programas e manteve o comando em secretarias e órgãos do governo anterior.
“Respeitei o andamento de todos os projetos. Praticamente todos os secretários e presidente de órgãos foram mantidos, enquanto eu lutava para me reeleger. Fiquei na rua enquanto o governo andava”, disse.
Melo disse não conhecer o médico Mouhamad Moustafa e nunca ter encontrado com ele pessoalmente. Ao ser questionado sobre isso, Melo repetiu várias vezes a palavra “nunca”. A voz dele embargou e a juíza pediu que ele se acalmasse. Sugeriu que ele bebesse água.
“Nunca o conheci. Nunca nos falamos. Nunca esteve no meu gabinete. Nunca apertei a mão dele. Doutora, nunca. Doutor, nunca. Nunca. Nunca. Nunca…. Como sou chefe de quadrilha?Não tinha relação estreita com ele. Não tenho nada a esconder”, declarou e chorou.
José Melo disse que no governo se esforçou para fazer cortes de gastos e manter recursos públicos e com isso perdeu pontos na avaliação pública.
“Não fiz nada errado no meu governo. No meu governo, a única coisa que fiz foi zelar pelo bem público. Sai de 72% para 5% de aprovação. Perdi todo meu capital político para organizar o governo. Eu sou inocente. Não quero agredir. Estou dizendo como me sinto”, declarou.
Melo afirmou que nas reuniões sobre cortes e economia ficou sabendo dos contratos com altos valores de Mouhamad com o Estado. Mas negou que tenha o favorecido ou recebido propina dele.