Pela primeira vez, durante crise, Wilson não aparece só

Wilson Lima, Josué Neto e Alessandra Campelo. Foto: Reprodução de live do Governo do Estado no Facebook.

✔ Na primeira fala à mídia desde o início de mais uma crise em cinco meses de governo, o governador Wilson Lima (PSC), apareceu prestigiado pela presença de deputados estaduais. Pelo menos quatro estavam ao lado dele na coletiva desta terça-feira, dia 28: o presidente e a vice-presidente da ALE-AM, Josué Neto (PSD) e Alessandra Campelo (MDB), Roberto Cidade (PV) e Fausto Júnior (PV).

✔ Wilson Lima não tem base aliada definida na ALE-AM, sequer líder de governo há mais de dois meses.

✔Quando chamou a imprensa para avaliar os cem primeiros dia de governo e durante a crise na Educação, Wilson Lima falou só ao lado de membros do seu governo e passou imagem de isolamento. A coletiva desta terça-feira ocorreu após reunião do governador com representante de todos os poderes e do MPE (Ministério Público do Estado) e Defensoria Pública.

✔ Também estava ao lado do governador, na coletiva, o presidente da OAB-AM, Marco Aurélio Choy.

✔ Na fala aos jornalistas, o governador não fez menção ou sinalização à presença destas pessoas.  Deputados ouvidos pela coluna, ao serem questionados sobre o fato, responderam que não estranham a forma como o governador ignora estes gestos. Pela inexperiência política do chefe do executivo, dizem não dar peso ao que poderia ser considerado uma “descortesia”. Informaram que Wilson pareceu mais aberto a ouvir neste momento.  

✔ A fala do governador Wilson Lima em Manaus ao lado de membros do governo e de outros poderes dá um tom diferente às informações e caracteriza o exercício da autoridade de quem está à frente do Governo do Estado. São ritos necessários especialmente em momentos de crise, ainda que venham com atraso. A coletiva ocorreu cerca de 52 horas após a chacina do Compaj no domingo.

✔ A ausência do governador no dia seguinte, quando a crise se agravou, e o silêncio oficial dele nesta e em outras ocasiões neste início de mandato foram criticadas por aliados e adversários.

✔ O governador destacou, na entrevista, o que considera pontos positivos nesta primeira crise que sua gestão enfrenta num setor problemático e tenso há anos no Estado, reflexo do que ocorre em todo País: a rapidez da atuação do sistema de contenção no Compaj no domingo, a ausência de armas dentro das unidades (em 2017, os presos mataram até com arma de fogo), o fim do contrato com empresa Umanizzare e a transferência dos mandantes dos homicídios.

✔ As declarações do governador Wilson Lima repercutiram entre funcionários públicos, juristas e membros do governo e do judiciário. Há estranhamento na ausência de identificação de indícios de que uma nova tragédia poderia se repetir neste domingo, dia 26, nas unidades prisionais em Manaus, seguida de uma rapidez para apontar os mandantes. A dúvida é se a resposta rápida atenderá com eficiência as soluções que o caso precisa ou apenas funcionará como uma medida imediata para minimizar a repercussão negativa do episódio na mídia. Wilson Lima anunciou a transferência de 29 detentos para prisões federais.

✔ A tragédia deste final de semana em Manaus força um comparativo na forma como o Governo Federal e o Judiciário reagiram neste episódio e em janeiro de 2017, quando o governador era José Melo, o presidente da República, Michel Temer (MDB) e a presidente do STF e CNJ, Carmen Lúcia.

✔ Em 2017, o então ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, a ministra Carmen Lúcia vieram a Manaus apurar de perto o que ocorreu e articular formas de apoio ao Governo do Estado. O episódio teve repercussão em outras cadeias do País, que registraram outros assassinatos.

✔ A comparação também deixa um questionamento que requer urgência na resposta: o que foi feito e o que não foi feito nos dois anos e meio de intervalo entre as duas matanças de pessoas dentro de estruturas mantidas e gerida pelo Estado ?

Foto: Reprodução de live do Governo do Estado no Facebook.

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