PF planejou pedir prisão de Eduardo Braga e outros senadores, diz O Globo

Foto: Eduardo Braga - Divulgação

A PF (Polícia Federal) planejou pedir a prisão do senador e líder do MDB no Senado, Eduardo Braga (MDB) e outros parlamentares numa operação deflagrada nesta terça-feira, dia 5, em investigação decorrente da Operação Lava-Jato. A informação está publicada no site de O Globo e é assinada pelo jornalista Jailton de Carvalho.

Nesta mesma ação, a PF pediu a prisão da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), do ex-ministro da Economia, Guido Mantega, e do ex-presidente do Senado, Eunício Oliveira.

A PGR (Procuradoria Geral da República) deu parecer contrário aos pedidos de prisão da PF e o ministro relator do caso no STF (Supremo Tribunal Federal), Edson Fachin, negou os pedidos.

De acordo com a matéria de O Globo, o pedido de prisão para Braga e outros senadores também foi avaliado pela PF. Mas que isso não ocorreu em função das prerrogativas do mandato de Braga, Renan Calheiros e Jader Barbalho.

“A Polícia Federal também planejava pedir a prisão dos senadores do PMDB Renan Calheiros (AL), Eduardo Braga (AM) e Jader Barbalho (PA). O delegado Bernardo Vidalli Amaral, que está à frente do inquérito, escreveu que só não pediu a prisão dos senadores porque a Constituição “veda, em regra, prisão cautelar de parlamentares no exercício do mandato””, afirma trecho da matéria de O GLOBO.

A investigação, que atingiu Braga com uma notificação para prestar depoimento, é relacionada à delação premiada do ex-diretor de Relações Institucionais da J&F, Ricardo Saud. O grupo controla a JBS. Ele acusa senadores de terem recebido propina para manter apoio à reeleição da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).

Braga é acusado de receber propina de R$ 6 milhões e nega acusação.

Ainda segundo a matéria, a PF sustenta que “existem fundadas razões a respeito da autoria ou participação dos investigados numa associação criminosa”. O Globo reproduz trecho dos pedidos do delegado Bernardo Vidalli Amaral encaminhados ao STF relacionada à operação de ontem:

“Existem fundadas razões a respeito da autoria ou participação dos investigados numa associação criminosa (art. 288 do CP), composta pela ex-presidente Dilma Vana Rousseff, o ex-ministro da Fazenda  Guido Mantega e os seguintes senadores do PMDB, Carlos Eduardo de Sousa Braga, Vitalo do Rego Filho, Euncío Lopes de Oliveira, Valdir Raupp de Matos, Jader Fontenelle Barbalho e José Renan Vasconcelos Calheiros em virtude da “compra e venda” do apoio político do PMDB em benefício do PT, nas eleições presidências de 2014″  

O delator disse que PT e MDB agiram por meio da JBS para evitar que senadores do MDB abandonasse a campanha de Dilma e apoiassem a candidatura de Aécio Neves (PSDB), nas Eleições de 2014.

Saud afirmou à PF que o apoio dos senadores Eduardo Braga, Eunício Oliveira, Jader Barbalho, Vital Rego e Renan Calheiros foi comprado por meio de pagamento de propina.

Outro lado

Em nota, assinada por seus advogados, Eduardo Braga esclareceu que foi notificado a prestar esclarecimentos no inquérito e chamou de sensacionalista a cobertura midiática sobre o assunto.

De acordo com a revista Veja, Braga também chamou de abusiva a operação da PF em função do horário que os policiais entregaram a notificação em sua casa.

“Eu acho que, para que eu fosse notificado de um agendamento de oitiva, não precisava ser às 7 horas da manhã, podia ser a qualquer momento. Eu tenho local certo e conhecido, não só em Brasília, como no meu Estado”, disse o senador, segundo Veja.

Braga disse ainda que este é um abuso que precisa ser evitado. “Não sou daqueles que respondem de forma desequilibrada, mas creio que este é um dos abusos que nós precisamos evitar no Brasil.”

O blog procurou a assessoria de comunicação de Eduardo Braga, que disse que não iria comentar o assunto e que o senador já se posicionou sobre a operação.

Veja a nota divulgada pela assessoria de Eduardo Braga:

O senador Eduardo Braga recebeu esta manhã uma solicitação do Delegado Bernardo Amaral para prestar esclarecimentos no inquérito 4707 (STF). Já estabeleceu contato para ajustar a data. O senador sempre se colocou à disposição para colaborar com qualquer investigação. A cobertura midiática de hoje, talvez por sensacionalismo, talvez por desinformação, menciona fato que simplesmente não existiu, na medida em que nenhuma medida de busca e apreensão foi realizada na residência ou em qualquer outro endereço do senador Eduardo Braga.

José Alberto Simonetti e Fabiano Silveira, advogados

Veja o vídeo em que Saud cita o senador Eduardo na delação que fez à PF, divulgado pelo site Amazonas Atual em 2017:

Foto: Eduardo Braga – Divulgação