Prefeito dá versão de crime em defesa do enteado e pede ponto final nas suspeitas

Poucas horas após a repercussão do assassinato de Flávio Rodrigues dos Santos, 42, que antes de ser morto estava em companhia do filho da primeira-dama do município, Elizabeth Valeiko, o prefeito de Manaus, Arthur Neto (PSDB), usou as redes sociais para se manifestar sobre o assunto.

O prefeito de Manaus, além de dar sua versão na rede social sobre o crime que começou a ser investigado pela Polícia Civil, pede um ponto final das suspeitas levantadas a respeito do enteado, Alejandro Valeiko.

Arthur Virgílio afirma que as “mentiras” e “tentativa de escândalo” com o as informações veiculadas sobre o assassinato de Flávio, na verdade, tem como objetivo atingir a imagem dele por ser um bom gestor e nome respeitado pelo Brasil.

Desta forma, o prefeito de Manaus puxou para agenda política um crime que deve ser de competência da Polícia Civil e apresenta depoimento sobre uma versão do homicídio de Flávio, recheado de detalhes incomuns em relação aos assassinatos e ações relacionadas ao tráfico de drogas em Manaus.

“Era a mim que queriam atingir. Talvez por ter organizado as finanças e a previdência de Manaus. Por não se conformarem com tantas obras transformadoras que varrem a cidade inteira. Por não aceitarem o respeito que o Brasil me dedica e que é o meu orgulho”.

Versão 1

Flávio, segundo a versão apresentada por um homem identificado como José Edvandro Martins de Souza Júnior no boletim de ocorrência registrado no 19º Distrito de Polícia, na Ponta Negra, estava na companhia dele e de outros três homens no domingo, dia 29, no Condomínio Passaredo, Ponta Negra. Entre os quais, o filho da primeira-dama, Alejandro Molina Valeiko.

A mídia que publicou informação sobre o assunto informa que a casa do Condomínio Passaredo é da primeira-dama.

Edvandro Souza contou à polícia que a casa de Alejandro, que fica num condomínio fechado e de pessoas com alto poder aquisitivo, foi invadida por um homem encapuzado e armado com pistola.

Ele conta que o homem armado com pistola atingiu Alejandro com uma “coronhada”, um segundo amigo, Elielton Magno com uma “arma branca” e levou Flávio do local. O corpo de Flávio foi encontrado em um terreno no Tarumã, segundo a polícia civil, com marcas de seis facadas: duas nas costas, duas na barriga e duas na perna.

Segundo a SSP, o caso ainda está sob investigação e depende do resultado das perícias que serão realizadas na casa de Alejandro, no local onde Flávio foi encontrado e do laudo no corpo dele.

No B.O, não há informação mais clara a respeito da invasão e nem do que foi feito depois da versão de que Flávio foi levado do local pelo homem encapuzado e armado de pistola que usou arma branca para ferir as suas vítimas. O autor do B.O. diz que, no momento da invasão, se escondeu no banheiro e não viu nada.

O B.O. informa sobre os feridos: foram levados ao 28 de agosto.

Prefeito acrescenta informações sobre o crime

Na postagem desta terça-feira, dia 1, o prefeito de Manaus acrescenta detalhes à versão de Edvandro Martins de Souza Júnior sobre o crime e a participação de mais um homem encapuzado na invasão ao local:

“A casa de Alejandro foi invadida na noite do último domingo. Dois homens encapuzados, “cobrando” dinheiro a um dos presentes. Um dos meninos se trancou no banheiro e Alejandro recebeu golpe de coronha que lhe abriu a cabeça. Levaram o que queriam: o rapaz Flavio, a quem “cobravam” pagamento pelo trabalho maldito que leva pessoas à perdição (…) Sequestraram e assassinaram Flavio”, afirma o prefeito de Manaus.

Na sua postagem, Arthur Neto avança para a defesa do enteado que passou a ser tratado como suspeito no episódio em postagens em redes sociais na noite anterior.

Arthur diz que o enteado é vítima do episódio e do vício em drogas ilícitas e pede ponto final nas versões que levantam suspeitas sobre Alejandro e que tem feio sofrer a primeira-dama Elizabeth Valeiko .

“Botemos um ponto final: Alejandro estava recebendo amigos. Teria cabimento que sumisse por segundos e voltasse de capuz, armado (ele nunca usou nem canivete) e sequestrasse Flavio? Sim, porque o assassino desse pobre rapaz o sequestrou e, para fazer isso, teve de abrir a cabeça de Alejandro com uma coronhada. E porque Alejandro ficou parte da madrugada cercado por nós, que depois o transferimos para outro lugar, com receio de que a solidão atraísse os bandidos de novo”.

Na postagem, Arthur informa mais um detalhe importante sobre uma das testemunhas do que aconteceu com Flávio antes de ser assassinado: o enteado de Arthur foi internado numa clínica de dependentes químicos horas após o crime. Não há informação se Alejandro deixou a cidade.

“Sejamos claros: Alejandro é doente. Padece de um vício que não o abandona. Mas jamais foi ou será um assassino. Bem ao contrário, é vítima de gente que mata e sequestra sem remorso, movida por dinheiro imundo”, afirma o prefeito de Manaus.

Na postagem, que o prefeito diz ter escrito de madrugada, ele descreve ainda a dor de mãe de Elisabeth Valeiko por enfrentar o drama do filho e considera que o mesmo é vítima do vício e do tráfico de drogas. Compara a mulher e o enteado com mães e filhos que passam por situações que o tucano considera semelhante em relação ao tráfico e vício:

“É triste para mim vê-la na sala ou no quarto, calada, triste, chorando, por não poder acarinhar seu menino querido (…) Manaus está cheia de Alejandros. E de monstros que os exploram impunemente. Sociedade injusta”.

Investigação

O blog apurou com a polícia civil que o caso deve ser transferido do 19º DIP para a Delegacia de Homicídios. A polícia estranha alguns detalhes do caso na hipótese da versão apresentada no B.O e pelo prefeito de Manaus serem verdadeiras. Uma é a própria invasão ao condomínio de luxo sem se tenha notícia, até o momento, de reação no momento e nas horas seguintes a este ato.

O outro detalhe que chama atenção da polícia é o “modus operandi” de uma morte por dívida de tráfico, como argumenta Arthur Neto. Os registros na cidade de Manaus são de execução com arma de fogo e esquartejamento.

Flavio, embora a versão apresentada até agora é de que a casa foi invadida por um homem – ou dois – armado com pistola, o traficante teria usado arma branca para atingir suas vítimas.

Veja o que diz o B.O. do 19º Dip que o blog teve acesso:

“José Edvandro Martins Junior compareceu nesta distrital para informar que estava na residência do sr. Alejandro no condomínio passaredo com mais três amigos, quando um veículo, não identificado parou na garagem e do veículo desceu um homem encapuzado e armado com pistola, neste momento José Júnior correu e trancou-se no banheiro de um dos cômodos. algum tempo depois saiu do banheiro e soube que Alejandro tinha sido atingido por uma coronhada, magno foi vítima de arma branca – atingido nas costas e Flávio havia sido levado pelos criminosos. até o momento ninguém soube informar os dados do veículo utilizado no momento do crime e não há suspeitos. Obs: os feridos foram levados ao hospital 28 de agosto”.

Veja a postagem do prefeito na íntegra neste link.