
As declarações na coletiva desta terça-feira, dia 4, na ALE-AM (Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas) colocaram para frente das cortinas e em evidência o conflito entre o presidente do legislativo, Josué Neto (PSD), e o vice-governador, Carlos Almeida Filho (PRTB).
Um dado importante que sai das falas destes três homens públicos, na coletiva desta terça-feira, é que o presidente do poder legislativo se nega a tratar do governo com o vice-governador e direciona sua visão de exercício do poder ao governador Wilson Lima, eleito para a chefia do Executivo em 2018.
Um vice como nunca se viu
Ao longo de 2019, a dinâmica das relações concentrou, no campo político e institucional, o exercício do poder na órbita do vice-governador, Carlos Almeida Filho, como nunca se viu na história do Amazonas. Com o tempo, os “players” – termo usado pelo vice – se acomodaram com esta característica do novo governo.
Jogo
A zona de conflito, entre Josué e Carlos, era conhecida nos bastidores há meses e sinalizada por vezes pelos dois. No entanto, tratada no campo público como se o problema estivesse entre o presidente da ALE-AM, Josué Neto, e o Governo Wilson Lima.
Na formação da mesa, Josué Neto cumprimentou Wilson Lima com um abraço mais prolongado. Já para o vice, o presidente da assembleia sequer levantou da cadeira.

“Sem atravessadores”
Na coletiva, governador e presidente do legislativo afirmaram ter bom relacionamento. Josué Neto disse que o que havia, além disso, era uma “rede de intrigas e traições”, que tendia a desaparecer em função de que não iria mais permitir “atravessadores” na relação com Wilson Lima.
“Existe uma grande rede de intrigas, de armações e traições e existe uma tendência de isso extinguir. até porque não teremos mais nenhum tipo de atravessadores nos nossos diálogos”, declarou.
“Lei delegada prejudicou deputados e foi parte de pacote de intrigas”
Questionado sobre como diferenciar a relação com o governador e com o vice-governador e se Carlos Almeida tumultuava a relação dos dois poderes, Josué Neto respondeu: “Existe uma relação e uma não relação”.
O presidente também foi questionado se a Lei Delegada manchou a imagem dos deputados e respondeu: “Faz parte daquele movimento de traições e intrigas. Prejudicou, sim. Mas a culpa não foi do governador”.
Impeachment
O pedido de impeachment foi outro questionamento direcionado a Josué Neto, que disse que o mesmo está sendo tratado de forma técnica e será dado o resultado em breve.
Um dado interessante é que, durante a coletiva, Wilson Lima tinha do lado direito Josué Neto e do outro lado Carlos Almeida.
Quando o governado terminou de responder às perguntas dos jornalistas, a coletiva foi dada por encerrada e todos se retiravam da sala quando os repórteres pediram para o presidente da ALE-AM responder a algumas perguntas.
O governador fez um gesto de gentileza e retornou também ao púlpito para acompanhar as respostas do chefe do legislativo. O ato espontâneo é um dado da personalidade mais pacífica de Wilson e do clima da relação entre Josué e o chefe do Executivo.
“Situações claras, outras não”
Parte dos jornalistas abordaram no corredor o vice-governador Carlos Almeida que comentou as declarações do presidente da ALE-AM. Com menos tempo de vivência política e diante dos holofotes do embate, Carlos preferiu recuar ao “sparring” com o presidente da ALE-AM naquele momento.
O vice disse que a relação entre os poderes tem que ser madura e que “algumas pessoas compreendem isso de forma institucional e outras não”. “Estou junto do governador para que efetivamente possamos realizar políticas públicas. Isso exige que certas situações sejam colocadas de forma clara, outras não”.
Carlos Almeida disse que 2019 foi um ano extremamente difícil e que havia pessoas que não suportavam os dissabores. “Foi um ano extremamente difícil. Há gente que consegue aguentar os dissabores que vêm pela frente e há pessoas que não conseguem aguentar. Na medida do que foi demonstrado, atos falam mais que outras palavras”, disse.