
O presidente da ALE-AM (Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas), Josué Neto (sem partido), declarou que, na opinião dele, não há riscos à democracia e ao parlamento nas posturas adotadas pelo presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), e pelos aliados dele nos últimos dias.
O episódio mais recente se refere a um compartilhamento no WhatsApp, confirmado pelo presidente, com contatos pessoais dele de um vídeo que convoca para uma manifestação no dia 15 de março em apoio a seu governo e contra o Congresso Nacional. Bolsonaro classificou a repercussão do assunto como “ilação fora de contexto” e “tentativas rasteiras de tumultuar a República”.
“Entendo que não haja riscos para a democracia. É sim o fortalecimento da democracia. A maioria das vezes que o povo vai pra rua é uma forma de pressão à classe política. O povo na rua é democracia. Não há nada mais democrático em uma sociedade do que o povo na rua manifestando sua vontade”, declarou o presidente da ALE-AM, em resposta ao blog.
Postagem de Josué Neto, nas redes sociais:

A informação sobre o compartilhamento do presidente de um vídeo que convoca para atos contra o Congresso Nacional veio em meio a uma série de outros conflitos concatenados da semana que precedeu o Carnaval.
Os conflitos foram: novos confrontos com a imprensa e figuras do Congresso Nacional, como o episódio sobre o trabalho da jornalista Patrícia Campos Melo; as declarações do ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, sobre os parlamentares do Congresso em meio às discussões sobre o orçamento impositivo; o discurso diante da greve de policiais no Ceará e o tiro contra o senador Cid Gomes (PDT).
O episódio do vídeo compartilhado por Bolsonaro fez lideranças respeitadas de partidos de esquerda e de direita e membros do STF (Supremo Tribunal Federal) reagirem com críticas ao presidente e a defesa da democracia. Entre os quais, os ex-presidentes Lula (LT), Fernando Henrique Cardoso e o ministro do STF Celso de Melo.
O presidente da ALE-AM, Josué Neto, reforça o entendimento e o discurso que outros bolsonaristas adotaram na repercussão do caso, nacionalmente.
“A narrativa criada por parte da imprensa e da maioria dos políticos, não reflete a oficialidade do ato. A oficialidade é manifesto a favor das reformas do governo, a favor do governo e contra o novo aumento dos recursos das emendas impositivas. São valores altos que representam uma porcentagem significativa do orçamento”, declarou Josué Neto.
O presidente da ALE-AM afirma que o próprio presidente afirmou que não autorizou vazar vídeo e que o compartilhou de forma exclusivamente pessoal.
Para Josué, a base democrática do País torna improvável repressões violentas contra manifestações populares, atos comuns em regimes autoritários.
“Em países de regimes autoritários, quando o povo vai pra rua se manifestar, acontecem repressões violentas. Improvável que isso aconteça no Brasil, atualmente. Até mesmo nas manifestações Lula Livre, manifestações populares de apoio ao PT para pressionar a classe jurídica, não houve repressões violentas”, disse.
Para o presidente da ALE-AM e um dos líderes da criação do partido de Bolsonaro Aliança pelo Brasil no Amazonas, o cenário atual de estímulo a essa discussão “só amenta o sentimento de extremismo”.
“Pelo meu entender, isso não faz bem ao povo. O que faz bem ao povo são as medidas do Governo Federal. Diminuiu o desemprego em todo o Brasil, recompôs financeiramente a Petrobras e de forma regional, aumentou a capacidade produtiva e econômica do nosso modelo ZFM”, declarou.
Embora sem partido, neste momento, Josué Neto figura como pré-candidato a prefeito de Manaus.
Reações da bancada do AM
O episódio repercutiu entre outros parlamentares do Amazonas. O senador Eduardo Braga (MDB) declarou que cabe ao Congresso “fiscalizar e controlar os atos do Executivo, coibindo eventuais abusos”.
O deputado federal José Ricardo (PT) emitiu nota considerando “muito grave” a atitude do presidente da República em convocar a sociedade num ato público contra os poderes judiciário e legislativo. “É um atentado à democracia e ao funcionamento das instituições pública”.
Num ponto político do outro extremo ao que se posiciona o presidente da ALE-AM, José Ricardo e Eduardo Braga adotam discursos que os colocam em destaque entre os que questionam os atos de Bolsonaro, inclusive os considerados nocivos ao Amazonas. Os três podem capitalizar simpatia e antipatia de segmentos.
O deputado federal Capitão Alberto Neto (Republicanos) enviou mensagem ao blog afirmando que “o povo tem direto de se manifestar por não estar satisfeito com o Congresso”.
O deputado federal Marcelo Ramos chamou o episódio de “arroubos autoritários do presidente e da sua base”. Ramos defendeu, em sua conta no Twitter, que o presidente precisa ser chamado à responsabilidade institucional do cargo.
“A Câmara e o Senado devem deixar claro que não temem esses . A resposta à quebra da institucionalidade deve ser dada dentro da institucionalidade”, declarou Marcelo.
Os deputados federais Delegado Pablo (PSL), Bosco Saraiva (Solidariedade), Átila Lins (PP) e Silas Câmara (Republicanos) não manifestaram suas opiniões sobre o caso nas redes sociais e em notas à imprensa. O senador Omar Aziz também não se manifestou sobre o assunto.
Em entrevista ao site BNC, Pablo disse que o compartilhamento foi ação de cunho pessoal e que isso não significa estímulo do presidente à manifestação do dia 15.
Sidney Leite emitiu nota e disse que fragilizar as instituições não contribui em nada.
“Piora a situação de um país que está com dificuldade no processo de desenvolvimento econômico, em que milhões de brasileiros estão desempregados e precisando de recursos para investimentos necessários para a infraestrutura, para a comunicação, para o saneamento, moradias, emprego e renda, educação e, principalmente, combater a desigualdade, que está muito grande em nosso país”, declarou.
Foto: Josué Neto / Divulgação