PT nacional adia análise de recurso contra candidatura de Sinésio e prolonga agonia de Zé Ricardo

A pauta da Executiva Nacional do PT desta segunda-feira, dia 8, frustrou as expectativas dos aliados do deputado federal José Ricardo (PT). Esperava-se a análise do recurso contra a decisão do diretório municipal que escolheu o deputado estadual Sinésio Campos (PT) como pré-candidato do PT à Prefeitura de Manaus e preteriu o “Homem da Kombi”.

O pedido dos aliados de José Ricardo, que perdeu no voto a vaga de pré-candidato, é para que a decisão do diretório seja invalidada e que a Executiva Nacional faça a escolha.

E pelo nome dele, considerando que no ano passado a coordenação eleitoral nacional do partido tratava Manaus como uma das prioridades para lançar candidatura própria em função dos 11% que José Ricardo demonstrava nas pesquisas de intenção de votos. O deputado federal, na verdade, é o nome da esquerda com melhor condições de disputar as eleições municipais em Manaus até agora.

Desgastes

Esse adiamento coloca o deputado federal José Ricardo em condição semelhante a nomes do PT em outras capitais que se animaram para a disputa, mas se viram sufocados por nomes com mais votos internos.

Aliados e adversários internos de José Ricardo contam os obstáculos internos como desgaste no nome do deputado federal na disputa eleitoral. O grupo de José Ricardo queria que PT decidisse por ele o quanto antes, mas não conseguiu adesão de grupos liderados por Sinésio Campos, Valdemir Santana e o vereador Sassá.

São Paulo

Em São Paulo, por uma diferença de 15 votos, o ex-ministro da Saúde e deputado federal Alexandre Padilha foi preterido.

O escolhido foi Jilmar Tatoo, cujo grupo tem maioria de delegados na capital paulistas, mas é avaliado como nome de baixa capacidade de votos nas urnas. De acordo com dados do jornal Estado de São Paulo, Jilmar disputou uma única eleição majoritária para o Senado e ficou em 7º lugar com 6% dos votos. 

Salvador

Em Salvador, a ativista de movimentos de esquerda e negros Vilma Reis, que vinha empolgando a militância, viu o sonho de ser a candidata do partido nas eleições municipais naufragar com a escola da major da PM Denice Santiago, recém filiada à sigla pelo padrinho de peso, o governador da Bahia, Rui Costa.

Fake news

Para se ter ideia do grau de tensão entre José Ricardo e as demais tendências, os aliados de Sinésio Campos encaminharam à Executiva Nacional prints de ataques que ele e o presidente municipal do PT, Valdemir Santana, estão sofrendo em redes sociais. Atribuem a origem aos aliados de José Ricardo.

Ele avaliam que o PT não pode permitir que Manaus siga na contramão de bandeiras nacionais do PT: combate a fakenews e projetos políticos antidemocráticos. A última questão encontra argumentos na tentativa de invalidar decisão feita no voto.

Individualismo

Questionados sobre a possibilidade de diálogo e união entre as tendências para priorizar um projeto de esquerda, aliados de Valdemir Santana e Sinésio têm respondido que esta estratégia esbarra em dois problemas de José Ricardo. Um é que, na opinião deles, José Ricardo não tem projeto coletivo para o PT, apenas individual para o nome dele.

Argumentam como exemplo candidatos a vereadores e deputados estaduais que caminharam com José Ricardo em 2016 e 2018, que não conseguiram se eleger. Nos dois pleitos, José Ricardo teve expressivas votações em Manaus, mas não teria conseguido transferir votos.

Sem interlocutor

O outro problema, segundo estes aliados de Santana e Sinésio, reside nos interlocutores de José Ricardo dentro do PT. São avaliados como incapazes de fazer conversão política. Para eles, só sabem atacar as lideranças das outras tendências.

José Ricardo

“Deixaram para o Diretório Nacional fazer a apreciação. Está marcado para o dia 15. Vou aguardar. Estou acompanhando. É um processo que existe sobre a definição das capitais”, declarou o deputado José Ricardo.

Valdemir Santana

“Manaus não estava na pauta (da Executiva Nacional). Quem disse isso é mentiroso. A direção nacional pede a defesa e eu como presidente do diretório municipal já fiz a defesa e mandei para lá. Em Manaus, foi feito tudo corretamente como manda o figurino. Comunicamos a direção nacional, que permitiu que nós fizéssemos nosso encontro aqui. Se fosse direto lá, a direção nacional não tinha deixado a gente fazer aqui”.

Santana acrescentou que o regulamento da reunião que escolheu Sinésio Campos como pré-candidato do PT, contestada pelos aliados de José Ricardo, foi aprovado por todos os membros do diretório municipal.

“O processo do diretório municipal está ok. Está tudo conforme o regimento do meu partido, o PT. Se querem entrar com recurso para fazer posição política, é diferente. Mas eu acredito que meu partido é democrático. Queremos eleição até para diretor de escola. Não queremos imposição nenhuma. Quem faz isso é o Bolsonaro”, declarou.

Santana afirmou que a escolha de Sinésio foi acompanhada presencialmente por três membros da direção nacional. “Se tivesse algo irregular, teriam falado na hora”.