“Quais autoridades eu dei pressão em algum sentido?”, diz Lino ao questionar investigação da PF

Foto: Lino Chíxaro. Estado Político

O advogado e ex-deputado estadual Lino Chíxaro compareceu, nesta quarta-feira, dia 25, à Justiça Federal para ser ouvido no interrogatório do processo que apura vazamento de informação da PF (Polícia Federal) antes da deflagração da Operação Cash Back, 4ª fase da Manaus Caminhos.

Tanto na chegada quanto na saída da audiência falou com os jornalista. Sem exaltação nas declarações, Lino Chíxaro questionou a falta de provas nas investigações da PF (Polícia Federal) contra ele e diz que o discurso construído na acusação não é amparado pelas provas.

Para a PF, segundo relatório da Vertex, Lino Chíxaro “atuava como verdadeiro membro da organização criminosa, sendo um dos principais responsáveis por atuar politicamente para a permanência do esquema criminoso”.

“Quais as autoridades que eu estive para dar pressão em algum sentido? Também não aparecem as autoridades. Vocês como jornalistas precisam entender o seguinte: nesta nossa área, como na área de vocês, dizer uma coisa não significa provar a coisa. A polícia dar por demonstrado aquilo que ela – polícia – deveria demonstrar. Muitas vezes trata-se apenas de discurso e não de demonstração de fato”, declarou.

Tráfico de influência

Na Cashback e na Vertex, Lino Chíxaro é apontado pela PF como suspeito de agir com tráfico de influência, inclusive junto a órgãos estaduais, para evitar investigações sobre possíveis irregularidades no instituto.

“Em 2014, época em que o esquema criminoso não tinha sequer completado um ano, o Ministério Público do Tribunal de Contas do Estado do Amazonas questionou (Representação nº.106/2014) no TCE os aspectos legais a respeito dos critérios de seleção e de qualificação da organização social Instituto Novos Caminhos para o contrato de gestão, porém o TCE –AM, por unanimidade, decidiu-se pela improcedência da representação”, informa o relatório de investigação da Vertex.

A PF acrescenta que uma investigação também foi iniciada pelo MP-AM (Ministério Público do Estado do Amazonas) e chegou a preocupar o médico Mouhamad Mustafa, que foi tranquilizado por um advogado e ex-deputado estadual Lino Chíxaro: “Ok. Isso dá pra resolver”.

Sobre este episódio, Lino Chíxaro respondeu, nesta quarta-feira, dia 25, à reportagem:

“Quando um cliente liga e diz que está com esse problema. Primeira coisa que eu digo: “olha, acho que isso é possível resolver. Mas, primeiro, que isso é uma conversa. Segundo, que alguns advogados existem para resolver assuntos. Aí a questão é saber se resolve legal ou ilegalmente. A polícia entende que pode ter sido ilegalmente, mas não demonstra como foi feito. Esse é o grande problema. No processo judicial, você tem oportunidade de esclarecer e apresentar seus argumentos, fatos e modificar o discurso construído”, afirmou Chíxaro.

O ex-presidente da Cigás disse que sua experiência profissional o deixa tranquilo em relação a cada fase do processo, embora considere que a vivência da questão é algo “complexo”

“Não deixa de ser um assunto complexo que você precisa enfrentar. Faz parte da vida. Acho que o mais importante é você ter a oportunidade de apresentar seus argumentos. Isso vai acontecer normalmente no processo. Já advogo há 35 anos. Então, tenho mais ou menos noção de como é isso. As vezes uma opinião é formada na polícia, o Ministério Público encampa esta opinião e depois na justiça se esclarece. E aquela opinião que estava petrificada, modifica”, disse.

O advogado disse que está tranquilo em relação à sua defesa. “Tudo tranquilo em relação a minha conduta. Estou confiante, claro”, declarou.

Maus Caminhos

A Maus Caminhos investiga e denuncia um esquema de desvio de recursos públicos da saúde do Amazonas a parir do INC (Instituto Novos Caminhos), presidido pelo médico Mouhamad Mustafa, que já tem condenações na justiça federal.

As diferentes fases da Maus Caminhos prenderam empresários, secretários de Estado, o ex-governador José Melo e, na última fase, atingiu o senador Omar Aziz (PSD) e seus familiares.

Lino Chíxaro foi preso na Operação Cashback e sofreu busca e apreensão na Operação Vertex. Na audiência de ontem, foi interrogado sobre a suspeita de ter tido acesso a informações privilegiadas. O advogado negou.

Foto: Estado Político

Foto: Lino Chíxaro. Estado Político