
A 4ª Marcha dos Povos Indígenas do Amazonas levou à Secretaria de Estado de Educação (Seduc) duas demandas, durante as manifestações em Manaus: criação de uma secretaria adjunta indígena e a construção de escolas indígenas para atender locais em que as unidades funcionam de maneira precária atualmente.
Uma das diretoras do Foreeia (Fórum de Educação Escolar e Saúde Indígena do Amazonas) Alva Rosa Tukano informou que 643 escolas indígenas estaduais e municipais funcionam hoje no Amazonas sem estrutura apropriada ao ensino.
A diretora do Foreeia diz que os dados levantados pelos indígenas tem como origem o IBGE e informações fornecidas pela Seduc e secretarias municipais do interior do Amazonas.
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O vice-diretor do Foreeia, Yura Marubo, afirma que muitas escolas estaduais que constam nos números da Seduc como unidades de ensino indígenas atendem às crianças debaixo de árvores nas comunidades por falta de prédios.
Escolas debaixo de árvore
“Há escolas debaixo de um pé de mangueira ou jambo. É um faz de conta”, disse Yura Marubo.
Alva Rosa diz que mais da metade das escolas indígenas funcionam sem adequação ao ensino dos estudantes indígenas.
“São 1.073 escolas indígenas e 643 sem estrutura, então mais de 50% das escolas indígenas estão sem prédios. A maioria está sem prédio, funcionam na casa de caciques, em outros espaços improvisados. São cerca de 70 mil estudantes indígenas no Estado, então, aproximadamente 35 mil estudam sem prédio”, declarou Alva.
Como exemplo, Alva Rosa disse que em São Gabriel da Cachoeira, a 852 quilômetros em linha reta de Manaus, são 231 escolas indígenas, sendo que 145 sem estrutura correta.
No Vale do Javari, no município de Atalaia do Norte, na fronteira do Amazonas com o Peru, das 45 escolas indígenas, 11 não têm prédios, segundo o levantamento do Foreeia.
“Estamos reivindicando a construção de escola. Não só escolas estaduais, as as municipais também. Estamos procurando um jeito do Estado ajudar os municípios a construírem essas escolas”, declarou Cristina Baré, diretora do Foreeia.
Recebidos pelo secretário executivo da Seduc, Luis Fabian Pereira Barbosa, as lideranças dizem que ouviram como resposta o compromisso de que as reivindicações sobre as escolas seriam analisadas.
As escolas indígenas funcionam com ensino intercultural e são de responsabilidade das redes estadual e municipais de ensino. Os professores, pagos pelo governo e pelas prefeituras, são capacitados para atuarem nestas comunidades.
Outro lado
O Governo do Amazonas informou, por meio de nota, que “foi firmado compromisso com as lideranças para início de trabalho de manutenção na estrutura física das escolas indígenas e para providenciar a aprovação do regimento do Conselho de Educação Escolar Indígena (CEI), ainda neste mês de agosto”.
O governo informou, ainda, que, quando assumiu, havia 21 obras de escolas de educação indígenas paradas e que a Seduc constatou que haviam sido devolvidos recursos do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), em gestões passadas, “por ausência de projetos e a discordância de comunidades indígenas em relação a proposta apresentada pelo Governo Federal”.
Foto: Foreeia – Divulgação