Sidney Leite quer saber onde foi parar o dinheiro do setor primário

O deputado federal Sidney Leite (PSD) declarou que vai apresentar um requerimento ao Governo do Estado do Amazonas e à Sepror (Secretaria de Estado de Produção Rural) requisitando informações detalhadas sobre a aplicação do orçamento previsto para o setor primário em 2019.

A declaração é feita um dia após o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), anunciar que investiu em seis meses cerca de R$ 100 milhões no setor e que o valor é maior que tudo que foi investido no ano passado.

“Não sei efetivamente no que o governo gastou. Mas isso só comprova que o governo gasta mal e que não sabe as necessidades do setor primário”, declarou o deputado federal.

De acordo com informações do Portal Transparência do Estado do Amazonas, a dotação inicial prevista para a Sepror em 2019 é de R$ 191, 4 milhões, o autorizado é de R$ 127, 540 milhões e o empenhado é de R$ 53,471 milhões.

Combustível

Sidney Leite criticou a troca de comando nos escritórios do Idam ( Instituto de Desenvolvimento Agropecuário e Florestal Sustentável do Estado do Amazonas) por pessoas “sem qualificação técnica” e o corte no combustível destes locais.

“Tenho uma forte ligação com o setor primário e sei o que está acontecendo. Como o Idam vai cooperar tecnicamente com os produtores rurais e como vai fazer projetos e aproveitar o verão se não teve combustível? Houve cortes e determinação de apenas 30 litros de combustível por mês para cada escritório. Como o técnico chega no produtor que está nos ramais com 30 litros?”.

Em média, os carros de passeio enchem o tanque com 40 litros de combustível.

O deputado federal disse que o Plano Safra do Governo Federal traz uma novidade este ano com a previsão de recursos para construção de casas nas zonas rurais.

“Mas como acessar o recurso, como fazer projetos se os técnicos do Idam tem 30 litros de gasolina por mês?”, questionou.

Indicações políticas no Idam

Sobre a troca de comandos nos escritórios, Sidney criticou as indicações que não seguiram mínimos critérios técnicos para os cargos.

“Dos escritórios locais trocaram mais da metade. E tem escritório que o gerente não pode assinar uma proposta, um laudo porque não é da área. Foi moeda de troca política, o que é lamentável”, declarou.

Sidney Leite disse que pretende apresentar o requerimento nesta quinta-feira, dia 18, para entender como foi gasto o dinheiro do setor primário, cujo orçamento foi ampliado a partir de uma projeto de lei apresentado por ele.

“Em ramal, não foi”

Sidney Leite foi secretário da Sepror no Governo José Melo e é ex-prefeito de Maués.

“Se o escritório não tem nem combustível para fazer visitas, em que gastaram esse dinheiro porque ramal não foi feito. Mecanização agrícola e insumos como calcários também não”, declarou.

Sobre o anúncio de R$ 15 milhões para recuperação de vicinais feito pelo governador nesta quarta-feira, dia 17, durante o lançamento do Plano Safra, Sidney Leite afirmou: “Com R$ 15 milhões ele não recupera nem os ramais do Rio Preto da Eva”.

Diminuição no orçamento

O deputado também criticou o corte no orçamento do ano que vem da Sepror feito pelo Governo Wilson Lima após a conquista dos 3%, que era uma bandeira há anos do setor. O orçamento do setor primário para 2020 deve ser de 2,5%.

“Soube que o representante do governo, no debate sobre o orçamento, defendeu que tinha que diminuir porque a Sepror não conseguia gastar tudo. Mais uma prova que gasta mal e não sabe a realidade do setor”, declarou.

Governo

Durante o lançamento do Plano Safra estadual, o governador Wilson Lima afirmou que o investimento do governo no setor primário em 2019 é de cerca de R$ 250 milhões.

“Tudo isso para ajudar o pequeno produtor, dar assistência técnica, garantindo a linha de financiamento e também ajudando no processo de comercialização”, explicou Wilson Lima.

Além de destacar que, em seis meses, o governo dele investiu mais do que foi gasto no ano anterior, Wilson destacou o retorno do pagamento da subvenção econômica da juta e malva, suspenso há cinco anos. O investimento, segundo o governo, é de cerca de R$ 5 milhões.

O governador também anunciou a distribuição de 40 toneladas de semente para este setor no próximo ano e a volta da realização da Expoagro em 2019, além da construção de um parque para o evento na BR-174.

De acordo com informações do governo,  o “Plano Safra destina cerca de R$ 350 milhões para atender produtores rurais, incluindo agricultores familiares, pescadores, extrativistas e indígenas do Amazonas. Os recursos contemplam ações de estímulo à atividade agropecuária, oferta de assistência técnica e crédito, e apoio à comercialização”.

Foto: Sidney Leite – Divulgação