
O site de jornalismo investigativo Ojo Público publicou reportagem neste domingo, dia 4, denunciando o assassinato do ex-soldado do serviço militar do Exército do Peru e trabalhador de Turismo Antonio Rengifo Vargas, de 20 anos, após ter sido “selvagemente torturado pela polícia do Brasil”. A notícia conta detalhes da chacina em Tabatinga nos dias 12 e 13 de junho. Após o assassinato do sargento da PM-AM (Polícia Militar do Amazonas) Michael Flores da Cruz, sete jovens entre 17 e 27 anos foram mortos, de acordo com matéria investigativa da Folha de São Paulo. Tabatinga fica a 1.106 quilômetros de Manaus.
O site é uma das mais importante agências de notícias da América Latina e publica reportagem sobre agressões aos direitos humanos. A matéria ouve o empresário Antonio Rengifo Baldino, pai de Antonio Rengifo Vargas, um dos jovens que tiveram corpos encontrados no lixão de Tabatinga. O pai volta a sustentar que o filho nunca se envolveu com atividades criminosas, que foi preso ilegalmente pela polícia brasileira, torturado, morto e jogado no lixão da cidade.
Na semana passada o jornal Folha de São Paulo publicou três longas matérias sobre a chacina, ouvindo familiares e testemunhas que relatam uma onda de violência e acusam a polícia pelos assassinatos. Quatro deles confirmados pelo comandante da PM-AM em Tabatinga como resultado da ação policial deflagrada em decorrência da execução do sargento. De acordo com a reportagem da Folha, a ação do grupo em operação da PM-AM na cidade envolveu invasões de casas, torturas e mortes que resultaram em corpos abandonados no lixão da cidade com sinais de extrema violência.
Antonio Rengifo denuncia que, apesar do extremo de violência, a polícia brasileira se nega a investigar o caso, o que o levou a procurar o Consulado da Colômbia, porque o filho tinha dupla nacionalidade (Peru e Colômbia). Na semana passada, a Folha de São Paulo, ao publicar reportagem sobre a chacina em Tabatinga, informou que a polícia de Bogotá estava investigando o caso em função de registros de que a Polícia Militar do Amazonas apontou armas para cidadãos da Colômbia no bairro Porvenir, da cidade colombiana de Leticia.
O pai de uma das vítimas da chacina em Tabatinga afirmou que confia nas autoridades públicas da Colômbia e criticou omissão das autoridades brasileiras, citando o governador do Amazonas, Wilson Lima (PSC), e o presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido), interpretados por ele como incentivadores da violência policial.
“O governador do Amazonas (Jesús Galindo Cedeño, estado da Colômbia) interveio para que o Consulado da Colômbia apoie as intervenções (…) O problema é em Tabatinga, no Brasil, o presidente daquele país [Jair Bolsonaro] e o governador do Amazonas no Brasil [Wilson Lima] apoiam a polícia, já houve três massacres de civis e não há resposta. Acho que eles estão muito envolvidos com esses eventos ”, afirmou o pai do jovem assassinado ao site Ojo Público.
O site informa que o empresário é filho de um indígena tikuna e de uma brasileira, além disso destaca que a chacina foi registrada numa área da Amazônia de tríplice fronteira onde vivem vários povos indígenas, com registros de terem sido afetados por grupos criminosos armados. O pai afirma que depois que a polícia colombiana se manifestar oficialmente sobre o assunto irá procurar o consulado do Peru com o objetivo que a tortura e a morte que o filho de anos passou não fiquem impune,.
Rengifo voltou a afirmar que o laudo da morte do filho foi fraudado no Amazonas porque omitiu os sinais de tortura e que as pessoas que o assinaram não estavam presentes e sim um policial que determinou o que ia constar no mesmo. A delegada da Polícia Civil de Tabatinga, Mary Anne Trovão, cujo nome aparece no laudo, negou presença na hora da perícia por meio da assessoria de comunicação da SSP-AM (Secretaria de Segurança Pública do Estado do Amazonas) ao jornal Folha de São Paulo.
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